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Nuno Amado apela a medidas políticas de incentivo à poupança

O banqueiro apela à criação de instrumentos de poupança de longo prazo. Paralelamente apelou a um pacto de regime para a redução de dívida pública.
  • Cristina Bernardo
30 Outubro 2017, 16h06

O Presidente do BCP estava a falar na Conferência Portugal em Exame, com o tema Tempo de Investir, Poupar, Crescer, em parceria com a EY, Millennium bcp, IMGA e Ocidental Seguros.

Nuno Amado disse que o Estado tem de criar incentivos à poupança. Referiu a título de exemplo benefícios fiscais a instrumentos de longo prazo das empresas ou produtos ligados à reforma de particulares de forma a ter uma estrutura de poupança melhor. “Se houver benefícios para poupança-reforma ou equivalentes e se houver algum beneficio para o investimento em obrigações de longo prazo isso permite às empresas estruturas de financiamento mais equilibrado, com taxas melhores e permite também uma melhoria dos níveis de poupança, e não de investimento ou de consumo”, disse o presidente do BCP.

“Esse é um papel tipicamente do Estado. Espero que o Estado possa implementar algumas medidas que incentivem a poupança, a retenção, o investimento de longo prazo em instrumentos de prazo mais longos e incentivos à recapitalização das empresas no sentido da melhoria da sua sustentabilidade financeira parece-me essencial”, disse Nuno Amado.

“Existe um elevado nível de correlação entre a taxa de poupança e o crescimento económico e existe uma correlação importante entre a taxa de poupança e o défice externo e portanto quanto mais baixa a taxa de poupança melhor o crescimento e quanto mais baixa a taxa de poupança, maior o défice externo, e daí que o incentivo à poupança seja um incentivo também positivo numa lógica orçamental”, acrescentou.

Paralelamente apelou a um pacto de regime para a redução de dívida pública. “É fundamental para o país e para a sustentabilidade da dívida pública, haver um pacto de regime a prazo para reduzir a dívida pública. Todos os anos deve haver essa redução, em períodos de atividade económica normal (não deve ser só para os períodos de recessão ou de expansão). Devia ser um objetivo nacional a sustentabilidade da dívida do país”, disse o banqueiro.

Nuno Amado falava ainda do retorno do risco, citando a importância da diversificação geográfica para conter o risco. O presidente do defende a poupança em diversos instrumentos financeiros de médio longo prazo e em diversos mercados.

Falando no caso concreto do BCP, Nuno Amado salientou que o banco, que passou por dificuldades, começou a “poupar cedo”. “Estamos hoje muito mais equilibrados, com um balanço mais forte, com mais capital, com um equilíbrio de liquidez muitíssimo mais ajustado. Hoje temos condições que não tínhamos no inicio da crise. Para poder ser um ator importante na economia portuguesa”.

“Tentamos ter uma estrutura acionista diversificada e equilibrada. Tentamos ser independentes, como se prova por algumas decisões que tomámos recentemente, e queremos dar crédito”, disse Nuno Amado.

“Temos ainda de ser especialistas a apoiar decisões de poupança e investimento. A partir de janeiro vamos ter regras novas (DMIF II que entra em vigor a 3 de janeiro de 2018) na relação com os clientes”.

O stock de crédito malparado a empresas está a descer a um ritmo mais rápido do que o aumento da carteira de crédito às empresas (o crédito às empresas exportadoras está a aumentar mas a um ritmo mais lento). O que é bom para uma economia que precisa de desalanvancar, explicou ainda.

As taxas de juros do crédito a empresas também já estão ao nível da média Europa, mesmo tendo em conta o maior perfil de risco da economia portuguesa, disse.

(atualizada)

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