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“Não se arme em durão. Não seja tolo”. Carta de Trump para Erdogan está a levantar polémica

No documento, Donald Trump promete ainda ter garantias de que os militares curdos estão disponíveis para negociar e “fazer concessões” até agora nunca feitas.
  • Reuters
17 Outubro 2019, 10h26

Um dia depois de os militares turcos terem invadido a Síria, Donald Trump enviou uma carta a Erdogan para persuadi-lo a cancelar a operação ‘Primavera da Paz’ e  alertá-lo para não se armar num “tipo durão”. A carta foi enviada a dia 9 de outubro e divulgada, esta quinta-feira, pela Casa Branca, avança a Reuters esta manhã.

No documento pode ler-se: “Caro sr. Presidente. Vamos encontrar um bom acordo! Não quer ser responsável por assassinar milhares de pessoas e não quer ser responsável por destruir a economia turca – e eu fá-lo-ei.”.

Trump deu ordem para que a carta fosse divulgada de modo a reforçar a ideia de que a retirada dos militares norte-americanos não era o equivalente a uma luz verde para invadir a Síria, tal como Erdogan e muitos críticos afirmaram. “Não lhes dei luz verde. Quando dizem isso, é uma grande mentira”, sublinhou, em mais uma resposta às crescentes críticas sobre essa decisão. “Foi o contrário de uma luz verde. Primeiro, tínhamos muito poucos soldados aí. Na sua maioria já tinham partido”, assegurou aos jornalistas.

Fonte: Casa Branca, Reuters

 

No documento, Donald Trump promete ainda ter garantias de que os militares curdos estão disponíveis para negociar e “fazer concessões” até agora nunca feitas.

“A história olhará para si de forma favorável se fizer isto pela via certa e humana. Olhará para si para sempre como o diabo se coisas boas não acontecerem. Não se arme em durão. Não seja tolo!”, escreve, terminando com uma promessa de um telefonema para breve.

Na semana passada, após a retirada dos militares norte-americanos do norte da Síria, a Turquia lançou uma ofensiva contra a milícia curda das Unidades de Proteção Popular (YPG), também definida como uma “formação terrorista” e considerada por Ancara o ramo sírio do PKK. O objetivo é o de criar uma “zona de segurança” de 32 quilómetros de largura ao longo da fronteira entre a Turquia e Síria para manter as YPG à distância e repatriar uma parte dos 3,6 milhões de refugiados sírios que atualmente vivem em território turco.

A ofensiva abre uma nova frente na guerra da Síria que já causou mais de 370.000 mortos e milhões de deslocados e refugiados desde que foi desencadeada em 2011.

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