No início do mês, a comunicação social ganhou um novo órgão: O “Polígrafo”, um projeto jornalistíco assente no fact-checking. A ideia é de Fernando Esteves, que diz que este projeto deveria ser “dispensável” – mas não é. O Jornal Económico entrevistou o jornalista que quer criar um laço emocional entre o jornalismo e os leitores.
Como nasceu o Polígrafo?
Ainda na “Sábado” era editor da secção de Política e Internacional e, nessa qualidade, acompanhei de forma muito atenta as últimas eleições americanas, entre Donald Trump e Hillary Clinton. Nessas eleições, surgiu um fenómeno, que já existia, mas que explodiu no plano público, que foi o jornalismo de fact-checking. Donald Trump andava a fazer uma média de três ou quatro mentiras por dia, e os jornais de fact-checking explodiram completamente. Há quem diga que se o fact-checking fosse uma loja de hambúrgueres o Trump seria o néon à porta, porque foi ele que chamou a atenção para este tipo de jornalismo. Eu fiquei fascinado com este fenómeno, mas continuei com o meu trabalho na ‘Sábado’, mas cheguei a março de 2017 e pensei que estava na altura de eu próprio assumir um projeto, em nome pessoal. Tinha chegado a uma fase da minha carreira em que precisava de concretizar as minhas ideias sobre o jornalismo, a sociedade e o papel que o jornalismo deve ter. Decidi abandonar a “Sábado”, com o grau de risco que isso comporta, e tentar montar o projeto.
Porquê o fact-checking, os media em Portugal não cumpriam já esse papel?
Um jornal como o ‘Polígrafo’ devia ser dispensável, porque o fact-checking está na base daquilo que é o processo jornalístico. O que acontece é que o jornalismo tradicional tem-se esvaziado de alguma qualidade. É um projeto para os leitores e não quero que o ‘Polígrafo’ seja encarado como uma espécie de missionário da verdade, mas como referencial de qualidade e um terreno jornalístico de referência quanto às boas práticas da profissão.
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