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Assunção Cristas: “Se os deixarmos, acabaremos com um SNS maravilhoso no papel”

Líder do CDS-PP critica esquerda por fazer do Serviço Nacional de Saúde um “refém” do seu debate ideológico. E aponta “preguiça” do Governo como a causa da queda de Portugal no ranking da competitividade, prometendo apresentar soluções no seu Programa de Governo.
  • Cristina Bernardo
4 Junho 2019, 13h00

A presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, realçou nesta terça-feira, no encerramento das jornadas parlamentares que decorreram no Porto, que a apresentação de uma primeira proposta do Programa de Governo sobre o recurso a privados em caso de demora excessiva na marcação de primeiras consultas de especialidade nos hospitais públicos não foi uma coincidência. “Não começámos na saúde por acaso. Foi um dos temas a que o CDS se dedicou mais nesta legislatura”, disse a líder partidária.

No seu discurso, não poupou críticas à forma como o Governo e os seus parceiros parlamentares lidaram com “uma área que está permanentemente refém do debate ideológico da esquerda, mais preocupada em discutir as PPP do que o acesso concreto à saúde”. “Se os deixarmos, acabaremos com um SNS maravilhoso no papel, depauperado na realidade e sem capacidade de receber mais doentes”, afirmou a presidente do CDS-PP.

A este diagnóstico muito reservado, Cristas contrapôs a proposta “sensata” e “pragmática” de abrir a escolha a qualquer hospital, mesmo sendo privado ou do setor social, quando o tempo de espera pela primeira consulta de especialidade ultrapassar um limite máximo  na unidade hospitalar de referência de cada utente. “Trata-se aqui de importar o mesmo modelo que foi adotado para as cirurgias e que tem provado ser bom”, disse.

Depois do mau resultado nas eleições europeias, nas quais o CDS-PP teve apenas 6,2 por cento dos votos e falhou o objetivo de eleger o número dois da lista, Pedro Mota Soares, Assunção Cristas aproveitou o encerramento das jornadas parlamentares para, por entre elogios à “oposição presente e acutilante” dos atuais deputados centristas, lançar as linhas gerais do Programa de Governo para as legislativas.

“Vivemos hoje num mundo em mudança permanente. Uma economia cada vez mais global e veloz. Uma economia cada vez mais digital, a exigir novas competências, muito mais aberta à concorrência e ao novo. Um desafio demográfico persistente, um planeta atravessado pelo desafio climático, que exige resposta e adaptação por parte dos países e das pessoas”, enumerou, garantindo que a proposta política que será apresentada “é precisamente uma resposta aos desafios que temos pela frente”, através de “soluções que prepararão o país e os portugueses para vencerem os desafios deste mundo em mudança”.

Algo que, no entender de Assunção Cristas, não está a ser feito pelo Executivo de António Costa. “Estamos a ficar menos competitivos à conta da preguiça do Governo”, denunciou, apontando o dedo à queda de Portugal no relatório mundial de competitividade e garantindo que “os partidos à nossa esquerda não sabem lidar com a mudança”.

Sem revelar mais acerca do Programa de Governo, Cristas deixou a promessa que “ao longo das próximas semanas” serão apresentadas propostas relativas a uma série de áreas que identificou. E que, além da educação, saúde, formação profissional, ciência, segurança, desburocratização, emprego, apoio à família, empreendedorismo, atenção aos mais velhos e incentivo ao talento e ao mérito, também incluem as alterações climáticas.

 

 

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