O Banco Central Europeu (BCE) começou a reduzir o seu balanço em março e é provável que acelere o ritmo do chamado quantitative tightening (QT) em julho, afirma a Fitch Ratings num novo relatório intitulado “ECB Starts QT in a More Turbulent World”.
“Tendo atingido um pico de 68% do PIB em março de 2022, superior ao de outros grandes bancos centrais, com exceção do Japão, esperamos que a dimensão do balanço diminua ao longo de vários anos, com a redução gradual das obrigações detidas pelo banco central”, diz a Fitch.
A ferramenta de política monetária contracionista aplicada pelos bancos centrais para diminuir a quantidade de liquidez ou oferta de moeda na economia está já em andamento e segundo a Fitch, vem complementar a subida das taxas diretoras do BCE e recuperará parte da margem de manobra cada vez menor para utilizar programas de compra de ativos, refere a agência de rating.
O BCE tem desempenhado um papel importante nos mercados das obrigações soberanas desde 2015, com o Eurosistema a acumular 43% das obrigações federais alemãs até junho de 2022.
Com as suas compras a superarem a emissão líquida dos governos da zona euro na maioria dos anos, a compra dos títulos de dívida dos Estados da zona euro fez baixar os custos dos empréstimos soberanos ao longo da curva de rendimentos. Mas, à medida que o ritmo da QT acelera a partir de julho de 2023 e os prazos de vencimento aumentam, haverá mais dívida soberana para ser comprada por outros investidores.
O BCE detém 4,9 biliões de euros em títulos detidos para fins de política monetária e a Fitch espera que este valor diminua em 200 mil milhões de euros até ao final de 2023.
A instituição liderada por Christine Lagarde continuará a reinvestir as receitas do seu Programa de Compra de Emergência Pandémica (que detém 1,7 biliões de euros em títulos adquiridos em 2020-2022), mas reduzirá gradualmente os 3,2 biliões de euros detidos ao abrigo do seu programa de compra de ativos (APP), incluindo o Programa de Compra do Sector Público como a sua maior componente. Os resgates ao abrigo do APP totalizam 338 mil milhões de euros (2,5% do PIB da zona euro) entre abril de 2023 e março de 2024, lê-se no comunicado na Fitch.
O facto de o BCE reduzir os seus passivos, extinguindo as reservas bancárias criadas durante a flexibilização quantitativa, poderá fazer aumentar os custos de financiamento dos bancos. Em 2023, o maior contributo para a redução das reservas excedentárias dos bancos virá da liquidação (roll-off) de cerca de metade dos restantes 1,1 biliões de euros das Operações de Refinanciamento de Prazo Alargado (Targeted Long-Term Refinancing Operations).
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