A iminência do chumbo da proposta de Orçamento do Estado para 2022 levou vários deputados socialistas a criticarem os antigos parceiros de “geringonça” por anunciarem o voto contra logo na generalidade e a lançarem alertas para o que admitem ser o regresso do centro-direita ao poder, seis anos após o segundo executivo de Pedro Passos Coelho, sem maioria absoluta após as legislativas de 2015, ter sido derrubado na Assembleia da República pelos grupos parlamentares do PS, Bloco de Esquerda, PCP e PEV e pelo então deputado único do PAN.
O deputado André Pinotes Batista defendeu no Twitter na manhã desta terça-feira, poucas horas antes do início do debate parlamentar que culminará na votação da proposta orçamental, agendada para a tarde de quarta-feira, que “o mais ‘canhoto’ Orçamento do Estado do século” contará com os votos contra do PCP e do Bloco de Esquerda, “sob o esgar de uma direita legitimamente ensalivada pela retoma do poder”.
Iniciamos hj um inesperado debate. O + "canhoto" Orçamento do Estado do século, entra na generalidade com anúncio de votos contra de @pcp_pt e @BlocoDeEsquerda, sob o esgar de uma direita, legitimamente, ensalivada pela retoma do poder. Vale a pena perceber o q está em causa:??
— André Pinotes Batista (@aapbatista) October 26, 2021
Numa longa sucessão de textos em que aponta o “significativo aumento do investimento público”, o “forte reforço do Serviço Nacional de Saúde”, o “aumento dos rendimentos dos portugueses”, a “aposta recorde na Educação” ou a “gratuitidade progressiva das creches” como motivos para que os partidos mais à esquerda aprovassem a proposta de Orçamento do Estado na generalidade, o socialista eleito pelo círculo de Setúbal termina dizendo que “ainda temos dois dias para que a racionalidade impere”.
No entanto, André Pinotes Batista também refere que é impossível o PS abdicar do rigor orçamental para fazer maiores cedências aos grupos parlamentares à sua esquerda. Isto porque, apesar de parte das regras do Tratado de Lisboa quanto aos défices orçamentais estarem suspensas e os juros em mínimos históricos, “não vai ser sempre assim”.
Num registo literalmente mais poético, o também deputado e presidente da Juventude Socialista (JS) Miguel Costa Matos citou nesta terça-feira um poema de Fernando Sabino em que se exprime “a certeza de que é preciso continuar” e apela a que “façamos da interrupção um caminho novo” e “da queda um passo de dança”.
Tal como já foi dito pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o chumbo da proposta de Orçamento do Estado para 2022 dará lugar à dissolução da Assembleia da República e à convocação de eleições legislativas antecipadas. Tendo em conta que os prazos da legislação eleitoral apontariam para uma data na época natalícia, o cenário mais provável será, a confirmar-se esse cenário, o segundo domingo de 2022, 9 de janeiro.
De tudo ficaram 3 coisas
— Miguel Costa Matos (@MigCMatos) October 26, 2021
A certeza de q estamos começando
A certeza de q é preciso continuar
A certeza de q podemos ser interrompidos antes de terminar
Façamos da interrupção um caminho novo
Da queda um passo de dança
Do medo uma escada
Do sonho uma ponte
Da procura um encontro! pic.twitter.com/cIdZ9ZKsX0
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