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Drahi prolonga prazo para propostas pela Altice Portugal

O empresário Patrick Drahi e o grupo Altice alargaram o prazo para a apresentação de ofertas vinculativas (binding offers) pela Altice Portugal, sem estipular um limite, apurou o Jornal Económico. É mais um volte-face num processo que se arrasta desde setembro do ano passado.
1 Abril 2024, 07h30

O empresário Patrick Drahi e o grupo Altice alargaram o prazo para a apresentação de ofertas vinculativas (binding offers) pela Altice Portugal, sem estipular um limite, apurou o Jornal Económico. É mais um volte-face num processo que se arrasta desde setembro do ano passado.

Os bancos de investimento Lazard e BNP Paribas foram mandatados para encontrar compradores para a empresa dona da MEO, em setembro. O processo recebeu dezenas de manifestações de interesse e culminou com três candidatos a entregarem as propostas vinculativas, da operadora estatal da Arábia Saudita, Saudi Telecom; do grupo Iliad, do milionário francês Xavier Niel, responsável pela operadora Free em França; e de um consórcio que junta os fundos Warburg Pincus e Zeno Partners e que tinha como aliado António Horta-Osório.

Mas a proposta do consórcio dos fundos de private equity ofereceu um preço muito abaixo do pretendido pela Altice Europa, pelo que ficou de fora. O valor da oferta rondava os 6 mil milhões de euros, substancialmente abaixo do montante estimado por Patrick Drahi para a alienação da operação portuguesa, isto é, entre 8 e 10 mil milhões de euros.

Na segunda fase do processo os dois candidatos que estão na corrida começaram as due-diligences, que ainda decorrem, sabe o Jornal Económico.

Mas este não tem sido um processo de venda muito organizado, e mais uma vez a Altice decidiu abrir o processo a mais propostas vinculativas e agora “sem prazo”, segundo as nossas fontes. A tentativa de obter o maior encaixe possível pode explicar esta nova demárche da empresa fundada por Patrick Drahi.

A Saudi Telecom é a candidata mais empenhada em comprar a Altice Portugal, que detém a MEO, uma vez que terá oferecido o preço mal alto, e na assessoria conta com o banco Morgan Stanley (assessoria financeira) e com a sociedade de advogados PLMJ, mais concretamente com o sócio Diogo Perestrelo.

Ao que o Jornal Económico apurou, a VdA está a assessorar juridicamente o grupo francês Iliad, com uma equipa liderada pela sócia Cláudia Cruz Almeida, enquanto o Société Générale tem a seu cargo a assessoria financeira.

A venda de ativos do grupo Altice tinha sido anunciada pelo fundador Patrick Drahi no final do ano passado, como medida essencial para reduzir a dívida de 55 mil milhões, 24 mil milhões relativos à operação em França, segundo números do terceiro trimestre do ano passado.

A pressionar o grupo Altice está o facto de a agência de notação financeira Moody’s ter cortado a avaliação de crédito da Altice France de B3 para Caa2, ficando apenas três níveis acima da notação “C”, que classifica as empresas em incumprimento e cuja dívida apresenta baixas perspetivas de recuperação.

A notação de Caa2 atribuída na quarta-feira, 28 de março, à subsidiária da Altice para o negócio francês aplica-se a empresas cujas obrigações “estão sujeitas a crédito de risco muito alto”, segundo a tabela da Moody’s.

O Governo tem possibilidade de intervir na venda da Altice Portugal ao abrigo do Decreto-Lei nº 138/14 de 15 de Setembro, que estabelece um regime de salvaguarda dos ativos estratégicos essenciais para a garantia da segurança pública.

O anterior Governo tinha já admitido publicamente que considerava a Altice Portugal um ativo estratégico, designadamente, na área das comunicações.

O então secretário de Estado da Digitalização e Modernização Administrativa, Mário Campolargo, considerava a Altice Portugal “um ativo estratégico com importância para a soberania nacional”, tendo dado o exemplo da “importância dos cabos submarinos, as antenas e satélites e referiu ainda os serviços de emergência como o SIRESP”.

A venda da Altice carece de autorizações de vários reguladores, desde a Concorrência (incluindo a DG Comp europeia), aos reguladores das telecomunicações, passando pela Autoridade Nacional de Segurança (ANS) por causa dos cabos submarinos.

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