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Ana Gomes quer “regenerar as instituições da democracia”

Para a antiga eurodeputada, a “crise de confiança na própria democracia” explica “a ascensão dos movimentos extremistas de extrema direita que querem destruir a democracia”.
  • Cristina Bernardo
8 Outubro 2020, 12h04

A candidata presidencial Ana Gomes explicou esta quinta-feira, 8 de outubro, que pretende “regenerar as instituições da democracia” e que lutará sempre contra a ditadura, mas também contra “os compadrios, contra as clientelas, contra a corrupção”.

“Quero reformar, regenerar as instituições da democracia e não posso abstrair de que o facto de boa parte da subida dos perigosos populistas, designadamente à extrema direita com desígnios de destruir a democracia, só acontece porque há muitos dentro do sistema democrático preferem tapar os olhos e não ver e continuar a ver certas coisas passar-se”, assegurou  antiga eurodeputada em entrevista à “Rádio Renascença” e “jornal Público”.

Ana Gomes contou que viveu a ditadura e que embora fosse jovem na altura “lutou contra” o regime iniciado por António de Oliveira Salazar e continuado por Marcelo Caetano. A candidata a Belém, promete lutar contra “qualquer tipo de ditadura neste país, agora convém não abrirmos a porta aos inimigos da democracia e não ver os problemas graves que fazem muitos cidadãos hoje sobretudo em tempos de crise de grave crise económica”.

Para a antiga eurodeputada, a “crise de confiança na própria democracia” explica “a ascensão desses movimentos extremistas de extrema direita que querem destruir a democracia”.

Sobre o possível apoio do Partido Socialista (PS), a ser definido ainda este mês, Ana Gomes contou que tem “falado com vários membros do Governo” e que estes lhe “disseram que me apoiariam, naturalmente democraticamente estou à espera que o partido socialista decida”.

“Esperei durante algum tempo que o partido se definisse, não o tendo feito, eu decidi avançar e agora não quero de maneira nenhuma interferir numa decisão do próprio partido socialista”, explicou a militante do PS considerando ter “confiança que as pessoas sabem pensar pela própria cabeça, os militantes socialistas sabem usar a sua cabeça  e acho que não deve interferir na decisão que o partido vai tomando”.

Ana Gomes recordou as palavras do ministro das infraestruturas, Pedro Nuno Santos a 30 de setembro, em entrevista à TVI que rejeitou os comentários do ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva sobre a candidata não merecer o apoio do PS. “Quem apoia são os órgãos do partido, não é o Governo nem são os membros do Governo que decidem quem apoia ou deixa de apoiar. É mesmo o PS que decide”, disse Pedro Nuno Santos.

“O ministro Nuno Santos ainda recentemente afirmou: não é nenhum membro do governo, nem é nenhum militante sozinho por mais responsável que seja, designadamente o secretário geral que pode prescindir de ouvir os órgãos do partido, é isso que é democrático”, lembrou Ana Gomes.

Quanto a ser considerada extremista, a antiga eurodeputada frisou que “todos os militantes tem direito a ter a sua opinião a meu respeito, não aceito a imagem de extremista, aceito que em muitas questões sou radical, sim, contra o compadrios, contra as clientelas, contra a corrupção”, acrescentando que “se isso leva algumas pessoas a considerar-me extremista, o problema é delas”.

Uma resposta a Augusto Santos Silva, que em entrevista à rádio Renascença, a 1 de outubro, destacou que “há extremismos na vida política. Já temos bem presente no debate político um extremismo que põe como objetivo mudar o regime e num sentido não democrático e trazer para Portugal discussões moralmente repugnantes. Esse extremismo deve ser combatido com a força da moderação. Espero que surja uma candidatura suficientemente abrangente para que a grande maioria do eleitorado se reveja”.

Ana Gomes rejeita ser extremista, mas sobre o populismo afirma que “se populismo é ouvir o que dizem as pessoas, então serei populista”, assegurando que não pretende dividir o país entre “os políticos e nós, o resto do povo”.

 

 

 

 

 

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