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Catalunha vive um dilema: boicotar ou não visita de Filipe VI

O rei vai a Barcelona a 17 de agosto para homenagear as vítimas do atentado do ano passado, que deixou 13 pessoas mortas nas Ramblas. A ERC e Ada Calau não querem o boicote.
  • REUTERS / Sergio Perez
12 Agosto 2018, 16h00

Desde outubro do ano passado, mais propriamente desde que o rei de Espanha, Filipe VI, proferiu um discurso muito duto para as cores independentistas na sequência do referendo à independência, que Madrid considerou ilegal, que as visitas da Corte à Catalunha são sistematicamente acompanhadas pelo boicote à sua presença.

Nem todas entidades praticam esse boicote, mas a Generalitat, o parlamento catalão e mesmo o governo autárquico de Barcelona costumam evitar encontrar-se com o rei em cerimónias oficiais ou, estando presentes, tentam não ter de o cumprimentar.

O rei está prestes a viajar novamente para Barcelona, mas desta vez não há nenhuma cerimónia que pretenda impor qualquer vínculo monárquico à autonomia ou queira celebrar a unidade nacional, Filipe VI vai a Barcelona a 17 de agosto para homenagear os mortos e os feridos – e a própria cidade – no primeiro aniversário dos atentados que custaram a vida a pelo menos 17 pessoas.

De imediato se colocou em Barcelona a hipótese de as autoridades e as instituições locais (algumas delas) voltarem ao boicote que costumam cumprir perante Filipe VI. De forma de algum modo surpreendente, a Esquerda Republicana da Catalunha – um dos partidos independentistas mais à esquerda do espetro político catalão – não quer participar no boicote.

“O protagonismo é das vítimas dos ataques e das suas famílias”, diz uma publicação ligada àquele partido, para concluir que a 17 de agosto não é o independentismo que é protagonista do que quer que seja.

Mesmo alguns dos políticos republicanos presos expressaram um pedido para que as vítimas sejam os protagonistas. Segundo a imprensa local, eles mantêm a sua rejeição à figura de Felipe VI e da monarquia, mas pedem para expressá-lo fora da comemoração dos atentados terroristas.

O partido que lidera a Generalitat, o PDeCAT (em coligação com a ARC) parece não estar tão convencida da necessidade dessa separação. Quim Torra, presidente do gov erno da autonomia, insistiu esta semana em lembrar que o executivo a que preside não convidou Filpe VI para o ato que organiza o conselho da capital catalã.

Mais radical ainda tem sido o presidente do grupo dos Junts por Catalunya no Parlamento, Albert Batet. “Se o rei quer que o 17 de agosto seja uma memória exclusiva para as vítimas, a melhor coisa que ele poderia fazer era não vir”, disse no Twitter. O também alcaide de Valls acredita que Felipe VI quer usar a homenagem para limpar a sua própria imagem.

De qualquer modo, Torra e o governador assistirão ao tributo e aparecerão na foto ao lado de Felipe VI. Embora não haja um apelo para mostrar a rejeição do monarca em Barcelona, ​​há diferentes iniciativas em circulação mais ou menos nesse sentido, nomeadamente nas redes sociais.

Quem não fará parte desses movimentos será Ada Colau, presidente da edilidade de Barcelona, que pediu publicamente para que a homenagem às vítimas do atentado não fosse palco de nenhuma manifestação contra a imagem do rei.

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