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Poder dos Media em debate: “O grande erro dos media foi o caminho para os conteúdos grátis”

O estado da comunicação social em Portugal esteve em debate esta terça-feira num dos maiores eventos de transformação digital do país, o Building The Future, promovido pela Microsoft.
28 Janeiro 2020, 14h41

O estado da comunicação social em Portugal esteve em debate esta terça-feira num dos maiores eventos de transformação digital do país, o Building the Future, promovido pela Microsoft. O tema lançado ao diretor-geral de informação da Impresa, Ricardo Costa, ao diretor da Rádio Comercial, Pedro Ribeiro, ao presidente da RTP, Gonçalo Reis e ao presidente executivo da Sport TV, Nuno Ferreira Pires, foi como a tecnologia pode impactar no negócio dos media.

Ricardo Costa foi o primeiro a usar da palavra, afirmando, em primeiro lugar, que “a comunicação social deve ser um contrapoder, nunca um quarto poder, e ajudar a controlar e regular os poderes instituídos”.

Para o responsável da informação do grupo Impresa, dona da SIC e do semanário Expresso, a questão que se coloca hoje à comunicação social advém da difusão de informação nas plataformas das chamadas Big Tech, como o Google ou o Facebook, onde “a informação não é neutral”.

Do lado dos media tradicionais, Ricardo Costa argumentou que “o grande erro dos media foi o caminho para os conteúdos grátis”. Comparando o caso do “Financial Times”, que com o advento da internet e das redes sociais aumentou o preço em banca das suas edições e fechou os seus conteúdos a quem não era assinante, com o “The Guardian”, que nas mesmas circunstâncias manteve a sua política de deixar os seus conteúdos abertos a todo o público.

Para Ricardo Costa, lembrando que estaria a simplificar uma situação complexa, a dicotomia entre Financial Times e o The Guardian revela quem está melhor no mercado

“Há uma geração que se habituou a ter tudo à borla. Foi o maior erro que a comunicação social cometeu”.

Pedro Ribeiro, por sua vez, defendeu que “o principal desafio dos media é distinguir o trigo do joio”. Para o diretor da Rádio Comercial, “o mundo não é a preto e branco” e o Facebook e o Google “não são o demo”. Até por existirem media que recorrem às suas plataformas para difundirem conteúdos e cederam “ao clique”.

Por isso mesmo, Ricardo Costa acredita que o futuro passa por saber como os media poderão monetizar os seus conteúdos. “Vai ter de haver um reequilíbrio”, afirmou, apontando para a necessidade de distinguir e defender os direitos de autor, direitos de distribuição e direitos de produção.

Quanto ás Big Tech, Ricardo Costa disse que empresas como a Google e a Facebook não deviam “poder alegar” não ter responsabilidade nos referidos conteúdos de informação “não neutral”, a partir do momento em que monetização esses conteúdos.

“No futuro só vai haver suporte digital”, sentenciou Pedro Ribeiro, lembrando que no caso das rádios, são “as estações de informação que cada vez mais têm dificuldades em conseguir financiamento”.

O presidente da RTP, Gonçalo Reis não discordou na sua intervenção.

Já Nuno Ferreira Pires, CEO da Sport TV, disse que “o que está em causa não é o conteúdo, é a forma de distribuição”.

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