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Clima tenso no setor das telecomunicações. CEO da Huawei recusa entrevistas na Web Summit

Guo Ping, chairman do gigante tecnológico chinês Huawei, não vai dar entrevistas durante a Web Summit 2019.
4 Novembro 2019, 07h42

A guerra comercial entre os EUA e a China já tem consequências práticas na Web Summit: Apesar da Huawei conhecer bem o mercado português – opera localmente há 15 anos – e de Portugal ter sido um dos mercados europeus mais abertos ao investimento chinês e ao desenvolvimento da atividade comercial dos grupos chineses, o líder do grupo não vai conceder entrevistas por ocasião da sua vinda à Web Summit, onde hoje participa como keynote speaker. A decisão tem lugar numa altura em que a Huawei está debaixo de fogo da Casa Branca e em que vários media americanos pretendiam aproveitar a presença do gestor chinês na Web Summit para o questionar sobre vários temas ‘quentes’.

Nem num mercado pequeno como o português, sem animosidades – Portugal continua a manter um relacionamento muito favorável com a China, preservando a sua ligação histórica com Macau – com as vendas de telemóveis Huawei a “evoluírem bem”, segundo informações não quantificadas de vários operadores, mesmo assim o relacionamento da Huawei é tenso. O seu presidente executivo (CEO), Guo Ping, participa na Web Summit 2019 com uma intervenção no primeiro dia do evento – está marcada para esta segunda-feira, 4 de novembro, entre as 19h03 e as 19h18 –, abordando o 5G, a nova era que está a surgir nas comunicações móveis e o futuro dos gigantes chineses de telecomunicações. No entanto, a Huawei refere que “Guo Ping não dará entrevistas no âmbito da Web Summit”. Será, assim, um dos poucos oradores do evento que assume uma posição “hermética”. Nascido em 1966, Guo Ping é um dos principais especialistas chineses em telecomunicações, com mestrado na Universidade de Ciência e Tecnologia de Huazhong, sendo igualmente um histórico da Huawei, pois entrou na empresa em 1988, há 31 anos.

Sem esclarecer igualmente qual foi o número de telemóveis que a Huawei vendeu em Portugal, o gigante chinês refere ao Jornal Económico que “o volume de negócios global de smartphones da Huawei tem crescido de forma sustentada”. Neste sentido, explica que “os envios de smartphones da Huawei nos três primeiros trimestres de 2019 excederam as 185 milhões de unidades, representando um aumento de 26% em relação ao ano anterior”. E adianta que “a empresa assiste ao rápido crescimento em outros novos negócios, como PCs, tablets, wearables e produtos de áudio inteligentes”.

A Huawei é atualmente uma das empresas de tecnologia e de telecomunicações mais estratégicas a nível mundial, pelo investimento elevado que canaliza para a área de investigação – embora a respetiva divulgação a nível global seja relativamente imprecisa, segundo fontes do sector que alegam a inexistência de um montante consolidado que reflita os valores investidos pela Huawei em várias geografias no desenvolvimento da quinta geração de comunicações móveis e também na preparação das gerações seguintes. Esta foi uma das razões que levou as autoridades norte-americanas a travar uma política que confronta a vontade da Huawei ascender à liderança mundial da tecnologia das comunicações.

Este gigante chinês é uma das empresas do sector das telecomunicações que melhor conhece o mercado nacional, operando desde 2004 em várias áreas em Portugal. Segundo referiu ao Jornal Económico uma fonte oficial da Huawei, a tecnológica chinesa tem mantido em Portugal, nos últimos 15 anos, serviços na área de Carrier (operadores), do Consumo e na área Enterprise (de empresas). “Ao longo destes 15 anos temos contribuído para a transição digital e modernização do país – por exemplo, através do desenvolvimento das redes 2G, 3G, 4G e agora 5G – e temos merecido a confiança dos operadores, consumidores e empresas”, adianta a fonte da Huawei.

Ao longo deste período de década e meia de atividade no mercado nacional, a Huawei consolidou a operação centrada no seu escritório de Lisboa, onde emprega 120 colaboradores. De resto, a fonte da Huawei refere que “o calendário para o desenvolvimento das redes 5G em Portugal é público”, adiantando que “estamos a trabalhar com os clientes no sentido de trazer o 5G ao nosso país o mais rapidamente possível”.

“Quando falamos em 5G, falamos de um ecossistema que abrange vários stakeholders e parceiros da indústria. O nosso desafio passa por ajudar os clientes a serem bem-sucedidos neste novo ciclo de digitalização. É fundamental haver um trabalho conjunto, que permita capitalizar as oportunidades, mas também endereçar os desafios, por exemplo ao nível do espectro, infra-estruturas e colaboração entre sectores”, refere ainda a mesma fonte, admitindo que “será necessário um novo mindset para aproveitar ao máximo estes desenvolvimentos. E nós estamos cá para apoiar os clientes e colaborar com todos os stakeholders ao longo deste processo”, diz.

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