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Valor das notas de euro em circulação cai 0,3% em 2023 para 1,6 biliões de euros

O valor de notas de euro em circulação diminuiu pela primeira vez desde a introdução da moeda única, fixando-se em 1,6 biliões de euros, menos 0,3% do que no final de 2022. Esta redução é a primeira registada desde a introdução do euro e reflete a subida das taxas de juro do BCE.
22 Abril 2024, 16h12

O Banco de Portugal publicou hoje o Relatório da Emissão Monetária relativo a 2023. Este relatório descreve as atividades do Banco no âmbito da emissão de notas e moedas.

Em termos mundiais, o número de notas e o número de moedas de euro em circulação alcançaram, no final de 2023, máximos históricos (29,8 mil milhões de notas e 148,2 mil milhões de moedas), o que confirma que o numerário continua a ser o meio de pagamento mais utilizado pelos cidadãos da área do euro, revela o banco central.

Ainda assim, o valor de notas de euro em circulação diminuiu pela primeira vez desde a introdução da moeda única, fixando-se em 1,6 biliões de euros, menos 0,3% do que no final de 2022. Esta redução é a primeira registada desde a introdução do euro e reflete a subida das taxas de juro do BCE.

Em 2023, a Valora (empresa impressora de notas detida a 100% pelo Banco de Portugal) produziu e entregou, ao Banco de Portugal, 265,8 milhões de notas de 20 euros.

No comunicado o banco central diz que as notas produzidas pela Valora “correspondem à quota-parte de notas atribuída ao Banco de Portugal nos termos do acordo celebrado com os bancos centrais da Áustria e da Bélgica”.

Este acordo prevê que as quotas de produção de notas de euro atribuídas à Bélgica, Portugal e Áustria sejam fundidas e repartidas equitativamente pelo Banco de Portugal e pelo banco central austríaco.

O Banco de Portugal diz que alterou as regras de depósito e levantamento de notas e moedas nas suas tesourarias, “com o objetivo de incentivar a troca direta entre instituições de crédito e empresas de transporte de valores (ETV) e, assim, tornar mais eficiente o ciclo de vida do numerário”. Refletindo esta alteração, os levantamentos e os depósitos de valores no Banco de Portugal caíram de forma acentuada.

A quantidade e o montante de notas que saíram do Banco diminuíram, respetivamente, 30,1% e 34,4% em relação a 2022. A quantidade e o montante de notas que entraram apresentaram quebras de, respetivamente, 21,3% e 12,3%.

O valor das notas colocadas em circulação pelo Banco de Portugal (emissão líquida) manteve-se negativo (-24,7 mil milhões de euros) e diminuiu 17,8% relativamente ao final de 2022, revela o BdP.

Para esta evolução, terão contribuído o crescimento do turismo em Portugal (ao trazer notas para o país que não são integralmente absorvidas pela procura) e a subida das taxas de juro do Banco Central Europeu (que aumenta o custo de oportunidade de deter notas, incentivando o seu regresso aos bancos centrais).

Saíram do Banco de Portugal 6.372,7 milhões de euros em notas e entraram 10.113,6 milhões de euros.

Ao contrário do que acontece com as notas, a emissão líquida de moedas tem crescido continuamente, tendo atingido 791,6 milhões de euros no final do ano. Em 2023, entraram no Banco de Portugal 38,2 milhões de euros em moedas e saíram 76,0 milhões de euros, revela o BdP.

O Banco de Portugal realizou duas operações de troca de moeda, com a Bélgica e com a Eslováquia, que diminuíram as necessidades de cunhagem de moeda e evitaram o desperdício de recursos.

No âmbito destas operações, o Banco de Portugal recebeu cerca de 116 milhões de moedas de 1 e 2 cêntimos, em troca de moedas de 50 cêntimos e 1 euro. Estas operações geraram proveitos para o Estado português.

Com o aumento da troca direta de numerário entre as instituições de crédito e as ETV, diminuiu a quantidade de notas e moedas processadas pelo Banco de Portugal. A qualidade média das notas entradas no banco central, como seria de esperar, também desceu.

A taxa de inutilização de notas aumentou de 15,2%, em 2022, para 20,8%. O banco central verificou a qualidade de 445,7 milhões de notas e 99,4 milhões de moedas com recurso a equipamentos de alta velocidade.

As notas incapazes foram destruídas, gerando 78,3 toneladas de fragmentos, utilizados para produzir energia.

Manualmente, o BdP valorizou 652.607 notas e 398 102 moedas, devolvendo 11,2 milhões de euros aos seus apresentantes.

As instituições de crédito e as ETV processaram 8 vezes mais notas (3489 milhões) e 21 vezes mais moedas (2100 milhões) do que o Banco de Portugal. O Banco realizou 556 ações de inspeção em todo o território nacional para verificar o cumprimento das regras nesta atividade.

Em Portugal, foram retiradas da circulação 16 723 contrafações de notas e 3197 contrafações de moedas, correspondendo, em ambos os casos, a percentagens ínfimas do número de notas e moedas genuínas em circulação.

Ao contrário do que aconteceu em 2022, mais de metade das contrafações de notas apreendidas correspondeu a notas de alta denominação — 100, 200 e 500 euros. A contrafação de moeda mais apreendida continuou a ser a 2 de euros.

Para promover o conhecimento público sobre as notas e as moedas de euro, o Banco de Portugal realizou 436 ações de formação. Também formou 11 061 profissionais através de e-learning.

Pela primeira vez, o Banco de Portugal analisou notas de euro suspeitas de contrafação enviadas por outro banco central.

O Banco de Portugal analisou e classificou 50 contrafações de notas de euro que lhe foram enviadas ao abrigo de um protocolo celebrado com o Banco Central de Cabo Verde.

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