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Energy Starter: programa da EDP aposta nos mercados do Japão, Coreia e Índia

O programa de Energy Starter divulgou as nove startups escolhidas para o segundo track. Em entrevista ao JE, Tomás Moreno afirma que este é um programa 100% global, no entanto, existem ainda três mercados, Japão, Coreia e Índia, em que é necessário “trabalhar muito mais”.
27 Março 2024, 07h30

A Energy Starter, um programa criado pela EDP que visa acelerar o desenvolvimento de soluções para a transição energética nas startups e scaleups, vai apostar nos mercados do Japão, Coreia e Índia, segundo revelação Tomás Moreno, Head of Innovation Ecosystem at EDP Innovation, em entrevista ao JE.

“Há alguns ecossistemas em que achamos que temos que estar melhor, ou seja, que temos que aprofundar mais. Um exemplo é o Far East [extremo oriente]. Portanto, Japão, Coreia e também a Índia são três ecossistemas muito dinâmicos e em que já temos soluções. Já trabalhamos com eles, mas achamos que temos que trabalhar muito mais com eles e que há ali muita coisa por descobrir”, revelou Tomás Moreno.

Esta é a oitava edição do programa, que foi reformulado em 2022, e que conta agora com três ‘tracks’ em cada ano. O primeiro track foca-se nas redes elétricas do futuro, o segundo foca-se nas energias renováveis e hidrogénio verde e o último concentra-se em soluções ao cliente e mobilidade.

Já foram selecionadas as nove startups que vão participar no segundo track do programa Energy Starter da EDP. Este ano, o programa contou com mais de 150 candidaturas, de 40 nacionalidades diferentes. Os projetos que foram selecionados para o segundo track vão poder participar num bootcamp e open day em Singapura, que vai decorrer em abril.

O programa vai ter três startups de Singapura, a BeeX Autonomous Systems, a Quantified Energy Labs e a SunGreenH2. Duas de Israel, a enSights.ai e a First Airborne. As restantes são a Fibersail, dos Países Baixos, a Spoor AI, da Noruega, a GridStore Energy, da Austrália e a Windscape AI, dos Estados Unidos.

Quais são as expectativas para este track?

A expectativa era que consigamos manter o nível que tivemos em 2023, que foi de facto um ano muito bom para a EDP em termos de execução de pilotos, com 15 projetos-piloto lançados.

Este ano se conseguirmos sair deste track com dois, três pilotos a seis meses era um grande sucesso. E eu antecipo que vamos conseguir atingir esses objetivos, porque as soluções que lá temos são muito interessantes, e porque à medida que vamos fazendo estas iterações um dos componentes muito importante e que antecede o princípio de cada track, é um needs assessment, em que vamos falar com a nossa empresa, com a EDP e vamos ver o que é que são as preocupações, o que é que é preciso, o que é que nós devemos procurar. E à medida que vamos fazendo isto repetidamente, cada vez o tiro é mais certeiro e conseguimos trazer aquilo que achamos que de facto, ou são tecnologias mais disruptivas que nós acreditamos.

Este ano o track acontece em Singapura.

Singapura é importante para nós. Decidimos que íamos rodar os cinco hubs de inovação que existem dentro da EDP e fazíamos sempre um track numa. Portanto, o anterior foi em Santander, Espanha, onde temos atividade. Este próximo vai ser em Singapura, pela primeira vez e o seguinte, no final do ano, será em São Paulo, onde também temos um hub de inovação da EDP. O ano passado, por exemplo, este de renováveis foi em Houston, onde também temos um escritório EDP. Portanto, rodamos tipicamente em Portugal, Espanha, Singapura, Estados Unidos, Brasil.

Fazemos questão de rodar estes hubs por duas razões. Uma delas é para interagir e ativar os ecossistemas de inovação locais, tanto do ponto de vista reativo, que é darmos a ver que nós que estamos cá, que fazemos, que investimos, que fazemos pilotos e que apostamos na inovação. Portanto, para as startups virem ter connosco. Por outro lado, para nós proativamente as procurarmos. E ainda uma questão cultural, que é maximizar a cultura de inovação dentro do Grupo EDP. E por isso é importante ir junto destas equipas e fazer estes programas lá, para poderem beber um pouco desta realidade e tornar a inovação parte do dia a dia de todos nós, que é isso que nós queremos na EDP.

