Rogério Alves: Elina Fraga deu “um exemplo nocivo e daninho da judicialização da política”

O advogado Rogério Alves diz ter ficado perplexo com a escolha de Elina Fraga para vice-presidente do Partido Social Democrata (PSD), tendo em conta que esta foi uma das vozes mais críticas às medidas tomadas no campo da Justiça pelo anterior Governo social-democrata. Em entrevista ao ‘Diário de Notícias’, Rogério Alves diz concordar com o novo presidente do PSD, Rui Rio, quando este afirma que é preciso uma reforma na justiça e acredita que a escolha de Elina Fraga revela uma mudança de estratégia do PSD no que toca à Justiça.

“Fiquei absolutamente perplexo com a escolha da Elina Fraga, não pela pessoa em si, mas porque sempre criticou a política de justiça do Governo do PSD”, admite Rogério Alves. “Se Elina Fraga sempre criticou – às vezes de forma ácida – as políticas de justiça do Governo do PSD, ficamos a saber é que a tal reforma da justiça, que ainda não foi revelada, não será aquela que foi dirigida no Governo do Passos Coelho”, defende.

Rogério Alves lembra que Elina Fraga chegou a avançar com um processo contra o Governo de Passos Coelho pela alteração ao mapa judiciário e, durante anos, criticou muitos aspetos da política de justiça. O advogado diz que a atitude da ex-bastonária da Ordem dos Advogados foi “um exemplo nocivo e daninho da judicialização da política” e interroga-se sobre o que terá acontecido à queixa apresentada por Elina Fraga.

“[Elina Fraga] não só foi uma crítica acérrima face a um governo do PSD como atingiu algumas epifanias, em alguns momentos épicos e até inéditos de ataque a esse Governo. Confesso que, como cidadão, fico um pouco confuso com essas coisas”, afirma.

Sobre a reforma na Justiça que Rui Rio definiu como uma das suas prioridades na liderança do PSD, Rogério Alves diz que são precisas medidas mais concretas. “As pessoas dizem: o país precisa de uma reforma da Justiça. Está bem, mas uma reforma em que sentido e para fazer o quê? Qual é a reforma da justiça em que Rui Rio está a pensar para convidar Elina Fraga ou outra pessoa qualquer?”, questiona o advogado.