O advogado José Miguel Júdice acredita que “a crise da direita” irá manter-se, não vislumbrando que esta chegue ao poder antes de 2027. No caso de uma crise internacional, antecipa que o Governo pode sair reforçado.
“A direita vai entrar em profunda crise nos próximos anos”, disse José Miguel Júdice, na conferência “O Orçamento do Estado 2020: enquadramento político e económico”, organizada pelo Forum para a Competitividade, em Lisboa, numa intervenção sobre o quadro político pós-eleitoral.
Sobre o PSD, considerou que “mesmo que ganhe Rui Rio, Luís Montenegro ou Miguel Pinto Luz a tensão interna vai acontecer”, enquanto para o “CDS a coisa é semelhante, com a agravante de estar pequenino”. Neste sentido, acredita que “vamos ter um governo que vai ser mais do mesmo, mas talvez um bocadinho mais sofisticado”.
“Acho improvável que a direita tenha qualquer hipótese de chegar ao poder antes de 2027” afirmou José Miguel Júdice, sublinhando que a direita terá de ganhar mais 28 deputados em 2023 “para poder aspirar a governar”.
“O PS não tem interesse em tentar crescer para a direita, porque provavelmente pensa, como eu, que é improvável que a direita baixe mais. Vai tentar conquistar votos à esquerda, onde eles são mais conquistáveis: ao Livre, ao PAN e ao Bloco de Esquerda.”, acrescentou, vaticinando que os socialistas “não têm qualquer interesse em tentar antecipar as eleições”.
O advogado sublinhou que os resultados das eleições legislativas de 6 de outubro resultaram numa “clara maioria de esquerda”, com a “nunca a direita tinha sido tão fraca”, dando origem a uma “grande bipolaridade”, com apenas menos um deputado do que em 2015. No entanto, para José Miguel Júdice este cenário não significa que tudo se manteve, destacando a entrada no sistema de “três partidos novos, que por razões diversas nenhum deles vai desaparecer”. “É provável que tenhamos que viver com um sistema com nove partidos”.
“Nunca mais voltará a haver maioria absoluta de um só partido. O PS nunca teve condições tão boas como as que teve agora e não passou dos 36%”, realçou. “A tendência para o crescimento dos pequenos partidos é provável”.
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