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Tomás Correia, Ribeiro Mendes e Godinho de acordo com código de conduta do banco para as eleições do Montepio

Os líderes das três listas candidatas aos órgãos sociais da Associação Mutualista elogiaram a imposição de um código de conduta na Caixa Económica Montepio Geral durante as eleições da sua acionista, que decorrem no próximo dia 7 de dezembro.
  • Cristina Bernardo
20 Novembro 2018, 07h40

Os três líderes das listas candidatas ao Conselho de Administração da Associação Mutualista Montepio Geral, em resposta ao Jornal Económico, elogiaram o código de conduta de Carlos Tavares mas os argumentos invocados é que são diferentes.

O tema é recorrente sempre que a Associação Mutualista Montepio Geral vai a eleições e desta vez também não é exceção. O presidente executivo do banco Caixa Económica Montepio Geral quer que os trabalhadores do banco mantenham uma “atitude equidistante” perante os vários candidatos às eleições para a direção da associação mutualista, actualmente liderada por Tomás Correia, e que se recandidata.

Foi assim em 2015, quando José Félix Morgado era presidente executivo da Caixa Económica Montepio Geral e volta agora a ser assim com Carlos Tavares à frente do banco que vai passar a chamar-se Banco Montepio.

E segundo Tomás Correia, esse procedimento já era aplicado quando os órgãos sociais da Mutualista e da Caixa Económica eram os mesmos.

Segundo o jornal online Eco, que cita uma ordem de serviço que entrou em vigor no dia 16 de novembro, o banco vai punir os trabalhadores que apelarem ao voto ou que usarem telemóveis ou veículos do trabalho para participarem na campanha eleitoral por alguma lista candidata à Associação Mutualista. Segundo a notícia, o trabalhador do Montepio que apelar ao voto no balcão ou usar meios do trabalho para participar em ações de campanha por alguma lista durante as eleições em curso para a Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) vai ser punido pelo banco, por decisão de Carlos Tavares, sem no entanto indicar a punição em caso incumprimento. Serão também castigados aqueles que utilizarem “meios disponibilizados” pelo banco para o exercício de funções laborais, como “correio eletrónico, telefone, acesso à internet e tecnologias semelhantes para troca ou divulgação de mensagens de apoio a um candidato ou a uma lista”. Bem como  quem utilizar viaturas, computadores ou telemóveis colocados ao dispor pelo Montepio com o propósito de “participar em ações de campanha, promover uma lista ou um candidato e a realização de quaisquer iniciativas ou ações relacionadas com o ato eleitoral”.

Carlos Tavares diz ainda, segundo o Eco, que o trabalhador tem o dever de prestar informação aos associados, mas “deve pautar a sua atuação de forma a salvaguardar os mencionados princípios de isenção e independência”, devendo transmitir informação “clara, objetiva e imparcial, abstendo-se de assumir posições a favor de quaisquer candidaturas que estejam em conflito“.

O que diz cada um dos candidatos sobre o facto de Carlos Tavares impôr um código de conduta no Montepio durante as eleições?

Tomás Correia, que lidera a Lista A, disse ao Jornal Económico que esse código de conduta do banco “corresponde ao comportamento que sempre existiu, mesmo quando os órgãos sociais eram os mesmos entre a Caixa Económica e a Associação Mutualista”. Portanto não dá grande relevância à questão uma vez que “sempre assim foi”.

O atual presidente da Associação Mutualista remete ainda para o comunicado da mesa da Assembleia Geral para o Grupo Montepio onde é dito que “a Comissão Eleitoral apela a que todas as formas de promoção das Listas concorrentes e dos candidatos sejam pautadas pelo respeito e consideração que todos os candidatos merecem”. E diz que “é importante que o processo e a campanha eleitoral decorra com a maior elevação e respeito por e entre todos os candidatos”.

Por sua vez, Fernando Ribeiro Mendes, líder da Lista B, disse ao Jornal Económico que “é positivo que a Administração da CEMG dê orientações aos trabalhadores da instituição para garantirem total isenção no processo eleitoral da associação”.

“Esta posição apenas vem confirmar, face ao atual processo eleitoral, que indiretamente tal poderá não ter sucedido em eleições passadas”, realça o candidato ao atual lugar de Tomás Correia .

“Esta atitude da CEMG protege o bom nome de quem trabalha na CEMG e que não se presta a tais atuações. E contribui para efectivar a separação entre Banco e Associação, a qual está instituída pela Lei em contornos ainda não entendidos por todos os Associados”, diz Ribeiro Mendes.

Já o líder da Lista C, António Godinho, diz que “é louvável esta tomada de posição” de  Carlos Tavares. “Mas há três anos e há seis anos houve tomadas de posição semelhantes e foi o que se sabe”, critica António Godinho.

“É igualmente evidente que o simples facto de o CEO da Caixa Económica ter tido necessidade de estabelecer estas regras, e descrever minuciosamente o que não pode ser feito, é um verdadeiro libelo acusatório às práticas eleitorais”, aponta o líder da Lista C. Acrescentando que “de resto, o envolvimento da máquina da Caixa Económica no processo eleitoral não é o único problema, veja-se por exemplo o que se está a passar na comissão eleitoral, controlada por Tomás Correia, que recusa sistematicamente a instauração de qualquer mecanismo de controlo do processo eleitoral”, acusa o líder da Lista C.

É um tema recorrente em cada processo eleitoral, o descontentamento dos concorrentes à lista A pelo que chamam de “instrumentalização dos balcões da Caixa Económica, com kits de voto, de substituição, com os quais os funcionários instrumentalizam o cliente/associado na sua votação”. João Proença, que faz parte da Lista B, manifestou publicamente apreensão pelo modo como o processo eleitoral será conduzido. Mesmo apesar de ter tido a garantia de Carlos Tavares de que o banco iria manter-se equidistante em relação às eleições da sua acionista.

A Lista B chegou a escrever ao ministério que ainda tutela a Associação Mutualista, liderado por Vieira da Silva, a pedir para que “monitorize o processo eleitoral de 7 de dezembro”. Pois a Lista B queixa-se de falta de transparência e de desigualdade no acesso à lista de associados e dos respetivos detalhes, o que enviesa o processo eleitoral.

Tomás Correia acabou mais tarde por ser confrontado com esta crítica e respondeu que “a candidatura institucional não tem acesso a quaisquer dados dos associados”, acrescentando que “o processo eleitoral é conduzido pela Mesa da Assembleia Geral e esta, nos termos dos regulamentos, é assessorada por um membro de cada candidatura”.

A Associação Mutualista Montepio elege um novo presidente a 7 de dezembro.

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