A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Mariana Mortágua, apelou hoje ao Governo para que intervenha na situação de trabalhadoras de uma fábrica de confeções em Penafiel estão à porta das instalações a reivindicar os salários em atraso.
“O Governo tem um papel a desempenhar. Mesmo em gestão, o Governo tem de garantir que a lei é cumprida”, disse a dirigente, em declarações aos jornalistas.
A líder do BE insistiu que o Governo tem de garantir que as empresas não “podem simplesmente deixar as trabalhadoras à porta”, sem saberem qual vai ser o seu futuro, sem salários e papéis para o fundo de desemprego”.
Em causa está a situação da fábrica têxtil Zenaide, situada em Oldrões, Penafiel, com 86 trabalhadoras, parada desde o final de fevereiro.
Atualmente, as operárias têm para receber metade do subsídio de Natal de 2023, metade do subsídio de férias de 2024, a totalidade do subsídio de Natal de 2024 e os salários de janeiro e fevereiro de 2025.
No final do verão do ano passado, houve uma mudança de gerência na empresa, com promessas de resolução dos problemas, mas a situação piorou desde então. Uma representante das trabalhadoras disse hoje à agência Lusa que o mesmo patrão tem mais duas empresas, também de confeções, no vizinho concelho de Lousada.
Hoje, depois de falar com as trabalhadoras reunidas à porta da fábrica Zenaide, a líder do BE lamentou que o empresário que comprou a empresa em setembro não dê a cara e diga às trabalhadoras o que vai acontecer.
“Estão num limbo, em que não conseguem perceber se vai haver uma insolvência, o que lhes permite assegurar os subsídios desemprego, ou se a empresa vai para a frente e é revitalizada”, declarou.
Para Mariana Mortágua, “neste meio-termo, as pessoas ficam sem salário e como não têm rendimento, como são trabalhadoras de salário mínimo, é muito difícil fazer face às despesas”.
A coordenadora do BE exortou o Governo a dar garantias às trabalhadoras, nomeadamente junto da Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT).
“Estas trabalhadoras estão a reivindicar o básico, que é saberem o que vai acontecer à empresa, que o patrão dê a cara e que lhes diga o que vai acontecer”, acrescentou.
Entretanto, acentuou que, “caso a insolvência vá para a frente”, é preciso garantir que as trabalhadoras tenham os salários em atraso e acesso ao subsídio de desemprego.
Alzira Carvalho, representante das trabalhadoras, disse à Lusa que a empresa está parada desde o final de fevereiro, por iniciativa das operárias, que pediriam a suspensão dos contratos e reivindicam os seus direitos. Anotou, também, já não haver esperança de que a empresa possa retomar atividade.
“Neste momento, o que nós queremos é o papel para o fundo de desemprego”, exclamou, lamentando que o patrão não dê a cara.
“Nem o número de telefone dele temos. Está incontactável. Pedimos, mas ele nem aparece”, disse.
A operária acrescentou haver situações muito difíceis, envolvendo algumas famílias, nomeadamente de operárias que criam sozinhas três filhos e dependem dos seus salários.
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