Após mais de um ano de reuniões monetárias a resultarem em subidas dos juros, a Reserva Federal deve colocar o processo de aperto monetário em pausa, face aos dados positivos do lado da inflação e do mercado laboral, projetam a generalidade dos analistas. O recuo da inflação em maio cimentou ainda mais esta possibilidade, embora esta pausa não signifique necessariamente o fim do ciclo de subidas dos juros.
Com a leitura dos preços em maio a revelar a inflação mais baixa desde março de 2021, com 4,0%, o mercado inclinou-se decisivamente para uma pausa nas subidas dos juros na maior economia mundial. Os analistas projetavam já esta possibilidade, atribuindo-lhe 79,1% de probabilidade de ocorrência, mas esta análise coloca agora o cenário de manutenção das taxas com uma probabilidade de 97,1%, segundo a FedWatch Tool, da CME.
Isso mesmo é sublinhado pelo banco ING, que destaca o afrouxamento em várias categorias do cabaz de bens e serviços considerado pelas estatísticas americanas, como a energia. Outras que se têm mantido elevadas, como os custos com alojamento ou o mercado de viaturas novas e usadas, também devem começar a acalmar em breve.
O foco estará, portanto, na comunicação da Fed após o anúncio da decisão de política monetária. A Ebury relembra que, apesar da aposta forte numa pausa em junho, vários membros do Comité Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) continuam a advogar mais subidas, como James Bullard, presidente da Fed de St. Louis.
A expectativa dos analistas, perante a incerteza que ainda rodeia a economia norte-americana e a discussão entre os vários membros do comité, passa assim por uma comunicação de Jerome Powell, presidente da Fed, que “procure uma tónica descomprometida, sem a fechar a porta a uma subida em julho, mas também sem a excluir”, resume a nota da Ebury.
“Vai ser interessante ver como a Fed atualizará os seus cenários de crescimento e inflação, bem como as suas perspetivas projetadas para os juros”, acrescenta Franck Dixmier, Diretor Global de Investimentos em Obrigações da AllianzGI. “É possível que os investidores tenham que reavaliar as suas expectativas em consonância”, completa.
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