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“Podemos pensar em mudanças profundas na forma de organizar o trabalho e os escritórios”, prevê advogada

Rita Lufinha Borges, sócia da Miranda & Associados, refere que estes serão dois dos próximos impactos nos imóveis e no mercado de arrendamento nacional.
6 Maio 2020, 07h25

A forma como se organiza o trabalho e os espaços dos escritórios em Portugal sofrerá “mudanças e ajustamentos profundos” a médio e longo prazo, prevê a advogada Rita Lufinha Borges (RLB), sócia e co-responsável por Imobiliário na Miranda & Associados.

Só o centro de negócios português Avila Spaces registou um aumento nominal de 38% na procura pelos seus “escritórios virtuais” entre fevereiro e março. O cowork, que tem uma solução para permitir que os ‘teletrabalhadores’ recebam o correio e telefonemas num local e tenham uma morada em Lisboa. “As pessoas que estão a trabalhar a partir de casa continuam a necessitar de um atendimento telefónico personalizado, de um local para receber a correspondência, e de alguém que garanta que todo o trabalho administrativo é feito de maneira simples e eficaz”, garante o CEO, Carlos Gonçalves, que viu o número de clientes desta modalidade subir para 491 devido à impossibilidade que muitos empresários tiveram de trabalhar num espaço físico devido ao novo coronavírus.

A pandemia de Covid-19, além de condicionar a procura, oferta e as decisões de investimento no mercado de arrendamento, obrigou os agentes a ajustarem-se à situação, procurando encontrar “pontes” para acordos”. “Num primeiro momento, o comportamento dos agentes foi determinado pela situação de lockdown e quebra de receitas ou rendimentos, que afeta desde logo a capacidade de muitos arrendatários de cumprir obrigações como o pagamento de renda e/ou a utilização do espaço arrendado. O legislador reconheceu este impacto e desde cedo procurou proteger os arrendatários”, lembra a jurista.

Questionada sobre o facto de o ministro do Ambiente ter referido, em entrevista ao jornal “Público”, que o arrendamento de longa duração irá emergir no centro das cidades, Rita Lufinha Borges admite que “é possível” que isso venha acontecer, até porque num recente webinar sobre o tema foi referido que se estava a assistir à colocação no mercado de unidades para arrendamento que estavam antes destinadas a alojamento local e que nalgumas zonas os preços até haviam tido um ligeiro aumento. A advogada antecipa que esta tendência possa continuar, uma vez que não existem previsões de que, a breve prazo, o turismo volte ao dinamismo do ano passado.

“A evolução da situação financeira das empresas e dos particulares, investidores e do próprio Estado, será neste contexto um fator a ter em conta. Não se concretizando alguns dos investimentos de aquisição é possível que algumas unidades sejam também redirecionadas para o mercado de arrendamento. Isto quer para investimento estrangeiro e institucional, quer para o investimento doméstico”, explica Rita Lufinha Borges.

A sócia da Miranda alerta ainda que não desapareceram as limitações e os riscos “que genericamente se percecionam associados aos arrendamentos habitacionais”, o que terá também efeitos “na ponderação entre confiança e necessidade.

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