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Draghi: ‘Fintech’ e tecnologia são oportunidades para reforçar estabilidade financeira

Na audição no Parlamento Europeu, o presidente do Banco Central Europeu apresentou o relatório da instituição relativo a 2016. Considerou que o crédito malparado, sobre-capacidade e ineficiências de custos continuam a pesar nos lucros dos bancos.
5 Fevereiro 2018, 16h58

O setor da banca europeia continua a enfrentar desafios estruturais, apesar da melhoria no ambiente cíclico, segundo afirmou o presidente do Banco Central Europeu (BCE), numa audição no Parlamento Europeu, esta segunda-feira. Mario Draghi defendeu que o reforço da resiliência financeira do bloco passa pela adaptação a novas realidades, como a entrada de fintechs no setor ou o Brexit.

“Apesar do melhorado ambiente cíclico, melhorias no sentimento de mercado e reforço substancial na capacidade de absorção de choques, o setor bancário europeu continua a enfrentar desafios estruturais”, disse Draghi, na apresentação do relatório do BCE relativo a 2016. “Sobre-capacidade e ineficiências de custos continuam a pesar nos lucros dos bancos de alguns mercados”.

O presidente do BCE voltou a sublinhar a necessidade de reduzir os stocks de crédito malparado e prevenir acumulações no futuro. “Reforçar a resiliência do setor financeiro da zona euro também significa adaptação a um ambiente operacional em mudança”, afirmou.

Draghi referia-se à ascensão de novas tecnologias e de empresas fintech, uma realidade que, segundo o italiano, aumenta a competição para os bancos, mas também se apresenta como uma oportunidade para aumentar valor e eficiência nos serviços.

“Outro fator determinante para o setor financeiro na zona euro é a decisão do Reino Unido de abandonar a União Europeia”, afirmou, acrescentando que não há ainda certezas sobre o futuro das relações entre UE e Reino Unido depois do Brexit. Draghi defendeu serem, por isso, necessárias, preparações para garantir uma transição suave.

Dados os desafios para a estabilidade financeira do bloco, o italiano sublinhou a importância de finalizar uma reforma do sistema bancário, que reforço a arquitetura regulatória e reduza os riscos para o setor. Em simultâneo, considerou fundamental completar a união bancária, através da implementação do Fundo Único de Resolução e do sistema europeu de segurança de depósitos. “Estes são duas peças fundamentais para o projeto da união bancária e a sua implementação não pode ser atrasada mais”, afirmou.

Política monetária ajudou recuperação, mas inflação ainda preocupa

Sobre as medidas de política monetária não convencionais implementadas na zona euro pelo BCE, o presidente da instituição defendeu que o programa de compra de ativos ajudou na recuperação económica do bloco depois da crise. No entanto, reafirmou que a inflação continua a ser o principal problema.

“Há uma década, a crise financeira global estava a começar. Hoje, enquanto mais esforços são necessários para ultrapassar o seu legado, a economia da zona euro está a expandir e o emprego a aumentar”, disse Draghi. “O rascunho [do Parlamento Europeu sobre a atividade do BCE em 2016] aponta que a política monetária tenha tido um papel-chave no processo de recuperação”.

O presidente do BCE lembrou que o produto interno bruto (PIB) na zona euro expandiu 2,5% em 2017, face aos 1,7% em 2016. Já o número de pessoas empregadas subiu cerca de 7,5 milhões desde mínimos em meados de 2013, próximo de máximos desde a introdução da moeda única, com a taxa de desemprego nos 8,7%.

“Enquanto a nossa confiança que a inflação vai convergir para a meta de uma inflação abaixo, mas perto de 2% está a fortalecer-se, não podemos ainda declarar vitória nesta frente”, afirmou, acrescentando que desde maio do ano passado que a inflação flutua entre 1,3% e 1,5%, depois de ter tocado os 2% no início do ano passado.

Draghi continua a afirmar que a resistência da inflação é uma das razões para o BCE manter o programa de compra de ativos. Em janeiro, a aquisição diminuiu para 30 mil milhões (metade do montante de aquisições mensais até ao final de 2017), estando planeada até setembro de 2018, mas Draghi tem defendido que o BCE vai manter-se no mercado de dívida além do horizonte temporal devido à política de reinvestimentos e dos ativos na folha de balanço do banco central.

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