A figura característica – e um pouco austera – de Wolfgang Schäuble ficou conhecida como o rosto das finanças alemãs. Doze anos depois de ter chegado ao cargo de ministro das Finanças, o político deixou um vazio no lugar. A cadeira volta esta semana a ser ocupada, por Olaf Scholz. As diferenças entre os dois são muitas, mas a principal é que a pasta passa de mãos conservadoras para social-democratas.
Scholz, 59 anos, jurista e presidente da câmara da cidade-estado de Hamburgo, é popular no partido social-democrata da Alemanha (SPD) – com quem a chanceler alemã Angela Merkel acabou de fechar um acordo governativo – e há mesmo quem diga que é até mais popular que o próprio líder partidário, Martin Schulz.
O alemão foi catapultado para o centro das atenções no verão passado, quando a reunião do G20 em Hamburgo foi marcada por violentas manifestações nas ruas. Na altura, Scholz desculpou-se pelos problemas de segurança, mas o que ficou foi a calma com que lidou com os ataques da direita, que o acusaram de ser demasiado brando com violência anti-capitalista.
Quando a questão acalmou, o social-democrata afirmou que estava a avaliar até onde iria a onda de violência e garantiu que teria abandonado o cargo caso tivessem havido mortos.
A calma e frieza poderá vir a ser útil a Olaf Scholz quando tiver de representar o país, uma função em que terá sempre o fantasma da governação passada já que não será fácil substituir o carismático Wolfgang Schäuble, que se mudou para a presidência do Parlamento alemão, o Bundestag.
Uma das questões que poderá colher mais críticas por parte ala mais conservadora alemã prende-se com o facto de Scholz defender o aumento do salário mínimo nacional, o que poderá ser visto como um risco para a política de Schäuble de contenção da dívida pública.
Para os empresários, o facto de Scholz considerar que os impostos atuais permitem aos negócios serem suficientemente competitivos internacionalmente e que não há necessidade de um corte tirado do livro de estilo de Donald Trump, poderá ser um fator de desagrado.
Outra diferença entre Scholz e Schäuble poderá estar na representação europeia. As reuniões do Eurogrupo passarão a contar com o novo ministro das Finanças, que poderá ter um tom mais conciliatório que o antecessor face a países como a Grécia. Defensor de um aprofundamento das relações europeias ao nível da segurança, emigração, finanças e economia, Scholz terá ainda de tomar uma posição no debate sobre a reforma da zona euro.
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