[weglot_switcher]

PS recomenda ao Governo a classificação do “Teatro Portalegrense” como imóvel de interesse público

O PS quer que o Exeutivo desenvolva as diligências necessárias para a classificação do “Teatro Portalegrense”, à venda no OLX por 350 mil euros, como imóvel de interesse público. A ministra da Cultura, Graça Fonseca, já sinalizou ter pedido a avaliação deste edifício emblemático para saber da possibilidade de classificação do imóvel.
22 Fevereiro 2019, 17h40

O PS quer que o Governo classifique o “Teatro Portalegrense”, que está à venda no OLX por 350 mil euros, como imóvel de interesse público. Recomendação consta de um projecto de resolução, assinado pelo deputado socialista, Luís Testa, que deu entrada no Parlamento nesta quarta-feira, 20 de fevereiro, onde é realçado  que este emblemático edifício “constitui um imóvel de valor histórico, patrimonial, cultural e social incalculável para Portalegre”.

No projecto de resolução, o PS recomenda ao Governo que “desenvolva as diligências necessárias para a classificação do “Teatro Portalegrense”, como imóvel de interesse público”, depois de recordar que na passada terça-feira, 19 de fevereiro, foi notícia a nível nacional, em vários jornais e estações televisivas, um anúncio de venda colocado numa plataforma de vendas online do edifício do antigo Teatro Portalegrense.

A ministra da Cultura, Graça Fonseca, já disse na terça-feira ter pedido a avaliação do Teatro Portalegrense para saber da possibilidade de classificação do imóvel. “O que solicitei é que internamente, ao nível da Direção-Geral de Património Cultural (DGPC), fosse avaliada a possibilidade ou não da classificação do imóvel e, face a essa avaliação, o que poderia ou não ser a limitação de usos para um património que hoje é privado”, disse Graça Fonseca.

O PS recorda, no projecto de resolução, que O Teatro Portalegrense foi palco de momentos marcantes para a história da cidade e das suas gentes, mas também para a história do teatro português. Foi neste teatro que José Régio estreou a sua primeira peça, ‘Sonho de uma Véspera de Exame’, interpretada em 1935 pelos seus alunos finalistas do Liceu de Portalegre.

Ainda que já no final da sua vida útil enquanto teatro, acrescenta, foi no Portalegrense que a lendária atriz Amélia Rey Colaço protagonizou a sua última aparição pública, na peça “El-Rei Sebastião”, também de José Régio.

O Teatro Portalegrense permaneceria na posse da sociedade por ações desde a sua fundação até 1920, ano em que é adquirido por Jorge Frederico Vellez Caroço, figura icónica e marcante da história recente de Portalegre e proprietário, à época, de todas as salas de espetáculo da cidade, como o Cine-Parque. Em 1937, o Portalegrense é vendido a um particular, cuja família o mantém na sua propriedade.

Enquanto sala de espetáculos, o Teatro Portalegrense iniciaria um período de decadência a partir de 1956, com a inauguração do Teatro Crisfal, do mesmo proprietário do Portalegrense, ainda que mantivesse a atividade teatral até meados da década de 1980.

Para o PS, “as memórias, a importância emocional e simbólica e a defesa da traça original do edifício não se esgotam na sua extensa história de mais de 150 anos como sala de espetáculos, visto que ela ainda se perpetua em várias gerações de portalegrenses que conheceram neste notável edifício histórico a sede do Grupo Desportivo Portalegrense”. Foi aqui, recorda o deputado socialista, que durante o final da década de 80 e grande parte da década de 90 marcou a vida social dos portalegrenses, enquanto salão de baile que tornava este espaço um local recreativo por excelência.

No projecto de resolução, o deputado Luís Testa realça ainda que perante o elevado grau de risco de ser colocada em causa mais de 160 anos de história e de um edifício que mantém em traços gerais a sua constituição patrimonial, cultural e artística que remonta a 1858, “cumpre assegurar a sua classificação patrimonial”.

 

Verdes também  questionam Governo sobre venda no OLX

Também num pergunta entregue na Assembleia da Repúblic anesta semana,  Os Verdes alegam que o teatro, propriedade de privados, está em “estado de degradação” e não conta com um estatuto de proteção que o “resguarde de utilizações e de intervenções que poderão levar a profundas alterações arquitetónicas e à adulteração das suas características”.

O grupo parlamentar do PEV quer saber “quais as justificações apresentadas” para que o Teatro Portalegrense não fosse considerado de interesse nacional e qual o parecer da autarquia sobre essa pretensão.

Os ecologistas questionam ainda o Ministério da Cultura sobre que medidas pretende tomar para que “este património tão valioso para a cidade de Portalegre não se venha a perder e possa manter as características de uso e usufruição pública cultural”.

O PEV diz ter sido com “estupefação e tristeza” que tomou conhecimento que o Teatro Portalegrense está à venda na plataforma OLX, podendo vir a ser “transformado” num hotel.

“Esta informação é tanto mais triste quanto este teatro, um dos mais antigos do país, tem indiscutivelmente um interesse patrimonial, não só pelo lugar que ocupou na história do teatro português e da vida cultural local, nomeadamente pela sua ligação à obra de José Régio, com o que ocupa ainda hoje na memória dos portalegrenses, mas também pelo testemunho arquitetónico que representa”, lê-se num comunicado do partido.

Agora, está à venda no OLX por 350 mil euros. O anúncio para a venda do emblemático edifício, que começou a ser construído em 1854, foi colocado há 12 dias no site de comércio eletrónico.

A história revelada pelo Diário de Notícias e pelo jornal Público revela que não há em curso nenhum projeto de remodelação do teatro, uma vez que a autarquia não tem condições financeiras para fazê-lo.

O anúncio indica que, uma vez que está no centro histórico de Portalegre, o teatro tem 30% de desconto anual do IMI e está isento de certificado energético.

No anúncio, o proprietário do edifício revisita o percurso do teatro, escrevendo que se trata de um teatro único e com uma grande história. Na noite inaugural do Teatro de Portalegre, em 1958, subiu à cena o “Alfagême de Santarém”, de Almeida Garrett.

É o sexto teatro mais antigo do país, entre aqueles que restam da geração de salas construídas no interior do país inspiradas no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa.

Foi aqui que José Régio levou à cena a primeira peça de teatro, com Artur Semedo no elenco. Foi também neste palco que Amélia Rey Colaço atuou pela última vez, em “El-Rei Sebastião”.

O Teatro de Portalegre está disponível para venda desde 2013, sem que, até ao momento, qualquer comprador se tenha mostrado interessado.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.