Vale a pena sonhar alto? Vale. E foi isso mesmo que transportou um jovem da Marinha Grande até à Fórmula 1. Alexandre Caseiro Santos perseguiu o seu sonho e está a trabalhar para a equipa britânica Williams. “Sempre tive como objetivo chegar a Fórmula 1, por isso tinha por hábito ver que posições estavam abertas nas várias equipas de Fórmula 1 na zona de Oxford. Consegui então uma entrevista na Williams F1 e acabei por ficar.” Alexandre acabou a licenciatura em Engenharia Mecânica Automóvel do ISEP, no Porto, em 2013, mas foi a entrada no mestrado em Motorsport Engineering na Oxford Brookes Engineering, em Oxford, Inglaterra, que lhe criou um bichinho pelo país. No entanto, depois do mestrado regressou a Portugal e estagiou na zona de Lisboa. Apercebendo-se de que queria mesmo ficar em Inglaterra, Alexandre conseguiu uma posição na Jaguar Land Rover em Oxford, “uma excelente empresa para se trabalhar que tem crescido muito nos últimos anos”, diz. E foi então depois que com uma especial atenção às vagas da Fórmula 1 conseguiu ingressar a Williams este ano.
“Sempre acreditei que seria possível e fiz tudo para que acontecesse. A Williams além de ser uma das mais emblemáticas equipas na grelha, é também uma das mais antigas, junto com a Ferrari e a McLaren, logo oferece uma sensação de estabilidade superior às restantes equipas”, nota Alexandre, que ocupa o cargo de ‘Simulation Engineer’.
“Desenvolvo modelos em software de simulação que prevêem como os sistemas do carro se comportam em pista. Este trabalho é desenvolvido tanto para o carro atual como para o carro do próximo ano. Outra das minhas funções é utilizar esses modelos para ajudar os engenheiros de pista, para que mesmo antes de carro entrar em pista, este esteja o mais perto possível da afinação ótima”, explica o português.
Ótima é também a oportunidade que já conseguiu construir na sua jovem carreira. Trabalha diariamente com alguns engenheiros de renome, como Paddy Lowe – actual diretor técnico da Williams, e tricampeão do mundo com a Mercedes, ou Rob Smedley – conhecido por ter sido engenheiro de pista do automobilista Felipe Massa, na Ferrari. “É bastante inspirador trabalhar não só com o Paddy Lowe mas também com pessoas incrivelmente talentosas mas que, pelas mais variadíssimas razões, não são tão mediáticas, mas que se tornam igualmente inspiradoras”. Para além disso, sobre a convivência com Sir Frank Williams, fundador da equipa Williams, e com a filha e também diretora da equipa, Claire Williams, Alexandre diz que “é frequente cruzarmo-nos com ambos na fábrica e o Sir Frank Williams está sempre disposto a dar dois dedos de conversa”.
Trabalhar num ‘gigante’ da F1 é “inspirador”, mas “é evidente a necessidade de ser eficiente e eficaz, qualquer erro comprometerá o resultado durante o fim-de-semana”, aponta Alexandre. No entanto, os colegas estão sempre dispostos a ajudar, o que possibilita uma maior evolução na profissão, e todos ficam a ganhar porque no “fundo estamos todos a trabalhar para o mesmo objetivo”.
Alexandre está por terras inglesas mas admite que gostaria muito de ver esta nova geração de carros numa das pistas lusitanas. “Portugal parece estar a começar a reunir as condições necessárias para receber um GP e há já quem fale em Portimão, no entanto há muitos detalhes que têm de bater certo para que tal aconteça”.
Por agora, o objetivo é aprender o mais possível sem pensar muito no futuro. “Conseguir chegar a Diretor Técnico seria muito bom, mas não considero um objetivo visto que o mundo da F1 muda muito rapidamente e é frequente engenheiros mudarem-se para outras indústrias depois de alguns anos”.
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