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Mudar o jogo da mobilidade em Lisboa é aposta da ITS Portugal

Com a presença de figuras internacionais importantes na área da mobilidade na conferência, o encontro também vai permitir perceber quais as práticas aplicadas em outros países, que podem vir a ser tornados realidade em Portugal. 
  • Rui Camolino, Presidente da Direção da ITS Portugal
21 Novembro 2019, 07h42

A ITS Portugal, liderada por Rui Camolino, quer liderar uma das maiores conferências na área da mobilidade e de como os sistemas e serviços inteligentes de transportes se inserem no tema, de forma a estar na vanguarda da mudança. Com a conferência ‘ITS: The Game Changer’ marcada para Lisboa, a maio de 2020, a capital portuguesa promete discutir, com parceiros nacionais e internacionais, o futuro da mobilidade.

O evento que só vai acontecer para o ano tem como objetivo mostrar os grandes processos que Portugal tem apresentado no que refere à mobilidade. Com a presença de figuras internacionais importantes na área da mobilidade na conferência, o encontro também vai permitir perceber quais as práticas aplicadas em outros países, que podem vir a ser tornados realidade em Portugal.

Em entrevista ao Jornal Económico, Rui Camolino explicou como é que os parceiros adicionam valor à discussão de mobilidade, como é que o evento se quer tornar neutro em carbono e como Lisboa, enquanto capital de Portugal, pode dar o exemplo para um sistema de mobilidade mais sustentável e integrado.

Quais serão os fatores mais importantes a marcar o congresso que vai acontecer em maio?

As questões da segurança rodoviária e da segurança dos transportes são sempre importantes, mas não menos importantes são o papel da digitalização e a sustentabilidade dos transportes – tendo em vista os compromissos ambientais assumidos pelo Governo e pela Comissão Europeia.

O tema do Congresso é “ITS: The Game Changer”. Isto significa que vemos o ITS, os sistemas e serviços inteligentes de transporte, como uma peça fundamental para apoiar as alterações sociais que se estão a verificar na área dos transportes um pouco por todo o mundo e também na Europa. Exemplos disso são o que se verificou com os táxis e os TVDE, assim como os novos sistemas de veículos partilhados suportados por plataformas e sistemas (apps) de ligação das pessoas com os veículos.

 

Lisboa está muito atrasada quando se fala em redes de transportes inteligentes?

Há muito ainda para fazer, mas tal deve-se a alguns anos de imobilismo. Atualmente, o enquadramento legal foi alterado e agora devemos aguardar para ver como o mercado reage, analisar o seu comportamento e contribuir para o seu melhoramento. Os próximos anos serão decisivos para recuperarmos esse atraso. Este congresso poderá contribuir muito para isso, pois trará para o debate o que se tem feito na Europa em resposta aos desafios da mobilidade sustentável e inclusiva e da logística urbana, mostrando algumas das alternativas possíveis.

 

Em que medida é que o CeiiA, EFACED e Siemens adicionam valor ao ITS Portugal enquanto parceiros?

Todas as empresas nacionais dedicadas a sistemas inteligentes de transporte adicionam valor a uma Associação que visa a promoção e divulgação desses mesmos sistemas. Todavia as três empresas são casos paradigmáticos disso, visto possuírem empresas ou departamentos de dimensão significativa dedicados aos sistemas inteligentes de transporte.

O CeiiA tanto na área da mobilidade como nas áreas automóveis, com diversos sistemas operacionais, e aérea, com projetos em conjunto com a Embraer. A EFACEC é um associado fundador do ITS Portugal, com um vasto leque de implementação de sistemas inteligentes de transportes tanto na área rodoviária, como na ferroviária e na aérea, embora menor.

A Siemens em Portugal tem sido particularmente ativa nos sistemas ferroviários e também nos sistemas de gestão de tráfego implementados nomeadamente na Câmara Municipal de Lisboa. Ainda assim, outras empresas devem ser referidas, pela sua importância e dimensão, como é o exemplo do grupo Brisa, no lançamento de novos sistemas e na gestão de tráfego, e a Deloitte, reconhecida mundialmente como um centro de competência nos sistemas de mobilidade associados às Smart Cities.

 

Como é que Lisboa pode dar o exemplo de mobilidade sustentável e inteligente? 

O Município de Lisboa tem vindo a dar esse exemplo já durante os últimos anos e foi por isso reconhecido o prémio de Capital Verde 2020. A adoção de várias medidas tendentes a limitar o acesso aos veículos mais poluentes e a promoção de políticas que promovem a utilização de veículos não poluentes e elétricos foram dos principais fatores que suportaram aquela distinção.

O facto de ainda existirem muitos veículos a combustão é natural e resulta das tecnologias que são utilizadas há várias décadas apesar do aumento de eficiência a que tem sido sujeitas. No entanto, a dinâmica de substituição de substituição dos veículos de combustão vai-se acentuar no futuro, pelo aumento da eficiência, da autonomia e também pela descida dos preços dos veículos elétricos.

 

Que tipo de mobilidades disruptivas vão marcar o futuro? Fala-se em hidrogénio e em ‘taxis’ aquáticos e aéreos com zero emissões.

A mobilidade urbana vai-se intensificar através de modos ligeiros (bicicleta, trotinete – elétricas ou não – andar a pé) e vamos ter modos de transporte menos poluentes, mais cooperativos e pensados nos passageiros vulneráveis. Muito provavelmente poderão ter suporte em energias renováveis, tudo depende da capacidade de inovação das pessoas. Espero apenas que não surjam forças que contrariem o caminho atualmente aberto para virmos a viver num planeta mais sustentável com uma melhor qualidade de vida.

 

Já podem ser conhecidos os nomes de figuras nacionais e internacionais que vão estar presentes no evento da ITS em 2020?

Neste momento ainda é cedo para avançar com esses nomes nomeadamente no que se refere à Comissão Europeia e ao nosso Governo, embora espere a presença do secretário de Estado das Infraestruturas, Jorge Delgado, e dos presidentes do IMT, Eduardo Feio, e da AMT, João Carvalho.

Durante a fase de candidatura recebemos ainda apoios do Ministério do Ambiente e do Mar que naturalmente esperamos continuar a merecer e ver espelhados com elementos representativos dos mesmos, além da Administração Interna, diretamente ou através da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), face ao seu envolvimento com a segurança rodoviária que é sempre um tema em destaque nestes congressos europeus.

 

De que forma pretendem declarar o evento carbono neutro? Que medidas vão ser tomadas para que isso aconteça?

O evento é declarado carbono neutro por ter todas as contribuições de carbono medidas e mitigadas por ações especificas ou através de ações de compensação suportadas pela ERTICO, isto é, pela organização responsável pela montagem do congresso europeu de sistemas inteligentes de transporte.

O ITS Portugal e a CML estão a tomar medidas que permitam desenvolver ações de compensação no município de Lisboa, por exemplo apoiando a plantação dos milhares de árvores que a CML faz todos os anos. Iremos proximamente analisar com outras Associações ITS Nacionais a possibilidade de avançar com medidas específicas que antecipadamente compensem o carbono gerado pelas viagens geradas pelos participantes dos seus países.

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