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O ativismo de Paula Rego em ‘Manifesto’

Uma figura feminina, ensimesmada, em postura defensiva, está ladeada por dois homens sem rosto, que ostentam uma broca e uma chave de parafusos.
18 Fevereiro 2024, 19h00

“Interrogation” (Interrogatório) saiu da imaginação de uma jovem de 15 anos, de seu nome Paula Rego. Uma cena de pesadelo que remetia para o ambiente repressivo da ditadura de Salazar, de que Paula Rego tinha perfeita consciência. Filha de pai republicano, o engenheiro eletrotécnico José Figueiroa Rego, foi educada numa casa liberal onde a rádio BBC fazia parte do quotidiano. Adolescente, já Paula Rego era sensível às desigualdades políticas e de género.

Esse espírito de observação, que ganha contornos de ativismo ao longo da sua vida, plasmado nas telas a que deu vida, foi antecipado pelo pai, o principal instigador da sua ida para Londres. Este país não era para mulheres. Menos ainda para uma mulher como Paula Rego.

Uma ‘premonição’ acertada que levou a jovem Paula até à capital britânica para estudar na Slade School of Fine Art. Tinha 17 anos e ganas de aprender. Sobre a vida e as artes, sobre o mundo e as suas injustiças. Fixou residência na capital britânica, aí conheceu o homem da sua vida, aí viveu dissabores que verteu para as telas construindo uma obra singular, inspirada na literatura e nos tormentos do quotidiano. E, se no início da sua carreira oscilou entre o surrealismo e o abstracionismo, na maturidade primou pela representação crua e grotesca, onde coube sempre a condição feminina e a vivência tradicional portuguesa como inspiração. Desafiou a ditadura e, depois da sua queda, pugnou incansavelmente pela defesa dos direitos das mulheres através da sua arte.

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