[weglot_switcher]

Um em cada dez portugueses na internet lê jornais ou revistas no WhatsApp

90% dos utilizadores de internet em Portugal usam o WhatsApp e um em cada dez admite receber e ler jornais ou revistas na aplicação, concluiu um estudo da Netsonda feito online. Nos últimos anos tem vindo a intensificar-se esta “pirataria”, que em muito lesa as editoras e o Estado.
8 Abril 2022, 17h30

Quase 90% dos utilizadores de internet em Portugal utilizam o WhatsApp e 10% recebem e leem jornais ou revistas através desta aplicação, sobretudo, os jornais diários e as revistas de televisão e de sociedade, segundo um estudo da Netsonda.

“De acordo com este estudo, 89% dos utilizadores de internet em Portugal utilizam atualmente a aplicação WhatsApp e 10% recebem e leem jornais ou revistas através desta plataforma”, indicou, em comunicado, a Netsonda. Os jornais diários (12%) e as revistas TV e cor-de-rosa (10%) são os mais lidos e partilhados na aplicação.

Por outro lado, o WhatsApp potencializa até 6,5 vezes o alcance dos jornais e revistas em Portugal, sobretudo nos jornais desportivos, revistas de motores e de grande informação, quando comparados com os números das versões impressas.

O estudo concluiu ainda que, considerando o número médio de jornais e revistas impressos e as leituras através do WhatsApp, os económicos, as revistas de motores, os desportivos e as revistas de grande informação são os que apresentam um maior crescimento em termos de partilha e leitura na aplicação.

As estimativas apontam para um crescimento de 645% nos jornais económicos, considerando o universo total de publicações impressas e as partilhadas através da aplicação, face ao número de impressões médias mensais.

Prevê-se ainda um aumento de 550% nas revistas de motores, 539% nos jornais desportivos e 492% nas revistas de grande informação com a leitura online e via WhatsApp. No sentido oposto, as revistas de TV e cor-de-rosa apresentam um menor crescimento (127%) com a leitura online.

Este resultado foi impactado “pela baixa variação entre o número médio de impressões semanais e as leituras via WhatsApp”.

No caso dos jornais semanários, o alcance provocado pela aplicação permite um ganho de 181%, em comparação com a média de impressões semanais.

Para a realização deste estudo foi tida em conta uma amostra 470 entrevistas, feitas online, a indivíduos com mais de 18 anos, com uma margem de erro de 4,52%. Do total, 52% dos entrevistados são homens e 48% mulheres. A faixa etária com maior representação é a dos 35-44 anos (26%), seguida pela dos 25-34 anos (23%), 45-54 anos (22%), 18-24 (13%), 55-64 (11%) e 65 ou mais (6%).

Combate à pirataria 

Nos últimos anos tem vindo a intensificar-se a “pirataria” de jornais e revistas. Estes são partilhados ilegalmente nas redes sociais, com principal foco no WhatsApp e Telegram.

A distribuição pirata de jornais e revistas através de aplicações de conversação como o ​​​​​​​Telegram terá lesado as empresas portuguesas em mais de 25,5 milhões de euros nos primeiros sete meses de 2021 e o Estado em mais de 1,5 milhões.

Os cálculos são da organização coletiva de direitos nomeadamente das empresas Visapress, que tem estado a monitorizar a partilha de versões digitais (em formato pdf) das edições integrais de jornais e revistas pelos principais grupos no Telegram que se dedicam a esta atividade ilícita, na medida em que esta “distribuição” não é paga às empresas editoras e nem sequer possui autorização.

De acordo com os dados da entidade responsável pela gestão coletiva dos direitos de autor imanentes dos jornais, revistas e jornalistas, recolhidos junto dos principais grupos de Telegram que se dedicam à partilha de publicações distribuídas em Portugal, “foi também possível perceber que em média, por dia, são partilhadas (nas redes sociais) 88 publicações”.

A Visapress interpôs uma Providência Cautelar contra o Telegram em novembro de 2020, e lembrou a necessidade de aprovar o Projeto-Lei 706, para combate à pirataria, que está a ser discutido na especialidade na Assembleia da República.

 

 

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.