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Altri: Com sector do papel em alta, banco de investimento altera recomendação de ‘venda’ para ‘compra’

O condicionalismo dos mercados internacionais – nomeadamente as dificuldades do transporte no Mar Vermelho – coloca as empresas do sector do papel em alta. E a Altri é uma delas.
17 Abril 2024, 12h46

O mercado de celulose (BHKP) sofreu recentemente a pior queda dos últimos 20 anos: os preços líquidos caíram 45% até ao pico ao mínimo depois de o mercado ser ‘inundado’ pela produção chinesa. No entanto, segundo uma nota de research do banco de investimento Bestinver, “a postura negativa que tínhamos em 2023” alterou-se “pois acreditamos que a perspetiva agora é brilhante. A procura é forte, impulsionada principalmente pela China e pela Europa. O mercado de impressão fez um regresso surpreendente”. Além disso, refere ainda o research, “os stocks estão atualmente abaixo da média ou em níveis historicamente baixos”.

“O crescimento da oferta continua a ser um risco, mas um crescimento da procura superior ao previsto deverá compensá-lo. Concluindo, pela primeira vez desde o final de 2021, estamos no início de um período em que os preços serão elevados e sustentáveis durante os próximos três a quatro anos”.

De 2006 a 2021, “ocorreram cinco altos e baixos nos preços do BHKP, mas prevemos uma alta de 55% nos preços do BHKP na União Europeia até 2026, enquanto os custos vão cair, impulsionando o impulso dos lucros dos produtores da indústria”.

Além disso, a interrupção das importações da Ásia para a Europa, devido à crise do Mar Vermelho, causou um rápido e profundo processo de falta de stocks na Europa, apertando o mercado local ainda mais, com vários produtores anunciando aumentos de preços para o segundo trimestre do ano. Os preços já subiram 2% no acumulado do ano. Assim, esperamos que os preços do papel subam cerca de 30% até 2026.

Neste quadro, o produtor português da Navigator (player diversificado de celulose, papel, embalagem e tissue) e da Iberpapel (player de papel) estão, segundo a consultora, em alta. “A Altri é de uma forma muito convincente uma das empresas que podem aproveitar o aumento dos preços europeus do BHKP”.

O banco de investimento adianta que “prevemos que o EBITDA da Altri cresça 66% em 2024, 12% em 2025 e 21% em 2026, enquanto as margens aumentariam de 17% em 2023 para 32% em 2026. Na nossa opinião, o consenso precisa ajustar em alta as previsões para 2024-25”.

“A rentabilidade da Altri deverá também atingir máximos históricos. A Altri teve um ROCE médio (antes de impostos) de 12% na última década. Para 2024-26, esperamos que a Altri produza um ROCE de 15% a 23%. Os níveis de dívida líquida/EBITDA serão baixos em 2024-26, em 1,4-0,4x, respetivamente. Esta situação deverá permitir à empresa melhorar a remuneração dos acionistas”.

“Em termos históricos, as ações da Altri estão baratas. Se pegarmos na capitalização bolsista atual da Altri (1,5 mil milhões de euros) e o dividirmos pelo EBITDA médio de três anos, obtemos um múltiplo de 6,9x, que compara a uma média histórica de 7,5x”. “Consideramos que o Altri representa a forma mais pura de aproveitar a retoma do ciclo da pasta. A sua forte alavancagem operacional e os retornos acima do mercado em que opera deverão permitir à empresa superar o desempenho do sector nos próximos anos”.

Neste contexto, conclui o banco de investimento, “atualizamos a nossa recomendação sobre a Altri de ‘venda’ para ‘compra e aumentámos a nossa faixa de avaliação de 3,4-3,5€/ação a 7-7,1€/ação”. As ações subiram 25% no ano passado, mas tiveram um desempenho globalmente em linha com o sector. “Esperamos que a Altri apresentará um desempenho superior no futuro”.

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