O número de visitantes a templos na China aumentou 367% no primeiro trimestre do ano face aos mesmos meses do ano passado, dos quais cerca de metade nasceram depois de 1990, de acordo com o “The Guardian”, que cita dados recolhidos em páginas de viagens.
Explica o jornal britânico que uma grande parte deste aumento pode ser explicado pela reabertura de destinos turísticos e culturais com o fim das restrições decretadas durante a pandemia. Porém, outros locais religiosos estão também a registar um aumento do número de visitantes em relação aos níveis anteriores à Covid-19.
O Monte Emei, localizado na província chinesa de Sichuan e que é Património Mundial da UNESCO desde 1996, registou 2,5 milhões de visitas entre janeiro e maio deste ano, o que representa mais de 50% face ao número observado no mesmo período de 2019.
Em maio, recorda o “The Guardian”, a taxa de desemprego dos jovens entre os 16 e os 24 anos ascendeu a 20,8%. Assim, a difícil recuperação económica da China após a pandemia, a par do abrandamento dos sectores da educação, imobiliário e tecnológico reduziram as oportunidades para os recém-licenciados, levando-os a procurar outro tipo de experiência.
A expressão “incense-burning youth” (“juventude que queima incenso”) é já familiar nas redes sociais, e espelha uma tendência de aproximação ao mundo espiritual, por oposição à cultura laboral “Rat race” (que pode ser traduzida para competição desenfreada ou “corre-corre” do dia a dia).
“Entre ir para a frente e ir trabalhar, escolho o incenso”, destaca o “The Guardian” entre as frases populares associadas a este modo de vida que, para uns, pode ser uma conjugação de modos de vida, e, para outros, a afirmação do afastamento do trabalho.
Esta aproximação do mundo espiritual tem sido, também, associada ao neijuan, ou “involução”, um termo que representa um recuo nas intenções profissionais face à intensa pressão sentida pelos jovens na China no ciclo de tentativa de procura da “melhor universidade” e do “melhor trabalho”.
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