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PGR de Portugal e de Angola já estão reunidos com Luanda Leaks em cima da mesa

A reunião tem lugar um dia depois de a empresária angolana Isabel dos Santos ter sido constituída arguida por alegada má gestão e desvio de fundos durante a sua passagem pela petrolífera estatal Sonangol. Outros quatro portugueses também foram constituídos pela PGR de Angola: Mário Leite da Silva, Sarju Raikundalia, Paula Oliveira. O gestor Nuno Ribeiro da Cunha também foi constituído arguido em Angola, mas foi encontrado morto na quarta-feira à noite.
  • Miguel A. Lopes/Lusa
23 Janeiro 2020, 15h14

Já começou a reunião entre Hélder Pitta Grós e Lucília Gago em Lisboa. Os procuradores-gerais de Angola e de Portugal encontram-se esta quinta-feira com as revelações feitas pelo Luanda Leaks em cima da mesa.

A reunião tem lugar um dia depois de a empresária angolana Isabel dos Santos ter sido constituída arguida por alegada má gestão e desvio de fundos durante a sua passagem pela petrolífera estatal Sonangol, anunciou a PGR de Angola na quarta-feira, como avançou a Lusa. Esta semana foi revelada a investigação jornalística Luanda Leaks que expôs vários negócios de Isabel dos Santos.

“Vim pedir ajuda de muita coisa”, disse o Procurador-Geral da República de Angola à chegada a Lisboa na manhã desta quinta-feira. “No âmbito das nossas relações com a Procuradoria Geral [da República de Portugal] viemos aqui para vermos o que faremos este ano”, afirmou em declarações à RTP no aeroporto Humberto Delgado em Lisboa.

Fonte oficial da PGR de Angola disse ao Jornal Económico na quarta-feira que “vão ser estabelecidos contactos no sentido de trabalhar na agenda de cooperação judicial no presente ano e vários casos em curso”, dando ainda conta de que “serão fixadas prioridades” e que “o caso Isabel dos Santos é prioritário, à semelhança de outros em investigação que não são do domínio público, nomeadamente processos em instrução preparatória que exigem informação de Portugal sobre património”.

Segundo o PGR de Angola, o processo de inquérito aberto na sequência de uma denúncia do presidente do conselho de administração da petrolífera, Carlos Saturnino, já foi transformado em processo-crime e algumas pessoas foram constituídas arguidas: a empresária e filha do ex-Presidente angolano Isabel dos Santos; Sarju Raikundalia, ex-administrador financeiro da Sonangol: Mário Leite da Silva, gestor de Isabel dos Santos e presidente do Conselho de Administração do BFA; Paula Oliveira, amiga de Isabel dos Santos e administradora da NOS. Também Nuno Ribeiro da Cunha, diretor do private banking do EuroBic, foi constituído arguido em Angola, mas o gestor foi encontrado morto na quarta-feira à noite na sua casa em Lisboa.

De acordo com Pitta Grós, estes quatro portugueses “são pessoas cujos nomes aparecem sim, mas são de fachada, já que as empresas pertencem de facto a Isabel dos Santos”. “Neste momento, a preocupação é notificar e fazer com que venham voluntariamente à justiça”, afirmou o PGR angolano, citado pela Lusa.

Segundo a PGR de Angola disse ao JE, na agenda de trabalho desta quinta-feira estará ainda a investigação da justiça portuguesa a operação realizadas pela empresária angolana Isabel dos Santos, nomeadamente as transferências superiores a 100 milhões de dólares da Sonangol para a Matter Business Solutions, uma consultora sedeada no Dubai. Este inquérito está a cargo do DCIAP – Departamento Central de Investigação e Ação Penal, tendo sido aberto após uma denúncia da antiga eurodeputada Ana Gomes enviada a Lucília Gago a 11 de novembro do ano passado, tal como o Jornal Económico noticiou em primeira mão a 10 de janeiro passado.

 

https://jornaleconomico.pt/noticias/empresaria-angolana-isabel-dos-santos-constituida-arguida-538684

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