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Itália pior que a Grécia. PIB italiano estagnado desde os anos 1990

Uma análise do jornal espanhol “El Economista” indica que a falta de reformas, a instabilidade política, a adesão ao euro e o período de recessão colocaram o país numa situação preocupante
  • REUTERS/Max Rossi
28 Março 2018, 22h13

O acumulado do Produto Interno Bruto (PIB) per capita italiano  está ao nível de 1998, sendo que cada italiano produz 26,300 euros, de acordo com os últimos dados do Eurostat. Uma análise do “El Economista” indica que a falta de reformas, a instabilidade política, a adesão ao euro e o período de recessão colocaram o país numa situação preocupante.

Num relatório do Banco Central Europeu sobre o impacto da moeda única nos países aderentes, numa perspetiva a longo-prazo, Itália surgia como o país com pior desempenho entre as economias da zona euro. Ou seja, para aquele país do mediterrâneo, a chegada do euro significou um aumento acentuado na divergência de produtividade com os países mais ricos da Europa.

O jornal espanhol aponta mesmo que Itália está pior do que a Grécia. Embora, entre 1997 e 2002, os italianos tenham avançado economicamente, a crise económica e financeira na zona euro entre 2007 e 2012 acabou por “anular” o ciclo ’97-02’

Também durante a crise, a dívida pública passou de 99,8% do PIB, em 2007, para 134,1%, publicada no terceiro trimestre de 2017, o que representa um aumento de quase 35 pontos percentuais.

Uma outra análise do banco alemão Commerzbank, citada pelo “El Economista”, afirma que “a produtividade em Itália tem sido um desastre porque os governos estabeleceram condições insuficientes para empresas, bem como o investimento em educação, investigação e desenvolvimento foi insuficiente”.

De acordo com agência de estatisitica da Comissão Europeia, o PIB per capita de Itália em 1998 era de 26,000 euros, um valor próximo do registado pela Alemanha – 28,000 euros – e acima da média europeia – 25,600 euros. Mas, em 2017, para Itália, o mesmo indicador fixava-se nos 26,300 euros. Em comparação com os 30,300 euros na zona euro e os 35,300 euros na Alemanha. Ou seja, o crescimento acumulado do PIB per capita em Itália em quase 20 anos foi de 1,15% apenas, comparando com os 26% da Alemanha.

O Commerzbank afirma, no relatório citado, que a “economia de Itália é agora tão produtiva como no ínicido da década de 1990”.

De acordo com a última análise da OCDE, também citada pelo jornal espanhol, todos os setores da economia do país transalpino mostram essa estagnação. Em países como Alemanha e França, a produtividade é maior hoje do que há vinte anos.

O resultado é “uma distância crescente entre a produtividade de Itália e de outros países industrializados, especialmente os países da zona do euro”, segundo os economistas do banco alemão, citados pelo periódico.

De acordo com a análise do “El Economista”, os problemas da economia italiana assentam, em boa parte, “nas deficiências do sistema judicial”. “Os processos de falência ou insolvência demoram cerca de dois anos, uma duração superior à de qualquer país europeu”.

Essa lentidão dificulta e desacelera o processo para que o capital e a força de trabalho seja redirecionada para outros setores mais produtivos.

Os indicadores da educação e desenvolvimento também preocupam. A Itália é o país da Europa que menos investe em investigação e desenvolvimento – o investimento representa 1,29% do PIB, em comparação com 2,13% em média na zona euro.

O investimento do governo com a educação representa 4% do PIB. Apenas Roménia e Grécia investem menos.

A instabilidade política e as mudanças de governo, segundo o “El Economista”, não ajudaram a estabelecer políticas de longo-prazo, vitais na educação ou no que diz respeito à Justiça. Desde a Segunda Guerra Mundial, a Itália teve 66 governos.

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