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Portugueses estão a ir mais vezes às compras e a gastar mais dinheiro

Segundo o estudo apresentado hoje pela Centromarca, as marcas próprias das cadeias de distribuição estão a ganhar terreno às marcas dos fabricantes.
  • Supermercados
6 Novembro 2019, 14h31

Os portugueses estão a ir mais vezes às compras e a gastar mais dinheiro. Esta é a principal conclusão do estudo ‘Marcas + Consumidores’, relativo aos hábitos de consumo em Portugal no período de doze meses terminado no terceiro trimestre deste ano.

É a primeira vez que ocorrem os dois fenómenos em simultâneo nos últimos quatro anos, conclui ainda este estudo realizado pela Kantar para a Centromarca, que esta manhã (6 de novembro) apresentado em Lisboa.

“Na equação do crescimento do grande consumo verificou-se um recorde de frequência de compra em 2019 [até ao final de setembro], de 46,9 dias. A esta variável, soma-se o aumento do preço médio dos portugueses em compras de mais 3,2%. Ainda assim, a sensação de poupança associada a esses atos de compra é positiva, uma vez que no último ano os portugueses conseguiram poupar 141 euros face aos 126 euros de poupança média registada no ano anterior”, destaca um comunicado da Centromarca.

Em declarações ao Jornal Económico, o presidente da Centromarca, Pedro Pimentel assinalou que “o mercado está ter um comportamento bastante positivo face ao período homólogo”.

“Os portugueses estão a ir mais vezes às compras, gastando praticamente o mesmo em cada ida. Mas, como vão mais vezes, gastam mais no final”, explica este responsável.

Para Pedro Pimentel, “existem muitas promoções nas cadeias de grande distribuição em Portugal, mas são menos profundas, são menos significativas, o diferencial face ao preço corrente dos artigos é menor e, portanto, gasto mais por causa disso”.

Em termos de consumo global, para além da distribuição moderna, o estudo em análise concluiu que os portugueses estão a consumir mais dentro de casa.

“Neste verão, que foi menos quente e que não teve grandes atrativos desportivos ou de outros espetáculos ‘outdoor’, houve mais consumo dentro de casa, menos consumo fora de casa. Outra razão explicativa é o crescendo do fenómeno dos ‘take away’ de refeições, como o Uber Eats ou o Glovo”, adianta Pedro Pimentel.

Outra das tendências de consumo em Portugal passa pelo posicionamento das marcas de fabricantes face às marcas dos distribuidores (marcas brancas ou marcas próprias), com as primeiras a perderem espaço para as segundas.

O ‘efeito Mercadona’ nas marcas próprias

“O objetivo de qualquer marca é colocar da forma mais rentável possível no máximo espaço possível. Na conjuntura atual, as marcas dos distribuidores (MDD) estão a ganhar terreno e marcas de fabricantes estão a ter menos espaço nas prateleiras. Para ganhar espaço nas prateleiras, na cabeça e na carteira dos consumidores, é preciso visibilidade. Para isso, os fabricantes têm de apostar na inovação, o que implica risco. A consequência é que esta aposta nas MDD está a tornar o mercado mais difícil para a inovação”, defende o presidente da Centromarca.

Pedro Pimentel explica este crescimento das marcas dos distribuidores em detrimento das marcas dos fabricantes pelo surgimento de novos ‘players’ no mercado nacional da distribuição, com particular destaque para a Mercadona.

“Esta atenção crescente dada às MDD deve-se à entrada de novos operadores, como a Mercadona, que têm marcas próprias como referencial. Isso obrigou as outras cadeias a reforçar as suas marcas próprias, a serem mais competitivos, a ocuparem mais espaço nas prateleiras e a apostarem mais nas promoções”, esclarece este responsável.

Segundo o estudo apresentado hoje, enquanto o gasto por cada compra cresceu 2,9% face ao homólogo no caso de produtos de grande consumo (FMCG – Fast Moving Consumer Goods) de marcas próprias dos distribuidores, no caso das marcas de fabricantes, o crescimento dos gastos por cada compra no mesmo período foi de apenas 0,1%.

Em relação ao comércio eletrónico, Pedro Pimentel considera que ainda se encontra em níveis muito baixos em Portugal, mas acredita que haverá um ‘boom’ neste segmento, apenas não se sabendo quando ele vai ocorrer.

“Se verificarem em todos os ‘sites’ das cadeias de distribuição presentes em Portugal, as primeiras páginas são todas ocupadas com marcas próprias. Há um encaminhar, quase um convite para as  pessoas escolherem um determinado tipo de produtos”, observa o presidente da Centromarca.

A Centromarca – Associação Portuguesa de Empresas de Produtos de Marca reúne 51 associados que detêm mais de 1.100 marcas, as quais, em conjunto, representam um volume de vendas anual da ordem dos 6.500 milhões de euros, empregando mais de 25 mil pessoas.

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