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Respostas Rápidas. Caso “Tutti Frutti”: o que está em causa?

Caso está a ser investigado desde 2016 e está relacionado com a distribuição de avenças para trabalhos fictícios e negócios de muitos milhões celebrados com empresas em ajustes diretos. Saiba o que está em causa.
  • André Kosters/Lusa
24 Maio 2023, 11h20

Dois ministros do atual Governo, três presidentes de junta de freguesia do PSD em Lisboa e um empresário que é hoje deputado na Assembleia da República foram envolvidos na operação “Tutti Frutti”. Este caso, que está a ser investigado desde 2016, está relacionado com a distribuição de avenças para trabalhos fictícios e negócios de muitos milhões celebrados com empresas em ajustes diretos. Saiba o que está em causa.

Como surgiu a operação “Tutti Frutti”?

Esta operação remonta a 2016, sendo que a investigação teve início após a existência de várias denúncias anónimas relacionadas com a contratação da empresa AmbiGold, que garantiu contratos de limpeza de jardins de três freguesias do concelho de Lisboa.

Do que trata a reportagem da TVI?

Uma reportagem emitida esta terça-feira à noite pela TVI sobre uma alegada troca de favores entre PS e PSD na preparação das listas para eleições autárquicas de 2017, de forma a garantir a manutenção de certas freguesias lisboetas.

Que nomes são citados neste caso?

No caso são citados o antigo presidente da Câmara de Lisboa Fernando Medina (atual ministro das Finanças), o ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, e o ex-deputado do PSD Sérgio Azevedo.

A reportagem da TVI cita, por várias vezes, indícios da procuradora Andrea Marques e da Polícia Judiciária, incluindo escutas telefónicas e emails apreendidos do computador de Fernando Medina.

A peça remete ainda para “acordos políticos entre Sérgio Azevedo (PSD), Duarte Cordeiro e Fernando Medina (PS) para a colocação de pessoas em lugares para avenças e posições estratégicas” em 2017, detalhados por uma investigadora da PJ num relatório do processo Tutti Frutti.

Já existem reações dos visados?

Confrontados com as suspeitas reveladas pela CNN Portugal, Fernando Medina e Duarte Cordeiro já vieram negar qualquer envolvimento em alegados esquemas de corrupção.

Duarte Cordeiro afirmou esta terça-feira à noite que não foi “chamado ou ouvido pelo Ministério Público” sobre uma alegada troca de favores entre o PS e o PSD em Lisboa. “Nunca, em nenhum momento, fui chamado ou ouvido pelo Ministério Público (MP) sobre qualquer tema relacionado com estes assuntos”, disse o ministro em resposta à Lusa sobre alegadas suspeições de favorecimento. Duarte Cordeiro garante ainda que não teve “qualquer responsabilidade nem intervenção no processo relacionado com o projeto Torre de Picoas”, outro tema alegadamente investigado pelo MP.

“O PS nas eleições de 2017 não só não fez qualquer pacto como, aliás, ganhou mais duas freguesias do que as que tinha antes dessas eleições, uma das quais conquistada ao PSD [Avenidas Novas]”, afirmou o agora ministro do Ambiente.

Duarte Cordeiro assinala ainda que o partido “fez um outro acordo coligatório com o Partido Livre que encabeçou as listas autárquicas para a Freguesia da Estrela e Areeiro” e que na Freguesia de Santo António e Belém “as escolhas foram, desde logo, das secções do PS do território em causa”.

E dos partidos da oposição ao Governo?

O presidente do PSD defendeu hoje ser necessário “saber a verdade e tirar consequências” sobre a alegada troca de favores entre o PS e os sociais-democratas em Lisboa, exigindo que a justiça “seja rápida e conclua” a investigação.

“É impossível pactuar com a corrupção da democracia. Temos de saber a verdade e tirar consequências. Exige-se que a justiça seja rápida e conclua esta investigação”, sublinhou Luís Montenegro numa publicação na rede social Twitter.

André Ventura, presidente do Chega, também reagiu via Twitter: “Fernando Medina e Duarte Cordeiro não podem continuar no Governo depois de hoje. Simplesmente não podem! Volto a apelar ao Presidente da República: demita o Governo, as instituições estão em degradação acelerada e inaceitável!”.

Rodrigo Saraiva, líder parlamentar da Iniciativa Liberal, considera que esta notícia “é um alerta para todos os partidos”: “Todos os atores políticos devem ficar alertados com estas revelações e deve haver exigência dos portugueses para com os seus eleitos”, destacou este responsável.

O PCP considera que é preciso tirar responsabilidades enquanto o PAN diz que estas novas revelações “minam a credibilidade do poder político e do Governo”.

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