[weglot_switcher]

Acionista dos CTT Gestmin diz que maus resultados foram uma surpresa, mas acredita no plano de reestruturação

O presidente executivo da Gestmin, acionista de referência dos CTT, diz, em entrevista ao “Jornal de Negócios” que houve uma surpresa com a deterioração dos resultados da empresa de serviço postal, no terceiro trimestre do ano passado, mas acredita na eficácia do plano de recuperação que foi definido.
  • João Bento, presidente executivo dos CTT
22 Fevereiro 2018, 09h09

O presidente executivo da Gestmin, acionista de referência dos CTT, diz que houve uma surpresa com a deterioração dos resultados da empresa de serviço postal, no terceiro trimestre do ano passado, mas acredita na eficácia do plano de recuperação que foi definido.

Os CTT – Correios de Portugal apresentaram resultados dos primeiros nove meses a 1 de novembro, informando o mercado de uma queda de 58% do lucro, para 19,5 milhões de euros, pior do que o esperado, em consequência de fracos volumes de correio, levando o operador postal a cortar em 20 pct o ‘guidance’ de EBITDA estável em 2017. De seguida, dadas as novas perspectivas para os resultados antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA), a administração propõe um corte no dividendo, de 48 para 38 cêntimos, e avança para uma reestruturação de custos “considerável”. O mercado reagiu em baixa e os títulos chegaram a estar a perder mais de 20% numa sessão.

Em entrevista ao “Jornal de Negócios”, o presidente executivo da Gestmin diz que “não devia haver surpresas destas em empresas nenhuma” e avisa que a gestão devia ter tomado consciência da situação “mais cedo” e ajustado a empresa aos desafios que se colocavam.

“O correio está a cair, e em Portugal provavelmente vai cair mais do que noutros países. E o que é que a empresa tem de fazer? Tem de ser capaz de crescer e desenvolver-se”, afirmou João Bento, acrescentando, no entanto, que “o plano [de reestruturação] procurou responder de forma adequada a uma quebra que indesejavelmente foi inesperada”.

Desde novembro, a empresa liderada por Francisco Lacerda perdeu um terço do valor.

A Gestmin tem uma participação de cerca de 12,5% nos CTT e tem reforçado aposição, aproveitando, segundo João Bento, a evolução em baixa da cotação dos títulso da empresa. “Não achamos que a cotação atual reflita o valor da empresa”, diz, acrescentando, ainda que o reforço da Gestmin é “um sinal de que” acredita no plano de reestruturação.

Em entrevista à jornalista Alexandra Machado, João Bento afirma, também, que o acionista está confortável com a atual equipa de gestão dos CTT, depois da substituição do administrador financeiro e da redistribuição das responsabilidades entre os membros.

Sobre as propostas de reversão da privatização dos CTT – pedidas pelos partidos de esquerda e que esta quinta feira estarão em discussão no parlamento – João Bento diz que no serviço postal não tem de haver um exclusivo do Estado nem dos privados. Considera que o “o Estado tem o poder de negociar e impor um contrato”, mas, acrescenta: “É verdade que, ao contrário de outros casos em que é fácil ir ao mercado e procurar concorrentes, neste caso os CTT têm a tecnologia, a infraestrutura, as pessoas, as competências”.

João Bento afirma que o serviço postal universal nos CTT é considerado essencial pela Gestmin, mas avisa que deve haver razoabilidade na imposição de critérios de qualidade.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.