Filipa Roseta, vereadora da Habitação da autarquia de Lisboa, diz, em entrevista à “Time Out”, que o município está a “fazer o impossível” para responder à crise do sector em Lisboa. “A nossa primeira prioridade de sempre é pôr a propriedade pública ao serviço das pessoas. Não faz sentido que a Câmara tenha propriedade que não esteja a ser usada. Temos de fazer projetos e temos de construir”, refere.
“Temos 800 milhões em investimento público para habitação, previsto até 2028. É um valor enorme (…) para fazer habitação pública com rendas controladas. Temos, ainda, o apoio à renda, para permitir às famílias manterem-se nas casas onde estão. Com estes três eixos, vamos chegar a muito mais famílias do que se conseguia chegar antigamente. Já contámos cerca de mil apoios à renda e 1.600 casas entregues, de construção municipal”. Estão atualmente em obra 1.015 habitações, 747 em construção e 268 em reabilitação, informou.
Será em Marvila o primeiro projeto desenhado de raiz por uma cooperativa. Nesse contexto, a vereadora disse que, quanto ao modelo de financiamento, foi recentemente a Bruxelas “pedir que a construção de habitação cooperativa seja financiada com créditos de longo prazo e taxas de juro acessíveis. Temos falado com vários bancos para tentar perceber o que é possível. Estamos a falar de casas à volta de 150 mil euros para um T1, 220 mil para um T2 e 290 mil para um T3, portanto, mais ou menos metade dos valores do mercado. Estes valores dariam para as famílias pedirem empréstimos. Agora, isto é um formato com que os bancos não estão tão familiarizados, portanto, estamos a trabalhar nisso”.
Em termos de habitação para renda acessível, “temos mais ou menos 100 milhões de euros em obra, seja para arrendamento acessível ou apoiado. Genericamente, é metade-metade. E depois são 200 milhões de euros em candidaturas ao IHRU [Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana], para eles aprovarem e conseguirmos dar os passos sequenciais. A partir de 2025, acredito que começará a sair uma maior quantidade de edifícios. Mas nunca vai chegar [para todos] e vamos ter de ter sempre o apoio à renda, no nosso pensamento. Mesmo que se lancem os 3000 edifícios novos, além dos reabilitados, já sabemos que vai ficar gente de fora.
Já no que tem a ver com o património vazio que não pertence à Câmara, como o edificado da Santa Casa da Misericórdia, Filipa Roseta refere que “temos andado a fazer essas negociações com organizações sem fins lucrativos. Ainda não temos grande resposta para dar, mas vamos continuar a fazer essa ponte”.
Para a vereadora, a autarquia, “enquanto puder, vai continuar a esticar o apoio à renda a quem precisar. Até à data, não pôs limite nenhum. Quando abrimos um concurso, não sabemos quantos se candidatam e, até à data, temos apoiado todos. É este o nosso objetivo, até porque o apoio à renda representa um peso muito menor no orçamento da Câmara do que construir um edifício. Mas estou sempre disponível, repito, para criar consensos, para encontrar soluções”.
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