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Tornar o mundo melhor: missão do Rock in Rio cumpre-se há 33 anos

No JE editors Sunset Talks, Roberta Medina falou da história de um dos maiores festivais do mundo que, afinal, é a da sua família.
4 Outubro 2018, 07h15

Já lá vão 33 anos desde o nascimento do Rock in Rio (RIR). Os anos tenros do festival, cruzam-se com a infância de Roberta Medina. Afinal, foi a visão extraordinária do pai, Roberto Medina, que fez nascer um evento destinado a promover a cidade maravilhosa e dar voz à juventude brasileira.

“O Rock in Rio nasce num momento conturbado no Brasil. A gente estava saindo da ditadura militar, lutando por liberdade de expressão e há muito que o meu pai queria sair do país. E por uma provocação da minha mãe que disse: você não pode ir embora sem fazer algo pelo seu país. Ele então acorda com o Rock in Rio desenhado. Um evento que nasce com o propósito de fazer o Rio de Janeiro um lugar melhor e dar voz a toda uma geração, utilizando a música como plataforma de expressão. Quando conseguimos silenciar mais de 500 canais de televisão e 3000 canais de rádio por um momento para falar de um mundo melhor, esse é o meu Rock in Rio, que me convence até hoje”.

Mas nem todas as lembranças são felizes. Roberta recorda as duas primeiras edições e o peso que tiveram na família. Sim, tinham conseguido mudar o mercado do entretenimento e elevar a marca, mas a estrutura política da época decidiu reaver o terreno onde, supostamente, o festival iria continuar, causando prejuízo económico para a organização. Os anos que se seguiram foram de equilíbrio de contas e de renovação da esperança.

Houve um hiato de 10 anos e, em 2001, na terceira edição do Rock in Rio, Roberta ficou rendida a esta história de amor. Fez-se magia. Começava um ciclo favorável que se mantém até hoje. O Rock in Rio é uma marca global e um dos maiores festivais de música do planeta.

E Roberta passou a liderar, assumindo o cargo de Vice-presidente executiva do Rock in Rio e tornando-se um dos rostos mais conhecidos da marca.

O trabalho transformou a sua vida em muitos aspectos, até na adopção de uma cultura que até 2004 quase desconhecia.

Foi nesse ano que, para organizar o primeiro RIR fora do Brasil, vem para Portugal por largos períodos de tempo. Uma mudança que diz ter sido fácil, pois havia um objectivo muito claro. Os estereótipos que tinha do país foram quebrados e acabou por se apaixonar por Portugal.

“Escolhi ficar. A maior riqueza desse país é que as pessoas são do bem. Os brasileiros também são do bem, mas vivem numa estrutura social que provoca disputa e desequilíbrio. Aqui as pessoas só querem ajudar e não atrapalhar. Isso tem um valor imenso.”

Lisboa passou a ser a casa de Roberta. Entretanto a família cresceu e quase 15 anos depois de ter atravessado o atlântico, continua por Lisboa e agora com família portuguesa.

A capital já recebeu 8 edições do RIR. Mais difícil do que a mudança pessoal da Vice-presidente executiva do RIR, foi “transportar” um evento muito enraizado na cultura brasileira para fora do país. O segredo, segundo Roberta, é encontrar um ponto de união entre a cultura do país de origem, a cultura do país para onde vão e, finalmente, criar uma linguagem própria do Rock in Rio em cada local.

No entanto, a missão primordial é transversal e permanece clara: fazer pessoas felizes, num planeta saudável, utilizando a música como veículo de comunicação.

O lado social também cresceu e muito. As campanhas “Amazonia Live” e “Está Tudo Conectado”, são apenas duas campanhas de sucesso num forte compromisso social estreitamente ligado ao RIR.

Foi a partir da terceira edição, no Rio de Janeiro, que se consolidou o projeto “Por um Mundo Melhor”. A ideia é usar a força do festival para motivar as pessoas a procurar melhorias de vida através de mudanças no quotidiano. Desde então, mais de 33 milhões de euros já foram investidos em ações tão diversas como a plantação de árvores, construção de escolas e centros de saúde, educação de jovens, instalação de painéis solares, formação pessoal, entre outros. Além disso, a organização modernizou-se para diminuir o impacto ambiental das suas ações. Em 2013, obteve pela primeira vez a certificação ISO 20121 – Eventos Sustentáveis.

Tudo isto é levado em conta para que quando abrem as portas, o sorriso do público nesta experiência seja constante. Roberta realça que a maior preocupação é a satisfação total de quem vai ao RIR. Talvez por isso, e ao contrário do que se possa pensar, a Vice-presidente executiva não para durante os dias de festival. O nível de responsabilidade não permite aproveitar a festa como gostaria e a disponibilidade tem de ser total.

Mas há uma regra: “Não dá para curtir, mas todo o mundo que faz o Rock in Rio tem de parar pelo menos 30 segundos e absorver tudo o que está a acontecer. Ver o sorriso e o brilho na cara das pessoas. É isso que justifica todo o esforço de fazer um evento desta dimensão.”

Por falar em sorrisos, em quase três décadas de RIR, quase 10 milhões de pessoas já viveram a experiência do festival megalómano. A cada ano que passa, são mais as atrações, as inovações, as sensações. Mas a essência está a música e é em palco que surgem, muitas vezes de forma inusitada, momentos que se tornam épicos.

Mesmo com uma lista longa de episódios memoráveis, a empresária consegue eleger alguns.

“Lembro-me do Bruce Springsteen subir ao palco para tocar com os Rolling Stones. Foi uma absoluta surpresa. Para mim os momentos mais marcantes são os da plateia. Teve um momento do artista Dinho Ouro Preto, que pediu para ver 200 mil mãos no ar gerando uma energia tão poderosa e transformadora. Ou aquele momento deste ano com os Xutos e Pontapés celebrando o futuro, a vida e com a saudade presente. Foi muito bonito.”

Para quem assumiu que não tinha paixão pelo RIR, Roberta conseguiu apaixonar-se de forma intensa e honrar o sonho do pai.

Aliás, é ele que continua a inspirar a organização e a contribuir com ideias. O espaço para a relação pai e filha é distinto daquele que existe entre empresário e Vice-presidente executiva.

“Ele é o nosso guru e ter um homem assim por perto é um privilégio. Muitas vezes olhamos para uma ideia e ele chega e essa ideia se torna espetacular. A participação dele é muito rica e intensa. O Rock in Rio é um reflexo das suas ideias.”

Para o ano há Rio de Janeiro e em 2020 Lisboa e Alemanha. O segredo é a alma de qualquer negócio, e o entretenimento segue a regra. A empresária apenas despertou a curiosidade.

“Posso dizer que 2019 não vai ser só Rio de janeiro. Tem muita coisa para rolar e vem aí muita festa.”

Certeza há só uma, Roberta Medina não vai descansar para tornar o mundo melhor. O sol já se tinha posto e ainda havia uma “conference call” para fazer com o Brasil. Para nós, o dia acabou ali e bem melhor.

 

Este conteúdo patrocinado foi produzido em colaboração com a ASUS.

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