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Standard and Poor’s sobe perspetiva de rating do BCP, Santander Totta e BPI e mantém Haitong

“Revimos o outlook do Banco Comercial Português para positivo e reafirmámos os ratings, assim como reafirmámos os ratings do Banco BPI e do Haitong Bank e revimos em alta as nossas avaliações dos seus perfis de crédito stand-alone”, diz a S&P.
13 Março 2024, 17h58

A S&P Global Ratings avançou com várias ações de rating sobre os bancos portugueses face à diminuição dos riscos de financiamento e à melhoria da classificação soberana.

Melhorámos a nossa avaliação do risco económico enfrentado pelo sistema bancário português e vemos agora uma tendência positiva nos nossos ratings de risco económico e setorial.

Em 1 de março de 2024, a S&P Global Ratings elevou a sua classificação de longo prazo de Portugal de ‘BBB+’ para ‘A-‘ e atribuiu uma perspetiva positiva devido a uma melhoria contínua na posição financeira externa de Portugal e no endividamento do setor público.

“Os bancos portugueses fizeram progressos substanciais no reequilíbrio dos seus perfis de financiamento, tornando-se menos arriscados”, refere a agência de rating que justifica a ação de rating do Banco Santander Totta, do Banco BPI e do Banco Comercial Português.

“Reafirmámos os ratings do Haitong Bank e mantivemos a perspetiva estável”, acrescenta a S&P Global Ratings.

“O menor endividamento do setor privado português reduz o risco de crédito”, defende a agência.

O setor privado, tanto as famílias como as empresas, tem vindo a desalavancar há mais de uma década. “Como resultado, a sua alavancagem está agora mais alinhada com a sua capacidade de endividamento, o que deverá ser um bom presságio para o futuro desempenho da qualidade dos activos dos bancos portugueses”, refere a S&P.

“Estimamos que a dívida do setor privado português no fim de 2023 se tenha fixado em 136% do PIB, abaixo dos 162% de há dois anos. Esperamos que esta tendência continue no curto prazo, uma vez que a procura por novos empréstimos provavelmente permanecerá fraca”, prevê a agência de rating.

A desalavancagem também reforçou os perfis de financiamento dos bancos portugueses, com os depósitos de retalho nacionais a emergirem como a principal fonte de financiamento dos bancos e a dependência de fontes externas a manter-se em níveis mais baixos.

“Em 2023, os bancos portugueses reembolsaram cerca de 7 mil milhões de euros de operações de refinanciamento de prazo alargado direcionadas ao Banco Central Europeu, dos quais o saldo remanescente ascende a apenas 4,7 mil milhões de euros, e conseguiram manter uma liquidez sólida desde então”, destaca a S&P.

“Os bancos recorreram aos mercados de capitais estrangeiros apenas ocasionalmente e, sobretudo, para aumentar o seu requisito mínimo de fundos próprios e de passivos elegíveis (MREL), e não para satisfazer necessidades de financiamento puras. No entanto, pensamos que poderiam aceder a esses mercados, se necessário. A atual melhoria da fiabilidade creditícia da dívida soberana de Portugal deverá reforçar a apetência dos investidores pelo risco português, incluindo a dos bancos portugueses”, argumenta a agência.

“Por último, a alteração da política monetária, o enfoque dos bancos na melhoria da eficiência nos últimos anos e a contenção do custo do risco impulsionaram o desempenho dos bancos portugueses”, constata a S&P.

“Por conseguinte, melhorámos a nossa avaliação do risco económico enfrentado pelo sistema bancário português e observamos agora uma tendência positiva nas nossas notações de risco económico e de risco do sector”, refere a agência.

Assim reviram em alta o Outlook do BCP de “estável” para “positivo” e reafirmaram as notações do banco liderado por Miguel Maya.

“Reafirmámos as nossas notações do Banco BPI e do Haitong Bank e revimos em alta as nossas avaliações dos seus perfis de crédito individuais (stand-alone)”, revela também a S&P.

No Banco Comercial Português a S&P diz que “revimos o nosso Outlook de estável para positivo e reafirmámos os nossos ratings em ‘BBB-/A-3’. Também reafirmámos os ratings de contraparte de resolução (resolution counterparty ratings – RCRs) em ‘BBB/A-2′”.

No Banco BPI “confirmámos os ratings ‘BBB+/A-2’ e mantivemos a perspetiva estável. Também reafirmámos os RCRs (resolution counterparty ratings) em ‘BBB+/A-2’. Adicionalmente, revimos o nosso perfil de autonomia de crédito (SACP- stand-alone credit profile (SACP) de ‘bbb-‘ para ‘bbb'” .

No Haitong Bank “reafirmámos os ratings ‘BB/B’ e mantivemos o Outlook negativo”, refere a A&P que acrescenta que “adicionalmente, revimos o stand-alone credit profile (SACP) de ‘b’ para ‘b+’ e retirámos as notações  do seu euro medium-term note program, a pedido do banco”.