Depois de ajudarem as startups a cumprirem com o seu projeto-piloto, a EDP continua a trabalhar com elas ou segue cada uma o seu caminho?

Isto é inovação e a inovação passa por grandes números. Portanto, há sempre muitas que não passam, não correm bem, não evoluem como queremos. E aí avançamos para aquela máxima da inovação que é o fail fast. O  nosso trabalho nestes programas passa por três componentes, scouting, procura e identificação das melhores startups nestas áreas a nível mundial, depois o scoping, que é perceber o âmbito do projeto. Estes dois estão ligados. Perceber qual é a interação ideal entre uma startup e uma unidade de negócio ou a própria EDP Inovação, dependendo da disrupção dessa solução. Depois segue-se uma prova de conceito ou validação técnica, e o nosso verdadeiro interesse é depois que esta solução tenha uma validação técnica positiva e seja depois integrada num negócio, que é o que nós chamamos um rollout.

Portanto, o nosso trabalho acaba quando conseguimos introduzir a tecnologia no negócio, e ai passa a ser fornecedora de um dos nossos negócios, e também podemos investir nela, através da EDP Ventures.

O que acontece depois da escolha final de startups? 

Entram num módulo, que é uma oportunidade de três dias de reuniões contínuas com várias unidades de negócio EDP, várias equipas de inovação da EDP e as startups a tentar fechar este protocolo de cooperação, para fazer este piloto que muitas vezes, é o mais normal, não se extingue nesses três dias, continua nas semanas e meses a seguir até fechar esse ciclo. E efetua-se o piloto, e depois na base dos resultados e na força desse piloto, avançamos ou não para um lado com a unidade de negócio.

Ou seja, em qualquer momento do programa as startups podem ter um não. Porque podemos chegar ao módulo e dizemos olha afinal não era bem o que esperávamos, ou afinal, estamos em fases diferentes, tentamos outra vez para o ano ou não dá, mas acontece. E também acontece que saindo do módulo podemos ter três ou quatro meses de reuniões e chega-se ao fim e não chega a bom porto.

O que acontece com as startups que não chegam a bom porto?

Não acontece nada. Nós fazemos o scouting, depois estamos na validação técnica e comercial, e no meio deste processo podem acontecer muitas coisas, podem haver muitos nãos, podem falhar coisas em muitos momentos. Uma coisa que é assumida, seria impossível ter 100% de sucesso, nem o pretendemos. Passam-nos pelas mãos num ano facilmente 1500, 2000 startups. Destas nós temos contacto com umas centenas, passam para os programas, se calhar 80, 100. Se calhar vamos fazer pilotos com 15 ,20. E depois, provavelmente, uma ou duas vão ser investidas e se calhar duas ou três vão ter rollout. Isto não quer dizer que as outras tenham falhado, apenas não tiveram fit connosco, não estavam no momento certo. E isto faz tudo parte do processo.

Quando fazem os projetos-pilotos existe algum tipo de investimento da vossa parte?

O investimento é do nosso lado. Portanto, há uma coisa que é um pouco a minha filosofia, mas é a filosofia que temos adoptado aqui na EDP que é não queremos coisas gratuitas, o que é gratuito não é valorizado. Por isso os pilotos são pagos. Quando fazemos o scoping do projecto, definimos qual é o âmbito, pedimos objetivos e KPIs [indicador-chave de desempenho], há um horizonte temporal e há um custo. No entanto, estamos a falar de valores diferentes, estivermos a trabalhar com hardware, é natural que seja muito mais caro do que software. Mas mesmo se estivermos a trabalhar de software e soluções digitais, temos pelo menos o custo humano. E nós fazemos sempre questão de pagar às startups porque o trabalho delas é valorizado.

 

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