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Línguas portuguesa e espanhola podem ser importantes para recuperação económica no pós-Covid, conclui OEI

O E-fórum da OEI reforçou a importância da língua na economia, relembrando as vantagens competitivas de que o português e o espanhol podem usufruir neste período de crise. Evento contou com a participação dos Institutos Cervantes e Camões.
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3 Julho 2020, 17h37

Os idiomas português e espanhol podem ser veículos da recuperação económica no período pós-pandemia, de acordo com conclusão retirada do e-fórum promovido pela Organização de Estados Ibero-Americanos para a Educação, Ciência e Cultura (OEI) com o tema “Potencial das línguas na recuperação das economias: espanhol e português”, que teve lugar esta quinta-feira.

O e-fórum realizou-se em dois painéis separados, um em Madrid e outro em Lisboa, e contou com a presença de figuras como Luís Faro Ramos, presidente do Camões, I.P., Luis García Montero, director do Instituto Cervantes, Ana Paula Laborinho, diretora da OEI Portugal ou Mariano Jabonero, secretário-geral da OEI.

A iniciativa visava sobretudo a valorização de ambas as línguas enquanto vantagem competitiva, dada a sua implementação, com mais de 800 milhões de falantes em todo o mundo, mas também como facilitadora de negócios e, assim, uma contribuição fundamental para as economias nacionais em tempos de incerteza como o que se vive actualmente. Similarmente, o “potencial artístico, cultural e também económico” da região ibero-americana foi destacado logo na intervenção inicial de Mariano Jabonero, que defendeu uma valorização “daquilo que nos une”.

Já Ana Paula Laborinho fez questão de apelar a uma maior importância dada a estas línguas que, argumenta, possuem “uma dimensão já [é] suficientemente significativa para terem um papel cada vez maior neste mundo global”, além de constituírem, como todas as línguas, “traço essencial na própria economia”.

Outra ideia defendida neste e-fórum foi a da língua como veículo de consolidação dos valores democráticos, especialmente num momento em que, devido à pandemia, algumas mudanças terão de ser feitas. Isso mesmo defendeu Luis García Montero, ao apelar ao uso e capitalização da língua como uma forma de “comunicação aberta de identidades no novo mundo digital que se está a abrir perante nós”. Na mesma senda, Luís Faro Ramos relembrou a oportunidade que a pandemia poderá trazer para a transmissão dos valores e das culturas associadas às línguas portuguesa e espanhola, naquilo que são trocas e partilhas políticas, sociais e culturais “às vezes mais lucrativas do que transações meramente comerciais ou investimentos financeiros e, sobretudo, de maior duração no tempo”.

Quem aproveitou para reforçar esta ideia foi Luís Antero Reto, professor do ISCTE-IUL e autor de um estudo sobre o potencial económico da língua portuguesa, que vê na pandemia e no período que se lhe seguirá “uma boa oportunidade para aumentar a trocas dos serviços e bens culturais como a gastronomia, como as artes (…), porque, felizmente, esses produtos e esses bens não estão taxados pelos blocos económicos, ou seja, não estamos sujeitos a países terceiros como nos produtos comerciais.” Também José Luis García Delgado, professor da Universidade Complutense de Madrid, partilhou deste ponto de vista, salientando os custos em que incorrem as empresas com a adaptação dos produtos e campanhas de marketing a outras línguas e recordando que a linguagem é feita por, além de palavras, atitudes e comportamentos que, no caso de línguas e culturas tão próximas como a portuguesa e a espanhola, resultam numa partilha de “um conjunto de componentes culturais que facilitam a compreensão e a confiança”, esta última um fator chave em economia.

Um outro aspeto debatido e que levanta preocupações é o impacto da pandemia na educação, especialmente em regiões onde, depois da suspensão das aulas presenciais, a OEI não conseguiria fazer chegar os seus recursos digitais às crianças sem internet em casa. Mariano Jabonero fez questão de deixar explícitas as suas preocupações, mas também o compromisso da OEI em reforçar a “linguagem na primeira infância”, o que, defende o secretário-geeral, é “a melhor garantia de uma vida futura com capacidade para o bem-estar.”

A Organização de Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) é o primeiro organismo intergovernamental de cooperação multilateral, fundado em 1949, com o objetivo de promover a cooperação Ibero-americana nestas três áreas.

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