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Os desafios da proteção de dados, risco cibernético e demografia

As empresas tecnológicas vão desempenhar um papel crítico na sustentabilidade do negócio segurador. As tendências para 2019 passam pela adaptação do novo regime da Proteção de Dados com o advento do consentimento informado, pelas novas tecnologias para novos produtos e para garantir transparência, pelas alterações demográficas com o crescimento da esperança de vida e com os riscos políticos associados a empresas e a pessoas.
  • Christophe Morin / Bloomberg
25 Agosto 2018, 14h00

As empresas tecnológicas vão desempenhar um papel crítico na sustentabilidade do negócio segurador. As tendências para 2019 passam pela adaptação do novo regime da Proteção de Dados com o advento do consentimento informado, pelas novas tecnologias para novos produtos e para garantir transparência, pelas alterações demográficas com o crescimento da esperança de vida e com os riscos políticos associados a empresas e a pessoas.

No contexto nacional é relevante acompanhar o profissionalismo da distribuição potenciada pela transposição da diretiva comunitária da mediação para a legislação nacional e, ao mesmo tempo, conseguir formar os mediadores dentro da disrupção que a tecnologia vai operar. As startups vocacionadas para o setor segurador terão um papel nuclear e as autoridades de regulação, BdP, CMVM e ASF, criaram a plataforma Portugal FinLab, com lançamento previsto para o próximo mês de setembro. O objetivo é desenvolver um ecossistema que envolva o mundo fintech, insurtech e regtech. O tema da regulação nos seguros é crucial num momento de disrupção tecnológica.

A Comissão Europeia está fortemente empenhada no crescimento do setor financeiro europeu e anunciou há seis meses um projeto estratégico para tornar a UE numa plataforma mundial de vanguarda a nível de fintech e insurtech e devidamente enquadrados num modelo regulatório.

Um outro tema que tem três meses de vida é o regime de Proteção de Dados. Importa perceber o impacto no funcionamento da indústria. O nuclear, segundo analistas, tem sido a obrigação de reporte de incidentes à autoridade competente e sempre que exista risco de ameaça evidente à segurança dos dados.

A nível de desafios e citando José Almaça, presidente da ASF, a partir da apresentação que fez no início deste mês de Agosto, em S. Paulo, no evento CQCS Insurtech & Inovação, são os dados de saúde que constituem uma das matérias-primas de alguns seguros, caso do Vida, Doença ou Acidentes de Trabalho, “mas que o RGPD (Regulamento Geral de Proteção de Dados) não previu o tratamento no contexto do setor segurador”. O regulador indica como solução o facto de a proibição de tratamento de categorias especiais de dados pessoais não ser absoluta, “havendo exceções, nomeadamente, na obtenção do consentimento por parte do titular dos dados”. O tema não está resolvido em Portugal, pois a lei nacional de implementação do RGPD ainda não foi aprovada. José Almaça confirma que estão a ser analisadas soluções de Direito comparado.

Outro tem a em destaque respeita á IFRS 17 – Contratos de Seguros, uma nova norma a nível financeiro e que fará a mensuração das responsabilidades dos contratos de seguros. A nova regra entrará em vigor a 1 de janeiro de 2021. A consultora EY faz uma análise exaustiva sobre as novas exigências feitas à indústria.

Globalmente o mercado de seguros está a crescer dentro de um bom ritmo. As últimas informações da APS são de junho e revelam um crescimento dos prémios emitidos da ordem dos 15,8%, com destaque para o ramo Vida a subir 21,2%, contra 7,8% positivo do ramo Não Vida. São os PPR o produto que mais cresce com mais 27% em termos de variação homóloga. No Não Vida a economia está a puxar pelos Acidentes de Trabalho que crescem quase 17%, enquanto seguros de doença sobem 10,6% e o ramo automóvel tem uma performance positiva de 7% até ao semestre.

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