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Seca reduz área de cultivo de cereais de inverno a mínimos de 100 anos

Nos últimos quatro anos, a quebra registada na área instalada com cereais de inverno (trigo mole, trigo duro, triticale, centeio, cevada e aveia) foi reduzida em 26,5%.
20 Fevereiro 2018, 12h36

A área agrícola destinada aos cereais de inverno deverá cair 6,9% na campanha deste ano, face à de 2017, para 122 mil hectares, a menor área dos últimos 100 anos e um mínimo histórico, desde que existem registos sistemáticos, segundo os dados divulgados esta terça feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Nos últimos quatro anos, a quebra registada na área instalada com cereais de inverno (trigo mole, trigo duro, triticale, centeio, cevada e aveia) foi reduzida em 26,5%.

Esta evolução, no último ano, é explicada pela seca, apesar da melhoria verificada e de nenhuma das regiões de Portugal se encontrar já, em janeiro, em situação de seca extrema.

“A instalação dos cereais de outono/inverno decorreu em pleno período de seca meteorológica e com perspetivas de manutenção do quadro de escassez de precipitação, com teores de humidade dos solos muito baixos. Este panorama conduziu a uma diminuição generalizada das áreas destas culturas face à campanha anterior”, explica o INE.

A redução estimada para a área de centeio e de aveia é de 5%, no caso do trigo mole, triticale e cevada é 10% e no trigo duro de 15%.

A informação divulgada pelo INE mostra que a superfície ocupada por cereais de inverno teve um pico no final da década de 1950, com 1,6 milhões de hectares, mas que tem caído de forma sistemática desde essa altura.

O INE refere, no entanto, que as sementeiras mais tardias (finais de novembro) beneficiaram da precipitação da primeira quinzena de dezembro e “germinaram bem. A maioria das searas encontra-se na fase do afilhamento, com povoamentos regulares e desenvolvimento vegetativo normal. Foi possível realizar atempadamente as adubações de cobertura, ficando a sua absorção (e, consequentemente, a eficácia da sua aplicação) dependente dos níveis de precipitação futuros”.

 

Olival aumenta produção

Pelo contrário, no caso da azeitona, o INE prevê uma produção 25% superior à da campanha anterior e 11% acima da média do último quinquénio.

“As condições meteorológicas foram benéficas na fase da floração e vingamento, originando uma carga inicial de azeitona muito elevada”, explica o INE, acrescentando que, “nos olivais regados (e nas situações em que as disponibilidades hídricas permitiram a antecipação do início e o prolongamento do período de rega), verificou-se a maturação de grande parte dos frutos, que apresentaram no lagar um conteúdo de gordura superior ao normal”.

Ao contrário, “nos olivais de sequeiro, que ainda representam cerca de três quartos da área total desta cultura, a situação de seca meteorológica não permitiu o desenvolvimento de toda a carga de azeitonas. No entanto, a precipitação de outubro, ainda que escassa, permitiu alguma recuperação da produção de azeitona e do seu rendimento em azeite”.

No final do mês de Janeiro, nenhuma região do Continente estava em seca, mas 56% do território continental ainda se encontra em seca severa, em especial a sul do Tejo e nas regiões do interior Norte e Centro.

Janeiro caracterizou-se, em termos meteorológicos, como quente e seco. O valor médio da temperatura foi duas décimas superior ao normal, chegando aos nove graus. A quantidade de precipitação foi cerca de 65% da normal, “concentrada na primeira quinzena, sendo o décimo mês consecutivo com valores de precipitação inferiores à normal climatológica (média 1971-2000)”, aponta o INE.

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