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Relatório publicado na Social Science Research conclui que há 186 bancos nos EUA em risco de falharem

O estudo é avançado pela Business Today. Mas, é importante notar que a investigação não considera os instrumentos de cobertura de risco, o que podem proteger muitos bancos contra o aumento das taxas de juro.
  • Andrey Rudakov / Bloomberg
19 Março 2023, 16h57

Há 186 bancos dos EUA em risco de falência semelhante ao Silicon Valley Bank, segundo uma investigação publicada na Social Science Research Network intitulada “Monetary Tightening and US Bank Fragility in 2023: Mark-to-Market Losses and Uninsured Depositor Runs?’

Um novo relatório concluiu que 186 bancos nos EUA estão em risco de falência devido ao aumento das taxas de juro e a uma elevada proporção de depósitos não segurados pelo Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), avança a publicação Business Today.

A investigação, publicada na Social Science Research Network intitulada “Monetary Tightening and US Bank Fragility in 2023: Mark-to-Market Losses and Uninsured Depositor Runs?’ estimou a perda de valor de mercado dos activos de bancos individuais durante a campanha de aumento de taxas da Reserva Federal. Activos tais como Obrigações do Tesouro e empréstimos hipotecários podem diminuir de valor quando novos títulos têm taxas mais elevadas.

O estudo também examinou a proporção de financiamento dos bancos que provém de depositantes não segurados com contas de valor superior a 250 mil dólares.

Se metade dos depositantes não segurados retirasse rapidamente os seus depósitos destes 186 bancos, mesmo os depositantes segurados poderiam enfrentar perdas, pois os bancos não teriam ativos suficientes para cobrir todos os depositantes. Isso poderia forçar o FDIC a intervir, de acordo com o documento.

Mas, é importante notar que a investigação não considera os instrumentos de cobertura de risco, o que podem proteger muitos bancos contra o aumento das taxas de juro.

“Mesmo que apenas metade dos depositantes não segurados decidam retirar-se, quase 190 bancos correm um risco potencial de imparidade para os depositantes segurados, com potencialmente 300 mil milhões de dólares de depósitos segurados em risco. Se os levantamentos de depósitos não segurados causarem mesmo pequenas vendas de incêndio, um número substancialmente maior de bancos está em risco”, observou o relatório.

A falha do Silicon Valley Bank serve como exemplo dos riscos colocados pela subida das taxas de juro e pelos depósitos não segurados. Os activos do banco perderam valor devido ao aumento das taxas, e clientes preocupados retiraram os seus depósitos não segurados. Como resultado, o banco teve de vender os ativos e realizar as perdas que de potenciais passaram a reais, para ter liquidez para cumprir com o levantamento dos depósitos. Mas com os ativos desvalorizados não conseguiu cumpriu as suas obrigações para com os seus depositantes e foi forçado a fechar.

Os economistas que realizaram o estudo alertaram que estes 186 bancos estão em risco de um destino semelhante sem intervenção ou recapitalização governamental. As conclusões sublinham a importância de uma gestão cuidadosa do risco e da diversificação das fontes de financiamento dos bancos para garantir a sua estabilidade face às flutuações do mercado.

O Silicon Valley Bank, outrora um actor proeminente na indústria bancária, entrou em colapso após ter lutado para fazer face ao aumento das yields da dívida pública norte-americana que corroeu o valor dos seus activos. O banco foi encerrado pelos reguladores californianos na sexta-feira passada, e a Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC) foi nomeada como receptora. Isto marca a maior falência bancária desde a crise financeira de 2008, quando o Washington Mutual foi à falência.

O Silicon Valley Bank tentou recuperar das suas perdas vendendo uma carteira de tesouros e títulos garantidos por hipoteca à Goldman Sachs com um prejuízo de 1,8 mil milhões de dólares. No entanto, não conseguiu reunir uma aumento de capital de 2,25 mil milhões de dólares em novas ações ordinárias e ações convertíveis preferenciais para tapar o buraco. Os clientes do banco ficaram cada vez mais preocupados e levantaram os seus depósitos, causando 42 mil milhões de dólares em fluxos de saída em apenas um dia.

Numa tentativa de salvar os seus negócios, o Silicon Valley Bank anunciou no início desta semana que estava a explorar alternativas estratégicas para a sua holding, a SVB Capital, e a SVB Securities.

“A empresa afirmou que os fundos da SVB Securities e da SVB Capital e as entidades parceiras gerais não estavam incluídos no registo do Capítulo 11. A empresa acrescentou que tencionava prosseguir com o processo de avaliação de alternativas para os seus negócios, bem como para os seus outros activos e investimentos”, lê-se no artigo da Business Today.

Na sequência da insolvência do Silicon Valley Bank nos EU, o HSBC, o maior banco da Europa, anunciou a compra da subsidiária britânica do banco norte-americano Silicon Valley Bank (SVB), pela quantia simbólica de uma libra (1,13 euros).

Na quinta-feira o governo norte-americano e os grandes bancos dos EUA juntaram-se para avançar com um plano de resgate com 30 mil milhões de dólares ao First Republic Bank, num dia em que tombava em bolsa cerca de 36%. A instituição financeira de São Francisco – especializada em banca privada e gestão de fortunas – começou a explorar opções estratégicas, incluindo uma potencial venda, após ter visto o seu “rating” cortado para o nível de “lixo” tanto pela Fitch como pela Standard and Poor’s.

Um grupo de bancos – incluindo o JPMorgan, o Citigroup, o Bank of America, o Wells Fargo, o Morgan Stanley ou o PNC Financial Services Group – veio em socorro do banco num plano, liderado pela administração liderada por Joe Biden. O resgate passa pela injeção de 30 mil milhões (28 mil milhões de euros) em depósitos para estabilizar o banco.

O CNBC avançou que 11 instituições vão depositar três montantes diferentes no banco First Republic, que sofreu uma forte desvalorização nos últimos dias após a falência do Silicon Valley Bank. As empresas que vão resgatar o First Republic têm de ficar no banco por quatro meses (120 dias). O Bank of America, Wells Fargo, Citigroup e JPMorgan vão depositar, cada um, cerca de cinco mil milhões de dólares; Goldman Sachs e Morgan Stanley vão contribuir com perto de 2,5 mil milhões de dólares; os restantes bancos – Truist, PNC, U.S. Bancorp, State Street e Bank of New York Mellon vão injetar perto de mil milhões de dólares cada, detalhou a CNBC.

Numa semana, três bancos norte-americanos colapsaram, um deles o 16º maior banco em ativos. Para além do Sillicon Valley Bank (SVB), da California, também faliram o Signature Bank, de Nova Iorque, e o Silvergate da California, todos ligados à alta tecnologia.

O colapso do SVB, depois de uma corrida ao banco, ocorreu na sexta-feira dia 10, tornando explícita a crise financeira que estava latente. O fecho do Signature foi decretado em pleno domingo (dia 12) e o Silvergate, ligado à especulação com bitcoins (fraude do FTX), colapsou na segunda-feira (dia 7), com menos alarido que os outros.

Bancos dos EUA pedem às autoridades que garantam todos os depósitos

Segundos a Lusa, uma aliança de bancos norte-americanos pediu aos reguladores federais que garantissem todos os depósitos dos seus clientes durante dois anos, independentemente do valor, para evitar um contágio após a falência de dois bancos.

Atualmente, nos Estados Unidos, a agência responsável pela garantia dos depósitos (FDIC) protege os depósitos bancários até 250 mil dólares (232.500 euros), mas a carta, citada pela Bloomberg, pediu no sábado a proteção de todos os depósitos, mesmo acima do limite.

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