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GUIdance continua a querer mudar o mundo

A utopia da “mundança” vai agitar os palcos de 3 a 12 de fevereiro, em Guimarães, durante a 11ª edição do Festival Internacional de Dança Contemporânea GUIdance. Mudar o mundo pela dança é a grande ambição.
  • Hands Do Not Touch ©Danny Willems
1 Fevereiro 2022, 18h05

À 11ª edição, o GUIdance – Festival Internacional de Dança Contemporânea mantém a sua ambição e anseio: mudar o mundo a dançar. Utópico? Talvez. Mas como se pode ler no manifesto do GUIdance, “a mundança é sempre mais necessária nos momentos de forte transição civilizacional, como o que agora vivemos”.

Razão mais do que suficiente para não baixar braços e dar o corpo à dança, à vontade de criar e mudar. Com essa vontade se apresentam em palco dez criações, duas delas estreias nacionais, com Sofia Dias & Vítor Roriz em destaque. Não estão sós, claro. A esta celebração juntam-se também nomes como Moritz Ostruschnjak, Maria Fonseca, Peeping Tom, Vera Mantero, Catarina Miranda, Anastasia Valsamaki e Wim Vandekeybus.

Desassossegar o público através de temas como ironia, violência, realidade e ficção, luz e escuridão, limites humanos, convívio com o desconhecido e a relação com a natureza faz-se não só com espetáculos mas também através de debates, talks, marterclasses, e das iniciativas Embaixadores da Dança e Ensaio Aberto para escolas de dança. Daí a importância de o festival extravasar o palco do Centro Cultural Vila Flor (CCVF), expandindo-se às Black Boxes do Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG) e à Fábrica Asa, na cidade berço, Guimarães.

Sofia Dias & Vítor Roriz dão o sinal de partida para esta “mundança” no dia 3 de fevereiro, às 21h30, no Grande Auditório Francisca Abreu, no CCVF, com “Escala”. Interpretada por Alice Bachy, Bruno Brandolino, Luís Guerra, Natacha Campos, e ainda pela dupla de bailarinos-coreógrafos Dias e Roriz. À mesma hora de dia 4 de fevereiro, o criador alemão Moritz Ostruschnjak apresenta TANZANWEISUNGEN (it won’t be like this forever; que em português ficou “Instruções de dança”), um solo pleno de referências autorreflexivas e irónicas que desafiam qualquer definição específica.

E assim chegamos ao primeiro fim de semana do GUIdance 2022 e à reflexão que Maria Fonseca e Angelica Salvi propõem ao público em “Sahasrara”, sábado, 5 de fevereiro, às 18h30, sobre o que tem sido viver em tempos de pandemia. Às 21h30, a companhia belga Peeping Tom reencontra um palco que já lhe é familiar. Depois de “Vader” (Pai) e “Moeder” (Mãe), o Centro Cultural Vila Flor recebe “Kind” (filho), a terceira parte da trilogia familiar desta companhia de renome internacional. Questionar os aspetos perversos da formação da identidade é o mote desta peça idealizada por Gabriela Carrizo e Franck Chartier.

A primeira semana do festival encerra no domingo, 6 de fevereiro às 16h00 e na segunda-feira dia 7 às 10h30 e às 15h00, com “Sons Mentirosos Misteriosos”. Sofia Dias & Vítor Roriz oferecem uma tripla apresentação dedicada especialmente às famílias com crianças maiores de 3 anos de idade, numa coprodução que envolve A Oficina, o LU.CA Teatro Luís de Camões (Lisboa), Materiais Diversos (Cartaxo), Théâtre de la Ville (Paris) e Teatro Nacional São João (Porto).

“Um gesto que não passa de uma ameaça” assinala a abertura das hostilidades na segunda semana do GUIdance, após uma curta pausa. Uma versão remontada do premiado e viajado espetáculo que em 2012 se apresentou em Guimarães, na Capital Europeia da Cultura. Encontro marcado com a mesma dupla de criadores, Sofia Dias e Vítor Roriz, a 9 de fevereiro pelas 21h30.

No dia seguinte, à mesma hora, Vera Mantero – um dos nomes maiores da dança contemporânea portuguesa – e a sua equipa cruzam o pensamento do psicanalista Carl Jung, do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro e do professor de ética Jonathan Haidt e levam ao palco “O Susto é um Mundo”. A interpretação é de Vera Mantero, em cocriação com Henrique Furtado Vieira, Paulo Quedas e Teresa Silva. Que antídotos para os sustos do presente nos irão oferecer?

Não nos cabe responder, mas deixamos novo repto. A peça de dança para um quarteto em patins “Cabraqimera”, que aborda uma contemporaneidade simultaneamente física e tecnológica. É a proposta que Catarina Miranda traz à 11ª edição do GUIdance, na sexta-feira dia 11, à 21h30. No último dia, 12 de fevereiro, o público poderá assistir a duas criações com formatos muito distintos: uma performance a solo durante a tarde e uma atuação de dez intérpretes à noite.

Às 18h30, “Body Monologue” da jovem coreógrafa grega Anastasia Valsamaki, interpretada pela bailarina Gavriela Antonopoulou, questiona: “o que pode um corpo fazer?”. O fecho do festival estará a cargo de Wim Vandekeybus, coreógrafo, bailarino, realizador e fotógrafo belga, com “Hands do not touch your precious Me”, em torno da morte e do renascimento.

O GUIDance 2022 também se faz de atividades paralelas: desde talks a masterclasses, como aquelas que vão ser orientadas pelas companhias internacionais Peeping Tom e Ultima Vez, de Wim Vandekeybus. A 5 e 11 de fevereiro haverá debates sob o mote “Desfiguração Transformação”, com moderação de Cláudia Galhós; visitas das criadoras Maria Fonseca e Vera Mantero a escolas de Guimarães, no âmbito da iniciativa Embaixadores da Dança, para partilhas dos seus percursos; e ainda um ensaio aberto em que escolas de dança da região poderão assistir a um ensaio de “O Susto é um Mundo”, de Vera Mantero, seguido de uma conversa com Cláudia Galhós.

Os bilhetes e as assinaturas já se encontram à venda online. Também estão disponíveis nas lojas Fnac, Worten e El Corte Inglés. E o programa detalhado encontra-o no site do festival.

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