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“A Polónia é já o maior mercado internacional da SIBS em volume de faturação”

Em entrevista ao Jornal Económico, Hugo Araújo, diretor da unidade SIBS Internacional, explica como o mercado polaco se tornou fulcral para a expansão internacional do Grupo SIBS. Dona de 88% da polaca Paytel, a SIBS processou em junho mais de 10 milhões de transações por mês, o que corresponde a um valor mensal de pagamentos superior a 100 milhões de euros na Polónia, país que tem um “potencial de crescimento enorme”.
3 Julho 2020, 08h00

Entrou na Polónia em 2008 e foi depois da aquisição da Paytel, uma empresa polaca especializada em serviços de aceitação de cartão, que este mercado ganhou mais relevância no Grupo SIBS, que também está presente em mais 11 mercados internacionais europeus e africanos.

No ano passado, cerca de 9% das receitas consolidadas do Grupo SIBS foram geradas pela Paytel, o que representa um volume de faturação na ordem dos 20 milhões de euros. Ao Jornal Económico (JE), Hugo Araújo, diretor da unidade SIBS Internacional, salientou que “a Polónia é já o maior mercado internacional da SIBS em volume de faturação”.

A importância do mercado polaco para o grupo português liderado por Madalena Cascais Tomé é evidente quando comparado com o peso que os outros mercados têm na faturação da empresa portuguesa. “Os restantes mercados onde a SIBS está presente representam sensivelmente um volume de faturação de aproximadamente oito milhões de euros”, adiantou Hugo Araújo.

A SIBS assumiu a gestão da Paytel em 2018, num processo de aquisição faseado em três anos. Atualmente, a empresa portuguesa, gestora da rede Multibanco, detém 88% da empresa polaca especializada em serviços de aceitação de cartão, com a conclusão do processo prevista para o próximo ano.

Com uma economia em crescimento, a Polónia é um mercado estratégico para catapultar a expansão internacional da SIBS. Hugo Araújo destacou que, além de ser um mercado com uma dimensão de “cerca de quatro vezes” superior à do mercado português, apresenta um “potencial de crescimento enorme” para a SIBS.

Com o objetivo de impulsionar a digitalização de pagamentos na Polónia, o governo polaco lançou um programa “muito fore”, que se enquadra “num plano mais abrangente de digitalização da economia e de combate à informalidade”, e que poderá reforçar ainda mais a importância do mercado polaco para o Grupo SIBS. Aliado ao crescimento da economia, este programa faz com Hugo Araújo acredite num “ritmo de crescimento de dois dígitos nos próximos anos no volume total de pagamentos digitais, crescimento para o qual queremos continuar a contribuir e aproveitar este momento ativamente” na Polónia, vincou.

Só com a Paytel, a SIBS tem, desde junho, mais de 50 mil terminais instalados no país, onde processa mais de 10 milhões de transações por mês, o que corresponde “a um valor mensal de pagamentos superior a 100 milhões de euros”, referiu Hugo Araújo. “Em cerca de dois anos, praticamente dobrámos a escala da Paytel”, reforçou.

“Estamos a crescer num ritmo acelerado e acima do mercado e, portanto, a ganhar quota à concorrência, que é muito dinâmica e onde se incluem alguns dos grandes players mundiais. Temos estado sustentadamente ao longo deste período no top 3 das principais empresas do mercado na angariação de novos comerciantes e na colocação de terminais eletrónicos de pagamentos, contribuindo de forma decisiva para a digitalização dos pagamentos na Polónia”, frisou Hugo Araújo.

O Grupo SIBS quer manter-se “no top dos maiores operadores de pagamentos”, o que o leva a ter de crescer além fronteiras. “A nossa estratégia internacional passa sobretudo por reforçar a presença nos mercados de grande potencial onde já estamos, na Europa e em África, com uma aposta consolidada na Polónia para acelerar esse crescimento”, explicou o diretor da SIBS Internacional.

Para a Polónia, está previsto para este ano um “ambicioso pipeline de produtos”. Estes, passam não apenas por “uma nova linha completa de novos terminais de pagamento”, que já foi lançada, mas também pelo investimento “em soluções cada vez mais digitais”, revelou Hugo Araújo. “Em breve, vamos lançar um piloto de um terminal com uma plataforma Android”.

Covid-19 impulsiona digitalização de pagamentos

Hugo Araújo considera que a pandemia provocou uma alteração de comportamentos “avassaladora”.

“Tem-se verificado um crescimento substancial da digitalização dos processos e uma maior utilização dos pagamentos eletrónicos e do comércio digital, onde teremos, nos próximos anos, um desenvolvimento exponencial”, adiantou.

Contas feitas, o diretor da SIBS Internacional explicou que durante as semanas de maior confinamento, os dados da SIBS Analytics demonstraram que o peso do e-commerce subiu de 9%, em janeiro e fevereiro, para 14%, estando agora nos 11%.

Já durante o período da retoma económica, Hugo Araújo destacou que o MB Way se tornou num método “fundamental” de pagamento em Portugal, tendo atingido valores “recorde”. “A sua utilização [registou] um crescimento de 90% no número médio de compras quando comparada com o período antes da pandemia”, explicou.

Hugo Araújo deixou ainda um alerta. O consumo no país está com uma quebra de 25% face ao que seria expectável para esta altura do ano, “com uma estimativa de transações perdidas no período de pandemia (entre março e junho) de oito mil milhões de euros, equivalente a cerca de 200 milhões de transações”.

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