“Conforme anunciado anteriormente, em 5 de março de 2024, elevámos os ratings do Banco Santander Totta  imediatamente após a ação de rating sobre o soberano. O Banco Santander Totta viu revisto em alta o rating para ‘A-‘  e com “Outlook Positive”.

“Os empréstimos problemáticos antigos continuaram a ser resolvidos e apenas surgiram limitados novos empréstimos problemáticos”, refere a S&P.

A S&P diz que, ao longo de 2023, o stock de activos problemáticos dos bancos portugueses continuou a diminuir e atingiu os 4,2% em 30 de setembro de 2023, com o custo do risco dos bancos a reduzir-se também para 47 pontos base (pb).

“O impacto do custo de vida mais elevado e das condições de financiamento mais restritivas no desempenho do crédito tem sido insignificante até agora, embora esperemos ver alguns efeitos desfasados este ano”, refere.

“No geral, porém, esperamos que a deterioração futura seja gerível, com as exposições não produtivas dos bancos a aumentarem potencialmente para 4,5%-5,0% em 2024 e 5,0%-5,2% em 2025, e os custos do crédito para 55 pontos base em 2024 e 50 pontos base em 2025. Tal deve-se ao facto de, apesar da desaceleração, o crescimento económico continuar a apoiar o emprego e o custo da dívida para os mutuários permanecer globalmente acessível”, acrescenta.

“Esperamos que a maior parte das hipotecas dos bancos se revele bastante resistente. Simultaneamente, algumas das pequenas e médias empresas (muito provavelmente as que têm um maior grau de alavancagem) e as famílias de baixos rendimentos poderão estar sob pressão (no caso destas últimas, em especial no que respeita às suas obrigações de crédito ao consumo não garantido)”, alerta a agência de rating.

O ambiente favorável das taxas de juro e a sólida eficiência impulsionaram a rendibilidade dos bancos, realça ainda a S&P.

A rendibilidade das instituições de crédito portuguesas melhorou significativamente em 2023, “superando as nossas expectativas” refere a agência acrescentado que o rápido aumento das taxas de juro fez subir significativamente a margem financeira das instituições de crédito (a margem financeira das instituições de crédito atingiu 2,6% nos primeiros nove meses de 2023, em comparação com 1,5% nos primeiros nove meses de 2022), dado que a maioria dos empréstimos é concedida a taxas variáveis.

Os depósitos dos bancos portugueses migraram de depósitos à ordem para depósitos a prazo em maior medida do que noutros países, mas, ainda assim, os bancos conseguiram conter o aumento dos custos de financiamento.

“Além disso, os esforços desenvolvidos nos anos anteriores em matéria de custos foram compensados e o rácio de eficiência continuou a melhorar, estimando-se que seja de 45% no final de setembro de 2023, o que representa uma boa comparação com os seus pares”, refere a agência.

A contenção do custo do risco em 47 pontos base também apoiou os resultados dos bancos.

Como resultado, o sistema bancário português registou uma rendibilidade dos capitais próprios médios de 14,6% nos primeiros nove meses de 2023, o que compara bem com a média de 4,5% registada nos últimos cinco anos, e consideramos que a melhoria é sustentável.

“Com efeito, esperamos que a rendibilidade dos bancos em 2024 permaneça sólida. Por último, salientamos que as diferenças de desempenho anteriormente acentuadas entre pares diminuíram”, acrescenta a agência de rating.

A redução dos riscos económicos melhora as almofadas de capital dos bancos, é outra das análises.

“A nossa revisão da avaliação de risco económico do Banking Industry Country Risk Assessment em Portugal tem, em média, um benefício de 100 pontos de base no nosso cálculo dos rácios de capital ajustado ao risco (RAC) dos bancos, o que significa que os bancos terão almofadas de capital mais amplas para lidar com perdas inesperadas”. O aumento do buffer de capital levou à revisão do stand-alone credit profile (SACP) do Banco BPI, revela a agência.

“Mas as previsões do RAC dos bancos têm ainda mais vantagens, uma vez que vemos agora uma tendência positiva na nossa avaliação dos riscos económicos. Esta tendência positiva pressagia uma diminuição dos desequilíbrios externos, com o mercado imobiliário também a desacelerar devido a condições de financiamento mais restritivas e a medidas governamentais para incentivar a acessibilidade da habitação”, acrescenta.

“Uma potencial melhoria da nossa visão do risco económico ou do risco industrial para o setor bancário português no futuro levaria a uma melhor âncora. Se os desequilíbrios externos reduzissem, ou a nossa visão do financiamento ou da rentabilidade do sistema bancário português melhorasse em relação aos seus pares, poderíamos rever a nossa avaliação dos riscos económicos ou industriais para os bancos que operam em Portugal. Se qualquer um dos dois se materializasse, a âncora ou ponto de partida para a classificação das instituições financeiras com operações principalmente em Portugal melhoraria de ‘bbb-‘ para ‘bbb’. É por isso que revimos para positiva a nossa perspetiva sobre o Banco Comercial Português”, explica a agência.

 

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