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BMW aposta em talento português para desenvolver software

A Critical TechWorks é uma joint venture para o longo prazo entre a gigante automóvel e a empresa portuguesa, Critica Software. Há dois meses operacional e contando com duas dezenas de trabalhadores, com esta joint venture a BMW diz ter conseguido acesso a “talento para uma área em que é difícil de encontrar”.
8 Novembro 2018, 17h00

A BMW Group apresentou esta quinta-feira a Critical TechWorks, uma joint venture estabelecida entre a construtora de automóveis e a Critical Software, uma empresa portuguesa especializada no desenvolvimento de soluções de software. Numa conferência de imprensa realizada no âmbito da Web Summit, Klaus Straub, vice-presidente e chief information officer (CIO) da BMW, e Christoph Grote, vice-presidente da BMW Group Electronics, explicaram como este acordo com a empresa portuguesa permitiu suprir a “dificuldade em encontrar talento” para a área de desenvolvimento de engenharia informática.

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De acordo com os executivos da BMW, a Critical TechWorks assumiu a forma de uma joint venture porque “não queriam começar uma empresa do zero”. Diferente de uma parceria comercial, numa joint venture duas ou mais empresas colocam os seus recursos à disposição de uma entidade terceira que tem por finalidade cumprir com um objetivo específico. “Esta joint venture é para o longo prazo”, explicaram.

Sediada entre Lisboa e o Porto, onde fica a sede da Critical Software, a joint venture, detida a 51% pela BMW e a 49% pela empresa portuguesa, “está operacional há dois meses, mas é um projeto que tem um ano”, disse Grote. “Neste momento, temos cerca de 200 pessoas a trabalharem para a Critical TechWorks, mas queremos aumentar o número para 500 no próximo ano e, depois, talvez mais”. Grote adiantou ainda que com esta joint-venture, a BMW está “a criar uma empresa sustentável e com competências sólidas”.

Ainda que “a BMW se considere uma empresa de tecnologia”, as atividades levadas a cabo em Portugal pela Critical TechWorks serão variadas, desde “tudo o que tenha a ver os carros conectados” e passando pela “interface homem-máquina e tudo o que se vê no ecrã dos carros”, explicou Straub.

O CIO disse que a construtora alemã ainda pensou noutros países, como a Índia, mas a escolha acabou por recair em Portugal “por razões culturais e pelo talento disponível”. “A Critical Software tem a capacidade de fazer código e software que pode ser testado para um carro”, explicou Grote.

A escolha da Critical Software parece ter adquirido mais relevância quando Straub explicou que cerca de “70% da inovação advém das tecnologias de informação”.

Questionado sobre se atualmente, para uma fabricante de automóveis, saber fazer software se tornou tão importante quanto produzir um carro, Grote foi perentório a dizer “absolutamente”. “Hoje em dia, espera-se que os carros tenham funcionalidade ao lado da mecânica”. “O carro e a tecnologia estão lado a lado”, complementou Straub.

Em relação à concorrência do outro lado do Atlântico, nomeadamente o software e a eletrificação dos veículos levados a cabo pela Tesla, Grote não quis comentar. Mas adiantou que a BMW “está confiante” com o que tem desenvolvido. “Em 2013 lançámos o BMW i3 e o i8 (gama elétrica)”, adiantou Straub.

Sobre o futuro da autonomia dos carros, os dois executivos demonstraram alguma prudência porque “os carros autónomos dependem do respetivo nível de autonomia e da geografia de que estamos a falar”, explicou Grote. “Haverá cidades e países melhor preparados para carros com um maior nível de autonomia do que outros”. Ainda assim, a BMW já desenvolveu o X5, um carro que “retira tempo ativo de condução ao condutor, mas que, por definição, apenas tem um nível de autonomia de nível 2 porque requer ainda a supervisão por parte do condutor”, disse. “Mas estamos confiantes de que teremos um carro autónomo de nível 3 em 2020 ou 2021”.

“É uma maratona e não um sprint”, rematou Grote.

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