São Tomé e Príncipe assinala 50 anos de independência na Expo 2025 em Osaka

“Aqui projectei a minha casa:

alta, perpétua, de pedra e claridade.

O basalto negro, poroso

viria da Mesquita.

Do Riboque o barro vermelho

da cor dos ibiscos

para o telhado […]”.

“A Casa”, in “O Útero da Casa”, de Conceição Lima

Até outubro, a casa de São Tomé e Príncipe abre-se ao mundo, em Osaka, no país do Sol Nascente, ao lado de 160 outros países, mundos, casas.

Os versos de Conceição Lima, “uma das maiores poetisas contemporâneas do país”, estarão em destaque no pavilhão são-tomense, onde a escritora e jornalista será homenageada, tal como João Carlos Silva, “reconhecido como embaixador cultural de São Tomé e Príncipe”, revela Hamilton Cruz, Comissário-Geral de São Tomé e Príncipe para a Expo, ao Jornal Económico (JE).

Mais de 30 anos depois de ter participado, pela primeira vez, numa exposição internacional, o arquipélago leva à Expo Osaka 2025 a identidade, a cultura, os costumes e saberes são-tomenses, tendo como lema “Vida Sustentável – Preservando a natureza, unindo culturas”.

Na casa de São Tomé e Príncipe no Japão – fiel ao conceito de “baixo de casa” -, a música, a literatura, o artesanato, a gastronomia, a moda e a dança são-tomenses compõem a montra cultural em exposição até meados de outubro. Na “Montra do Artista”, explica Hamilton Cruz, haverá uma “exposição fotográfica com exposições permanentes de cinco prestigiados artistas plásticos”, bem como uma mostra dedicada à manifestação cultural Txiloli, candidata a Património Imaterial da UNESCO, sob a curadoria do artista plástico René Tavares, e o “Alpes de Floripes”, uma tradição da Ilha do Príncipe. E documentários, que “exploram desde tradições locais até iniciativas contemporâneas de preservação do património, oferecendo aos visitantes uma experiência imersiva e um conhecimento mais profundo da identidade cultural do país”, acrescenta.

Na moda, a representar o país está Roselyn Silva, estilista são-tomense radicada em Portugal cuja marca completa 10 anos. “Além de vestir a delegação são-tomense, apresentará uma colecção de mesa num evento gastronómico especial, que combinará sabores, música, dança e moda”, revela o antigo presidente da Associação de Turismo de São Tomé e Príncipe.

Filipe Santo e Anastácia Carvalho, acompanhados por grupos de dança que apresentarão ritmos e danças tradicionais do país, atuarão fora do pavilhão são-tomense.

Questionado sobre a oportunidade criada para encontros bilaterais à margem do evento, Hamilton Cruz confirma que a agenda são-tomense “inclui reuniões com investidores, representantes de governos e organizações internacionais, promovendo novas oportunidades de colaboração e investimentos no país”.

De acordo com os números mais recentes da organização, o pavilhão de São Tomé e Príncipe tem registado uma média de cerca de 17 mil visitantes por dia.

O projeto foi coberto em cerca de 70% parceiros e pela organização da Expo, com o estado são-tomense a assumir os restantes custos.

Entre os parceiros de São Tomé e Príncipe estão o BISTP e a STP AIRWAYS, ambos parceiros principais, o Grupo Pestana e o Grupo HBD em segundo plano, bem como as empresas CST, BGFI, Afriland First Bank, ECOBANK, SAAR, CIEM e Diogo Vaz e a empresa japonesa Café Tanaka,

Ao JE, a este propósito, Francisco Piedade, CEO do BISTP, sublinhou que “o mercado asiático é um importante emissor turístico” e um setor muito importante para o crescimento económico em STP”.

50 anos de independência

Os 50 anos da independência de São Tomé e Príncipe, que se assinalam no dia 12 de julho e cujas celebrações oficiais tiveram início esta segunda-feira na Ilha do Príncipe, irão marcar o programa da semana alusiva ao país, que vai decorrer entre os dias 29 de setembro e 1 de outubro. Eventos culturais, gastronómicos e protocolares que destacam a história e a identidade nacional irão marcar as celebrações, na presença de autoridades locais, internacionais e membros da diáspora santomense comemoração conjunta, revela Hamilton Cruz.

A semana dedicada a São Tomé e Príncipe tem previsto previsto um workshop dedicado à economia, turismo, preservação ambiental e a cultura, “criando um espaço dinâmico para abordar detalhadamente o potencial do país e despertar o interesse de potenciais investidores”, explica o mesmo responsável.