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Apenas quatro bancos têm depósitos a superar a inflação

Quatro bancos apresentam taxas em depósitos a prazo iguais ou superior a 2% TANB num universo onde existe cerca de 250 ofertas de produtos similares. Os grandes bancos do sistema têm ofertas com taxas abaixo de 0,1%.
9 Dezembro 2018, 16h00

A razia é total. Das duas centenas e meia de ofertas de depósitos a prazo (DP) do sistema financeiro nacional, apenas quatro propostas permitem cobrir a inflação média esperada de 1,2% para este ano. Os bancos grandes apenas conseguem fazer propostas mínimas para DP via internet e nos DP convencionais o juro é ínfimo.

Em cerca de 250 aplicações disponíveis via depósitos a prazo (DP) convencionais e estruturados, apenas quatro propostas permitem – em termos líquidos – cobrir a erosão monetária provocada pela inflação anual, tendo em conta que é ainda necessário deduzir a taxa liberatória sobre os juros recebidos ou efetuar o englobamento no IRS para os particulares.

Os DP são desde há alguns anos uma solução que faz os aforradores perderem dinheiro todos os anos. O risco num DP existe, tal como em todos os produtos financeiros, mas é limitado pelo contrato feito com a instituição financeira, a par do respaldo potenciado pelo Fundo de Garantia de Depósitos aplicável a montantes até 100 mil euros por aforrador e por instituição financeira.

No survey realizado e que tiveram como ponto de partida dois sites especializados nestas matérias, o site moneysgps.pt e ainda o site melhoresdepositosaprazo.com, a par das ofertas diretas dos bancos que trabalham no sistema financeiro português, apenas quatro propostas sobressaíram e todas por prazos curtíssimos, três meses, para além de só estarem acessíveis para novos clientes e logo são ofertas de taxa com um pendor de marketing.

Os quatro eleitos são o Banco Best com uma oferta a três meses e com uma TANB (taxa anual bruta) de 2,25%. E com 2% TANB há ofertas do Banco BIG, do Carregosa e do Atlântico Europa, todas também com prazos a três meses, depois do qual terão de ser contratadas taxas naturalmente mais baixas. E nesta análise para além da taxa e do prazo do contrato, o aforrador terá de perceber através da informação disponibilizada pelo banco o momento em que é pago o juro, que no caso do Best é liquidado à cabeça; verificar ainda a liquidez do produto pois ou não é possível a mobilização antecipada, caso do Best, ou é possível a mobilização total ou parcial mas com perda de juro. Neste cenário de perda de juro por mobilização antecipada os bancos tendem a criar diversos níveis de penalização consoante o tempo que resta para o “terminus” do contrato. Quanto mais perto do fim (do contrato), menor a penalização, mas existem situações em que a penalização com perda de juro é de 100%, mesmo que o resgate seja feito nas 24 horas anteriores ao fim do contrato!

E, não menos relevante para o aforrador é perceber o valor mínimo e máximo para contratar o DP. Há bancos com valores “democráticos”, ou seja suficientemente baixos para a generalidade da população poder usufruir da oferta – caso do BIG, Carregosa ou Atlântico Europa – com mínimo de 500 euros. Mas este é também um produto para pequenas e médias poupanças, não sendo por isso possível aplicações geralmente acima dos 50 mil euros.

Cada proposta é uma proposta e existem pelas nossas contas cerca de duas centenas e meia de soluções, algumas delas com características bem diferentes.

Mas vamos às propostas do mercado. Para além das quatro primeiras propostas com um juro de 2% TANB mas com um prazo de contrato de apenas três meses, existem menos de duas dezenas de DP com uma taxa anual bruta entre 1% e 1,3%, e que em termos líquidos estão claramente abaixo daquilo que é a inflação esperada. Esta vintena de oferta vem de bancos pequenos como o Invest, o BIG, o Atlântico Europa, o BNI Europa e o Finantia que apresentam algumas variações entre si como seja o prazo que em alguns casos é de seis meses, passando pelos prazo de dois, três, quatro e cinco anos, embora que nos prazos acima de 1 ano o produto pode ter ativos subjacentes associados e impedir a mobilização antecipada. Há inclusivamente propostas, nomeadamente do BNI Europa que apresenta taxas brutas acima de 1% para prazos relativamente longos e os fundos não são mobilizáveis, enquanto outros têm perdas entre 50% e 80% dos juros corridos quando mobilizados antecipadamente. Existem ainda propostas com mínimos de 500 euros para abrir conta e outras propostas com mínimos de 50 mil euros, enquanto alguns dos DP convencionais propõem taxas de remuneração crescentes para manterem os aforradores dentro do contrato durante o período mais longo possível. Existe ainda uma variação num depósito cuja taxa depende de várias condições como seja a contratação de outros produtos. Os exemplos encontrados foram os dos ActivoBank e do BBVA.

 

Grandes bancos, pequenas taxas

Apenas as pequenas instituições financeiras pagam taxas de juro que se aproximam da inflação, já que os grandes bancos não necessitam dos fundos dos particulares, preferindo recorrer aos fundos disponibilizados pelo Banco Central Europeu. E, por isso, a melhor remuneração que conseguimos encontrar de um dos “top 5” das grandes instituições nacionais foi uma proposta do BCP com 0,5% TANB a três meses mas que só é acessível aos clientes através de uma app. O BCP reduziu recentemente a remuneração desta oferta para 0,3% TANB. O produto tem o nome de “APP” e por depósito não é possível aplicar mais do que 10 mil euros. Próximo deste nível de remuneração está uma aplicação do Eurobic de 0,45% TANB para 1 ano de prazo e que só pode ser feito através da net para 500 euros de mínimo e 9999 euros de máximo. Também o Bankinter com uma proposta de 0,4% TANB via net e o Montepio com uma proposta a três anos e com uma remuneração de 0,425% estão entre as melhores ofertas que encontrámos. O Novo Banco tem uma proposta via app a 0,25% TANB para dois meses e o Crédito Agrícola paga 0,2% TANB a três meses numa aplicação via net.

Os CTT não pagam mais do que 0,15% TANB e o BPI tem como melhor taxa 0,15 TANB a três anos. O Santander não vai além de 0,1% TANB a 1 ano e a melhor proposta da Caixa não chega a isso, fica por 0,072% TANB para qualquer prazo.

Entre as piores propostas temos o Millennium bcp com uma taxa de 0,025% a 1 e a 3 meses, enquanto o CA propõe-se pagar 0,025% TANB a seis meses e também no prazo dos três meses. A Caixa Galicia tem a pior proposta deste nosso “survey” retirado dos sites já referidos, com uma proposta de 0,01% TANB a três meses.

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