A moção de rejeição do Programa do XXIII Governo Constitucional apresentada pelo Chega foi chumbada esta sexta-feira, contando unicamente com os votos a favor dos 12 deputados do partido proponente.
A votação contou com a participação de 226 deputados no hemiciclo, sendo que a maioria votou contra — 133 votos do PS, Bloco de Esquerda, PCP, PAN e Livre. A proposta contou ainda com 81 abstenções (PSD e Iniciativa Liberal) e 12 votos a favor.
“Este governo é ineficaz e será incapaz de nos levar a bom porto em tempos de crise profunda. Apelo diretamente ao Partido Social Democrata e à Iniciativa Liberal: é preciso clarificar hoje quem está do lado em que esteve o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista — e viu-se como terminaram, como o partido do táxi e da bicicleta — ou se queremos verdadeiramente ser oposição em Portugal”, afirmou André Ventura antes da votação.
De seguida, dirigiu-se em concreto a Rui Rio, que considera “um homem que sabe e é capaz de liderar”. Mesmo numa altura em que está da saída da liderança dos sociais democratas, está em causa se o PSD vai ser oposição ou se sustentará o governo socialista, argumentou.
O presidente do PSD já tinha anunciado na quinta-feira que o partido se ia abster por considerar que o objetivo “é apenas um número mediático”. “[O PSD] vai-se abster porque não tem interesse nenhum. O objetivo da moção de rejeição é dar aqui uma notícia, um certo espetáculo, um certo circo mediático, isso é com o Chega, não é connosco”, vincou aos jornalistas.
Ventura tinha justificado a moção no início desta semana. “Não é um programa de Governo, mas de propaganda eleitoral”, disse. Ademais, afirmou que o programa proposto pelo primeiro-ministro, António Costa, é o “mais vago dos últimos 25 anos”, sem medidas concretas, o que “não permite o escrutínio pelo Parlamento”.
O Programa do XXIII Governo Constitucional foi, assim, aprovado esta sexta-feira. O documento tem por base o programa eleitoral que o PS apresentou para as legislativas de 30 de janeiro e identifica quatro “desafios estratégicos” de médio e longo prazo: resposta à emergência climática, transição digital, interrupção da atual crise demográfica e combate às desigualdades.
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