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Parlamento debate proposta do PAN que impede deputados de ter cargos em clubes ou federações

PAN propõe o alargamento do regime das incompatibilidades no exercício do cargo de deputado, de modo a impedir que os deputados possam integrar órgãos sociais de entidades envolvidas em competições desportivas profissionais, incluindo as respetivas sociedades anónimas desportivas.
20 Janeiro 2021, 07h20

Os deputados da Assembleia da República debatem e votam esta quarta-feira um projeto de lei que impede os parlamentares de ter cargos em clubes ou federações desportivas profissionais. Este é um tema quente, mediatizado no último ano pelo caso da deputada socialista Cláudia Santos, inscrito na agenda da reunião plenária após proposta do PAN.

“Com o presente projeto de lei, prosseguindo estes desígnios de reforço da transparência, de limitação das situações de conflito de interesse e de credibilização da imagem da Assembleia da República perante os cidadãos, o PAN pretende alargar o regime das incompatibilidades no exercício do cargo de deputado previsto no Estatuto dos Deputados, de modo a impedir um deputado de integrar, a qualquer título, órgãos sociais de entidades envolvidas em competições desportivas profissionais, incluindo as respetivas sociedades acionistas”, lê-se.

Ou seja, o PAN propõe o alargamento do regime das incompatibilidades no exercício do cargo de deputado, de modo a impedir que os deputados possam integrar órgãos sociais de entidades envolvidas em competições desportivas profissionais, incluindo as respetivas sociedades anónimas desportivas.

Para André Silva, porta-voz e deputado do PAN, esta é uma questão “urgente” para “credibilizar as instituições democráticas”.

A iniciativa legislativa foi tomada pelo grupo parlamentar do PAN em maio. A proposta baixou, então, à Comissão de Transparência e Estatuto dos Deputados e, no final de junho, foi aprovada pela 14.ª comissão parlamentar permanente. O projeto de lei é hoje debatido e submetido a votação, em reunião plenária.

Caso o projeto lei seja aprovado, os deputados vão deixar de poder integrar órgãos sociais de clubes, de federações ou ligas envolvidas em competições desportivas profissionais. E terão 120 dias para renunciar aos mandatos em cargos de órgãos sociais de clubes, federações ou ligas envolvidas em competições desportivas, sob pena de perda do mandato.

Desta forma, pretende-se impor aos deputados da Assembleia da República uma regra que, desde a última legislatura (2015-2019), já tem de ser cumprida por magistrados judiciais e magistrados do Ministério Público, limitando a sua participação em organismos desportivos.

“Trata-se de uma medida de elementar bom senso que aplica aos deputados limitações similares àquelas que o Parlamento aprovou em 2019 quanto aos magistrados judiciais e do Ministério Público”, defende André Silva em comunicado.

Não é uma novidade haver deputados a ocupar cargos em órgãos sociais em clubes ou federações. Contudo, o tema tornou-se sensível desde o caso da deputada do PS Cláudia Santos à inscrição do nome do primeiro-ministro, António Costa, numa lista de “notáveis” que apoiavam Luís Filipe Viera no último ato eleitoral do Benfica.

Em maio de 2020, a deputada socialista Cláudia Santos foi escolhida para a presidência do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol (FPF). Embora, um parecer da comissão parlamentar da Transparência ter considerado compatível que Cláudia Santos pudesse conciliar o cargo de deputada com a presidência do Conselho de Disciplina FPF, facto é que o caso deu celeuma e discussão, estando na origem da proposta do PAN.

Além do caso de Cláudia Santos, o deputado socialista Tiago Barbosa Ribeiro integra o conselho superior do FC Porto – um órgão onde também se encontram Manuel Pizarro, eurodeputado do PS, e os autarcas da cidade do Porto e de Gaia, Rui Moreira e Eduardo Vítor Rodrigues respetivamente.

Entre os deputados, há ainda o caso do deputado do PS Marcos Perestrello que é secretário da Belenenses-SAD.

O caso mais sonante, ainda assim, foi o de António Costa. Embora não desempenhe qualquer função num órgão social de um clube ou federação desportiva, o nome do primeiro-ministro integrou a lista da comissão de honra da recandidatura de Luís Filipe Vieira à presidência do Benfica, no último verão. A lista incluía também o nome do autarca de Lisboa, Fernando Medina.

António Costa ainda garantiu que o seu apoio a Luís Filipe Vieira era um assunto que “nada” tinha “a ver com a vida política”. Mas o episódio gerou polémica e só terminou quando o presidente do Benfica decidiu retirar da lista todos os nomes de autarcas, deputados e membros do Governo.

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