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Ecopilhas denuncia incumprimento das metas por Portugal

Portugal deverá acabar este ano a seis pontos percentuais das metas impostas por Bruxelas em termos de reciclagem de pilhas e baterias.
28 Setembro 2017, 07h05

Portugal não está a cumprir as metas de reciclagem de pilhas e baterias impostas pela União Europeia, e vai continuar a seis pontos percentuais dos objetivos pretendidos no final deste ano. Esta é a denúncia feita por Eurico Cordeiro, diretor-geral da Ecopilhas, uma sociedade gestora de resíduos de pilhas e acumuladores. Em entrevista ao Jornal Económico no fim do Congresso Internacional sobre Reciclagem de Pilhas e Baterias, que reuniu no país cerca de 200 especialistas do setor, este responsável explicou que uma das razões para esta situação é o facto de sermos um dos países com mais baixas contrapartidas financeiras cobradas pelas entidades gestoras.

“Apesar de todos os esforços feitos em matéria de comunicação e de sensibilização dos consumidores e de termos várias entidades gestoras a operar neste fluxo de resíduos, estamos aquém das metas impostas pela União Europeia. Até 2015, era necessário recolher 25% dos resíduos, mas como as regras do jogo mudaram, desde 2016 a meta subiu para 45%. Em Portugal, em 2016, foram recolhidos 39% dos resíduos de pilhas e acumuladores portáteis, considerando o total das pilhas e acumuladores portáteis vendidas em Portugal nesse ano, ou seja, estamos a seis pontos [percentuais] de atingir a meta”, revela Eurico Cordeiro.

O director-geral da Ecopilhas entende que, “em 2017, será muito difícil atingir as metas impostas pela União Europeia: somos um dos países com ecovalores mais baixos – contrapartidas financeiras cobradas pelas entidades gestoras aos produtores, para, em nome deles, assumirem a responsabilidade pela gestão de resíduos colocados no mercado”.

“Necessitamos aumentar esses valores. Só assim poderemos equiparar-nos a outros países que, com taxas mais elevadas, criam as condições para um maior controlo e maiores taxas de recolha, assim como para a realização de campanhas de sensibilização e de comunicação que permitam chegar mais perto do consumidor e, consequentemente, aumentar as quantidades recolhidas”, defende Eurico Cordeiro. Este responsável revela mesmo que a Ecopilhas já alertou o secretário de Estado do Ambiente para esta questão.

Segundo o diretor-geral da Ecopilhas, os melhores exemplos de recolha e reciclagem de pilhas e acumuladores vêm de países como a Bélgica, a Suíça ou a Holanda, “onde existe uma única entidade gestora dedicada exclusivamente à gestão deste fluxo”.

A quantidade de pilhas e acumuladores portáteis (PAP) colocadas no mercado português pelos produtores aderentes à Ecopilhas foi, em 2016, de 1.332 toneladas. Em 2016, os resultados da recolha foram de 468,13 toneladas, mais de 35% do total das PAP colocadas. Já no que respeita às pilhas e acumuladores industriais (PAI) colocadas no mercado nacional pelos produtores aderentes à Ecopilhas, atingiram um volume de 649 toneladas, tendo sido devidamente encaminhados para a reciclagem cerca de 513 toneladas, ou seja, cerca de 79% do total.

A Ecopilhas, que tem como sócios fundadores a Cegasa, Procter & Gamble, Sony e Varta, entre outros grandes grupos industriais do setor, registou a adesão de 101 novos produtores no ano passado, tendo esta empresa sem fins lucrativos encerrado o exercício de 2016 com 647 produtores, após a suspensão de 139 por falta de preenchimento de declarações anuais de vendas ou de pagamentos dos referidos ecovalores.

Artigo publicado na edição digital do Jornal Económico. Assine aqui para ter acesso aos nossos conteúdos em primeira mão.

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