Em declarações à agência Lusa, o presidente da Associação de Produtores Florestais do Barlavento Algarvio (ASPAFLOBAL), Emílio Vidigal, considerou que as verbas “atribuídas a pequenos projetos através do Programa de Desenvolvimento Rural 2020 não pagam o custo da operação, que ronda os cerca de dois mil euros por hectare”.
“As verbas são insuficientes e o processo é extremamente burocrático, o que nos levou a pedir a prorrogação do prazo para a apresentação das candidaturas”, justificou.
O prazo para a apresentação das candidaturas ao Programa de Desenvolvimento Rural (PDR 2020) para apoio aos produtores florestais terminava em 31 de janeiro, mas foi prorrogado até ao final do mês de fevereiro.
O presidente da ASPAFLOBAL indicou que já foi explicado “várias vezes ao Governo que os dinheiros disponibilizados por hectare são insuficientes e não são atrativos para que os produtores apresentem candidaturas para cortar a madeira queimada e fazer plantações com outras espécies mais resistentes ao fogo”.
Segundo Emílio Vidigal, neste momento a associação tem concluídas 20 candidaturas, prevendo-se um total de 30 até ao final do mês, “mas são de pequenos projetos, áreas muito residuais”.
“São projetos que temos vindo a incentivar para a retirada de pequenas bolsas de eucaliptos situadas na encosta sul de Monchique, mas falamos de pequenas áreas de dois ou três hectares”, sublinhou.
O dirigente indicou que os trabalhos de retirada de eucaliptos ou árvores ardidas e a plantação de novas espécies – sobreiros, medronheiros, castanheiros – mais resistentes ao fogo “tem um custo de operação muito superior ao apoio concedido, o que desincentiva os produtores”.
“Infelizmente, o incêndio causou uma grande perda na economia florestal do concelho e as medidas florestais estão muito burocratizadas. Tem sido muito difícil responder aos proprietários florestais e vai ser muito difícil repor o potencial florestal”, destacou.
Na opinião de Emílio Vidigal, “houve alguns anúncios por parte do Governo, de disponibilidade para colaborar, mas a colaboração tem sido só em termos de apaziguar, porque em termos concretos as burocracias são muitas”.
A medida PDR2020, referiu, “não é convidativa”, até porque “não é uma medida de exceção de apoio ao incêndio de Monchique, mas, sim, uma medida genérica prevista no quadro comunitário que existe sempre”.
“Isto [os apoios florestais] não é nada específico para o incêndio de Monchique. O máximo de 600 euros por hectare não é atrativo para quem queira tirar eucaliptos substituindo-os por castanheiros ou sobreiros. Se vai gastar dois mil euros por hectare, é um apoio, porque o dinheiro concedido não paga as operações”, concluiu.
O verão de 2018 ficou marcado pelo grande incêndio de Monchique, o maior registado no ano passado em Portugal e que durante uma semana não deu tréguas aos bombeiros, consumindo mais de 27 mil hectares de floresta e terrenos agrícolas.
O fogo, que deflagrou há seis meses, em 03 de agosto, na zona da Perna Negra, em Monchique, alastrou primeiro para o Alentejo, tocando o concelho de Odemira (distrito de Beja), sem grande impacto, e logo depois, com mais violência, para Silves e Portimão (distrito de Faro), destruindo ao todo 74 casas.
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