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Disparidade salarial com menor taxa de crescimento desde 2008

O relatório deste ano apresenta os resultados de um exame detalhado das desigualdades salariais entre homens e mulheres, de modo a compreender melhor as disparidades salariais a nível global.
27 Novembro 2018, 07h28

O novo estudo divulgado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) revela que, independentemente da zona do globo para onde se olhe, verifica-se que as mulheres (ainda) têm salários inferiores aos dos homens. No relatório sobre os salários 2018/2019, divulgado esta segunda-feira, a OIT conclui que em média, a diferença salarial é de 20%.

Os dados do relatório revelam que o crescimento global dos salários em 2017 não foi apenas menor do que em 2016, mas também caiu para a menor taxa de crescimento desde 2008, permanecendo muito abaixo dos níveis obtidos antes da crise financeira global.

O relatório analisou a disparidade salarial de 136 países, e concluiu que o crescimento dos salários globais em termos reais (isto é, ajustados pela inflação de preços) diminuiu de 2,4% em 2016 para 1,8% em 2017.

Mas as perspectivas para os trabalhadores são mais desanimadoras quando os cálculos excluem a China, onde uma população e um aumento constante dos salários influenciam fortemente os dados. Sem contar com os dados deste país ocidental, os salários só subiram 1,1% no ano passado, em comparação com 1,8% em 2016.

O relatório também apresenta tendências consistentes quando destaca diferenças substanciais entre países desenvolvidos e em desenvolvimento.

Naquilo que a OIT chama de “economias emergentes e em desenvolvimento do G20”, os salários quase triplicaram nos últimos 20 anos, incluindo um crescimento de 4,3% no ano passado. Mas nas nações desenvolvidas integrantes do G-20, os salários subiram 9% nas últimas duas décadas e diminuíram em 2017, com um aumento de apenas 0,04%.

Na Europa do Sul e Ocidental, o crescimento dos salários caiu de 1,6% em 2015 para 1,3% em 2016 e 0% no ano passado. Esta desaceleração acontece num contexto de descida da taxa de desemprego e de aumento de produtividade. Entre 1999 e 2017 a produtividade dos 52 países mais ricos aumentou 17% enquanto os salários reais avançaram 13%.

Esses números, contra o pano de fundo do crescimento económico crescente e da queda do desemprego em países de alta renda, são “intrigantes”, comentou Guy Ryder, diretor-geral da OIT.

Fatores de disparidade salarial

Ryder também chamou as persistentes diferenças salariais entre homens e mulheres de “uma das maiores manifestações de injustiça social no mundo”, vincando que “todos os países devem tentar entender melhor o que está por trás deles e acelerar o progresso em direção à igualdade de gênero”.

A OIT também analisou a importância dos fatores tradicionalmente usados ​​para explicar as discrepâncias salariais entre homens e mulheres, nomeadamente os diferentes níveis de educação.

A vantagem salarial dos homens não se deve a questões relacionadas com a sua formação e habilitações. Na realidade, refere o estudo da organização liderada por Guy Ryder, as habilitações pouco contribuem para a fixação dos salários, sendo que nos países de rendimento mais elevado contribuem com menos de 1% para esta situação. O fosso deve-se, por isso, em grande parte a razões subjetivas.

“Em muitos países, as mulheres são mais altamente educadas do que os homens, mas ganham salários mais baixos, mesmo quando trabalham nas mesmas categorias profissionais”, disse a especialista em salário da OIT e co-autora do relatório, Rosalia Vazquez-Alvarez.

”Nunca antes a consciência e o compromisso para a igualdade de género no trabalho, como bem como na sociedade, foi tão proeminente nos debates públicos nacionais e internacionais”, escreve o relatório.

Este relatório é já sexta edição da análise de rendimentos a nível global e  vem no seguimento do plano de ação do projeto ”Objetivos de Desenvolvimento Sustentável” (ODS) das Nações Unidas, que estabelece a meta de “alcançar a plena e produtiva empregabilidade e trabalho digno para todas as mulheres e homens, incluindo para os jovens e pessoas com deficiência e igualdade de remuneração por trabalho de igual valor ”até 2030.

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